Silvio Almeida destaca ações de resgate da memória de africanos escravizados no Brasil para o Novembro Negro
Ministro participou, nesta segunda (6), de reunião interministerial liderada pela ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, para afinar lançamento de políticas afirmativas para população negra ao longo do mês
O mês de novembro será marcado por uma série de ações afirmativas para a população negra do Brasil por meio do governo federal. Pela primeira vez, o país terá um mês inteiro para refletir a respeito da Consciência Negra, marcada pelo dia 20. Nesta segunda-feira (6), uma reunião interministerial serviu para ajustar os preparativos das entregas com a presença do ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), Silvio Almeida, sob liderança da ministra da Igualdade Racial (MIR), Anielle Franco, em Brasília (DF).
Iniciativa transversal do Poder Executivo, a agenda também contou com a participação da ministra das Mulheres, Cida Gonçalves; da ministra substituta do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Público, Cristina Mori; além dos ministros do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira; e do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias.
As ações que serão lançadas versam sobre temas como memória e reparação, igualdade étnico-racial, direitos das comunidades quilombolas, violência contra mulher negra, segurança alimentar e reforma agrária.
Durante o encontro, Silvio Almeida comunicou que o MDHC lançará um conjunto de ações que resgatam a memória dos povos negros e escravizados no Brasil por meio da publicação de materiais didáticos produzidos por pessoas negros, além do reconhecimento e marcação de locais relevantes na memória dos africanos escravizados.
O ministro também ressaltou que resgatar a memória é passo fundamental para reparação e não-repetição das violações de direitos sofridas pela população negra desde a escravidão. “A ditadura é resultado de um país que nunca prestou contas com a escravidão; ou seja, existe um ambiente político infenso à democracia, infenso à liberdade dos trabalhadores”, apontou o titular do MDHC.
Em sua fala, o ministro explicou que tal herança nociva e hostil cria um terreno fértil para golpes de Estado. “Então, é um país atravessado pelo autoritarismo, pela dependência econômica, pela desigualdade profunda, e pelo racismo. São elementos que estruturam a sociedade brasileira, por isso, as políticas de memória são muito importantes”, enfatizou.
Pelo MDHC, a coordenadora-geral de Memória e Verdade da Escravidão e do Tráfico Transatlântico de Pessoas Escravizadas, Fernanda Thomaz, também estava presente.
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Anfitriã da agenda, a ministra Anielle Franco anunciou a veiculação de uma campanha de comunicação envolvendo todo o governo, a exemplo da alteração dos avatares das redes sociais dos ministérios pela Igualdade Racial. A ministra também destacou que o mês de novembro marca a luta da população negra, mas as ações afirmativas e a elaboração de políticas transpassam a data. “Esse é um governo que, enfim, responde às necessidades de suas maiorias. O Novembro Negro promete, mas pra além disso a gente tem alguns anos pela frente de entrega, de muita coisa que a gente tem sonhado para garantir a vida digna dessa população”, apontou.
Titular do Ministério das Mulheres, Cida Gonçalves afirmou que o governo está elaborando uma política com foco na economia do cuidado, para valorizar e garantir direitos às mulheres, responsáveis pelos cuidados do lar, das crianças, e das pessoas idosas. Cida também afirmou que o enfrentamento à violência de gênero perpassa o cuidado com as mulheres negras. “Não tem como enfrentar a violência de gênero sem discutir a violência contra mulher negra, que são a maior parte das vítimas”, afirmou.
Já Wellington Dias, do MDS, afirmou que algumas ações já em andamento vão garantir à população negra o direito à comida e à segurança alimentar. “O Brasil sem Fome é uma prioridade do governo e, segundo nosso mapeamento, grande parte dos novos beneficiários, alcançados através da busca ativa são as pessoas negras e quilombolas”, ressaltou.
Também presente, o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, afirmou que o governo vai editar uma série de decretos e portarias para garantir segurança jurídica e direito à terra para a população quilombola. “Essas ações têm o objetivo de reconhecer e garantir direitos, além de estender políticas como Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e crédito rural para os territórios quilombolas”, disse.
Essas e outras ações serão anunciadas formalmente em 20 de novembro, Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra. A data foi criada pela Lei nº 12.519/2011 e faz referência à morte de Zumbi, um dos líderes do Quilombo dos Palmares, localizado na região do atual estado de Alagoas.
Por: Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania
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