Ministério da Saúde coordena ações de enfrentamento de casos de dengue, chikungunya e Zika
Pasta investe em diversas ações de prevenção, como a Sala Nacional de Arboviroses, painel público de dados, ampliação do método Wolbachia e capacitação de profissionais. Mais de R$ 250 milhões serão destinados a estados e municípios
Tradicionalmente, com o início do período das chuvas e das altas temperaturas, o número de casos de dengue, chikungunya e Zika tende a aumentar. O governo federal está alerta e monitora constantemente o cenário das arboviroses no Brasil. Como parte das ações de enfrentamento às doenças, o Ministério da Saúde vai investir R$ 256 milhões no fortalecimento da vigilância das arboviroses. O momento é de intensificar os esforços e as medidas de prevenção por parte de todos para reduzir a transmissão das doenças. Para evitar o agravamento dos casos, a população deve buscar o serviço de saúde mais próximo ao apresentar os primeiros sintomas. Cerca de 11,7 mil profissionais de saúde foram capacitados em 2023 para manejo clínico, vigilância e controle de arboviroses.
Do valor total do investimento, R$ 111,5 milhões serão efetivados até o fim deste ano, em parcela única, para fortalecer as ações de vigilância e contenção do Aedes aegypti - sendo R$ 39,5 milhões para estados e o Distrito Federal e outros R$ 72 milhões para municípios. Além disso, haverá repasse de R$ 144,4 milhões para fomentar ações de vigilância em saúde em todo o país.
Essas e outras iniciativas de combate às arboviroses foram apresentadas, nesta sexta-feira (8), em entrevista coletiva na sede do ministério, em Brasília. Com a participação da ministra da Saúde, Nísia Trindade, foi lançada ainda a campanha de conscientização “Combate ao Mosquito: para fazer diferente, precisamos agir antes”. A iniciativa de comunicação será veiculada na TV aberta, nas redes sociais e em locais de grande circulação de pessoas em todo país.
“A mensagem que quero passar é que o combate a essas doenças é um esforço integrado com estados e municípios e, também, com a sociedade, para que possamos ter sucesso”, pontuou Nísia. “Cerca de 74% das larvas do mosquito são encontradas próximas às residências e no, peridomicílio, que é o entorno das casas. Portanto, precisamos estar atentos e receber bem os agentes de endemia que cumprem um papel fundamental no enfrentamento à dengue”, disse.
Também prioritária para o ministério, a análise da vacina Qdenga está sendo feita pela Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec). A pasta monitora atentamente as novas tecnologias que podem auxiliar no enfrentamento às doenças e abriu consulta pública nesta sexta-feira sobre a proposta de incorporação do imunizante no SUS.
A Conitec deu recomendação inicial favorável à incorporação para localidades e públicos prioritários que serão definidos pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI), considerando as regiões de maior incidência e transmissão e nas faixas etárias de maior risco de agravamento da doença. As contribuições serão organizadas e avaliadas pela comissão, que emitirá uma recomendação final.
“Está tendo um processo regulatório bem célere na comissão e acreditamos que logo ele vai estar pronto para a tomada de decisão. A vacina é uma forma de se buscar tecnologias para um desafio de saúde como esse”, explicou o secretário substituto da Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Complexo da Saúde (SECTICS), Leandro Safatle.
A pasta inaugurou, ainda, a Sala Nacional de Arboviroses (SNA), espaço permanente que vai permitir o monitoramento em tempo real dos locais com maior incidência de dengue, chikungunya e Zika para preparar o Brasil em uma eventual alta de casos dessas doenças nos próximos meses. Com a sala, será possível direcionar melhor as ações de vigilância a estados e municípios, apoiando as ações de vigilância de estados e municípios. O espaço terá como competência planejar, organizar, coordenar e controlar as medidas a serem empregadas durante a resposta; articulação com gestores estaduais e municipais do SUS; divulgação da situação epidemiológica e assistência; e o acionamento de equipes.
Para ampliar a transparência dos dados, o ministério lançou o Painel Público de Monitoramento de Arboviroses. A ferramenta traz, em tempo real, o número de casos prováveis, óbitos, taxa de letalidade, incidências e hospitalizações por dengue, Zika e chikungunya. A plataforma possibilita fazer comparativo entre o ano atual e o anterior, trazendo recortes por faixa etária, sexo, estado e município.
O método Wolbachia, como estratégia adicional de controle das arboviroses, também está sendo expandido pelo governo federal para os municípios de Natal, Uberlândia (MG), Presidente Prudente (SP), Londrina (PR), Foz do Iguaçu (PR) e Joinville (SC), além das cidades já incluídas na pesquisa: Campo Grande (MS), Petrolina (PE), Belo Horizonte, Niterói (RJ) e Rio de Janeiro.
A expectativa do Ministério da Saúde é ampliar ainda mais em 2024. A iniciativa consiste na liberação de mosquitos da espécie Aedes aegypti infectados por uma bactéria intracelular do gênero Wolbachia, que apenas infecta insetos, e atua bloqueando a capacidade de transmissão dos vírus da dengue, Zika e chikungunya pelo mosquito.
Número de casos
Até a semana epidemiológica 48, o Brasil registra um aumento de 15,8% nos casos de dengue em 2023 (1.601.848), quando comparado ao mesmo período de 2022 (1.382.665). Quanto aos óbitos, houve aumento de 5,4% em 2023 (1.053) com relação ao mesmo período de 2022 (999).
Com relação à chikungunya, até a semana epidemiológica 48, foram registrados 145.342 casos da doença, uma redução de 45% se comparado ao mesmo intervalo de 2022 (264.365). No que diz respeito aos óbitos, foram registrados 100 em 2023 e 93 no mesmo período de 2022 - um aumento de 7,5%.
Quanto ao cenário epidemiológico da Zika, até a já referida semana, o Brasil registra aumento de 1% nos casos da doença em 2023 (7.275), quando comparado ao mesmo período do ano passado (7.218). Não há registro de óbitos pela doença neste período.
Os dados sobre os casos de arboviroses foram atualizados às 14h35 desta sexta-feira (8).
Mudanças climáticas
A projeção do aumento de casos da doença no próximo verão se deve a fatores como a combinação entre calor e chuva intensos - possíveis efeitos do El Niño - conforme aponta a Organização Mundial da Saúde (OMS). E, ainda, ao ressurgimento recente dos sorotipos 3 e 4 do vírus no Brasil.
“O ano de 2023 foi realmente diferente. Tivemos essas mudanças ocasionadas pelo fenômeno do El Niño. E, depois de muito tempo, encontramos os quatro sorotipos (1, 2, 3 e 4) circulando ao mesmo tempo no Brasil, uma situação bem incomum”, observou a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel, na coletiva.
Com as mudanças climáticas, altas temperaturas e períodos chuvosos, a expectativa é que o número de criadouros aumente. Por esse motivo, é preciso o empenho da sociedade para eliminar os criadouros e evitar água parada. As medidas são simples e podem ser implementadas na rotina. O ministério sugere que a população faça uma inspeção em casa pelo menos uma vez por semana.
Para garantir a proteção contra o mosquito vetor das arboviroses, o Ministério da Saúde encaminha um biolarvicida aos estados e municípios, de acordo com a situação epidemiológica local e com a demanda. O produto representa uma alternativa eficiente no controle das larvas dos mosquitos, com baixo impacto ambiental. Para o período 2024 e 2025, a pasta adquiriu 110 mil quilos de larvicida e adulticida; 300 mil litros de adulticida para UBV – Cielo; 1.770 unidades de pulverizador manual/elétrico; 1.770 nebulizadores costal motorizado; e 852.487 unidades de repelentes para proteção de gestantes.
Criadouros do mosquito
A pasta também apresentou, durante a entrevista, os resultados do 3º Levantamento Rápido de Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa) e do Levantamento de Índice Amostral (LIA) em 2023. Os números indicaram que 74,8% dos criadouros do mosquito da dengue estão nos domicílios, como em vasos e pratos de plantas, garrafas retornáveis, pingadeira, recipientes de degelo em geladeiras, bebedouros em geral, pequenas fontes ornamentais e materiais em depósitos de construção (sanitários estocados, canos, etc.).
O levantamento aponta que depósitos de armazenamento de água elevados (caixas d’água, tambores, depósitos de alvenaria) e no nível do solo (tonel, tambor, barril, cisternas, poço/cacimba) aparecem como segundo maior foco de procriação dos vetores, com 22%, enquanto depósitos de pneus e lixo têm 3,2%.
A pesquisa é realizada pela amostragem de imóveis e criadouros com água positiva para larvas de Aedes aegypti no âmbito municipal. Os estados consolidam os dados dos seus municípios e encaminham para a pasta.
Por: Ministério da Saúde (MS)
A reprodução é gratuita desde que citada a fonte