Brasil retoma protagonismo mundial no diálogo sobre inteligência epidêmica
Ministério da Saúde, OPAS e mais 31 países buscam avanços nos processos de alerta e resposta a emergências
Estão reunidos em Brasília especialistas em vigilância epidemiológica dos Ministérios da Saúde do Brasil e de pontos focais da OPAS/OMS junto com representantes 31 países, em especial dos países de língua portuguesa, América do Sul, América do Norte, América Central e Caribe. O objetivo do encontro, que acontece entre os dias 11 e 13 de dezembro, é facilitar a troca de experiências relacionadas à implementação da inteligência epidêmica, identificar prioridades estratégicas e o roteiro a ser seguido para seu fortalecimento nas regiões.
O Brasil, além de ser o anfitrião do evento sobre o Uso de Inteligência Epidêmica, também foi destaque na apresentação da inteligência epidemiológica como estratégia para detecção em tempo oportuno de possíveis surtos, pandemias e endemias. Para o diretor do Departamento de Emergências em Saúde Pública, Márcio Garcia, a pandemia de covid-19 foi definidora para a compreensão da importância de geração e uso de dados qualificados na saúde pública. “Iniciativas como o Centro Nacional de Inteligência Epidemiológica, que está sendo implementado neste exato momento, são exemplos de como o país pretende ser pioneiro da inteligência epidemiológica a nível regional”.
No primeiro dia, foram revisados os conceitos e as metodologias implementadas em nível global, na Região das Américas e nos países participantes. No segundo dia, será apresentado um panorama das funções, processos e indicadores essenciais para a inteligência epidêmica, bem como das possíveis fontes de informação. Já no terceiro dia, serão discutidas as ferramentas e plataformas disponíveis para apoiar as atividades de inteligência epidêmica, bem como o roteiro estratégico a ser seguido na Região para a implementação e o fortalecimento da inteligência epidêmica nos próximos 5 anos.
A mesa de abertura foi realizada na segunda-feira (11) e contou com a participação da secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Ethel Maciel; do diretor do DEMSP, Márcio Garcia; do diretor da OPAS/OMS, Jarbas Barbosa; da representante da OPAS/OMS no Brasil, Socorro Gross; do diretor do Departamento de Informação de Emergência em Saúde e Avaliação de Risco do Programa de Emergência em Saúde da OMS, Oliver Morgan; do diretor de Emergências de Saúde da OPAS/OMS, Ciro Ugarte; e de representantes da sociedade civil.
A secretária Ethel Maciel ressaltou a necessidade da integração entre os países e o compartilhamento de informações no aperfeiçoamento dos mecanismos voltados para a inteligência epidêmica. “Esse momento é fundamental para que possamos trocar informações, conhecimento e estratégias para planejarmos o futuro. O impacto das mudanças climáticas, principalmente nas doenças infecciosas é uma realidade e precisamos estar preparados para enfrentá-las.”
Já o diretor regional para as Américas da OMS, Jarbas Barbosa destacou o empenho que a OPAS e o Ministério da Saúde tem dado na modelagem e no diagnóstico precoce para prevenção de surtos. “A criação de sistemas robustos de alerta e resposta oportunas permitem detectar, verificar, investigar, avaliar riscos, implementar ações de saúde pública, salvar vidas e reduzir o impacto negativo de eventos de saúde pública e emergências na nossa região. No entanto, prevenir, detectar e responder a epidemias na região das Américas é uma responsabilidade compartilhada entre os 35 estados membros.
Inteligência epidêmica
A inteligência epidêmica consiste em um subgrupo da inteligência em saúde pública, cuja aplicação se concentra especificamente em proteger e melhorar a saúde da população em relação a surtos de doenças infecciosas. As atividades de inteligência epidêmica foram particularmente aceleradas pela implementação do Regulamento Sanitário Internacional (RSI), acordo jurídico que inclui 196 Estados Partes, os quais concordaram em fortalecer a vigilância, avaliar, notificar e verificar eventos que possam constituir uma emergência de saúde pública de interesse internacional.
A inteligência epidêmica combina múltiplas fontes de dados, incluindo verificação de campo e informações de contextos locais. Um objetivo chave da inteligência epidêmica é a detecção e verificação de surtos e epidemias de maneira oportuna, a fim de mitigar e reduzir seu impacto sobre indivíduos e populações.
Os países têm obtido diferentes graus de avanço na implementação da inteligência epidêmica, e a recente pandemia de COVID-19 destacou a relevância de se expandir o uso de diversas fontes de dados, a necessidade de rápida verificação de sinais, o manejo de um considerável volume de informações, bem como a necessidade de adaptação rápida e de inovação constante.
Por: Ministério da Saúde
A reprodução é gratuita desde que citada a fonte