Desertificação agrava o problema das secas no Brasil
Pesquisa da Ufal aponta uma consequência da degradação do Semiárido
No Brasil já existem áreas de deserto, ou áridas, causadas por degradação do ambiente, encontradas em 2010 pela Organização das Nações Unidas (ONU). A consequência deste estado de desgaste foi identificada por uma pesquisa recente da Universidade Federal de Alagoas (Ufal): as regiões desérticas estão intensificando a falta de chuvas no Semiárido do Nordeste brasileiro – e, dessa forma, reforçam ainda mais o ciclo de perda do bioma.
Segundo Humberto Barbosa, autor do estudo, o efeito desértico está acelerado. “As chuvas já estão sendo reduzidas pela degradação nas terras secas do Brasil. Isso é grave, pois é um sistema que se retroalimenta: no Semiárido, as secas aumentam a degradação das terras, que por sua vez, reduzem as chuvas”, descreve o pesquisador.
Usando recursos da ciência de monitoramento e dados de satélites, Barbosa identificou uma categoria especial, as chamadas secas repentinas ( flash droughts ), até então inéditas na pesquisa brasileira. O resultado está no artigo Flash Drought and Its Characteristics in Northeastern South America during 2004–2022 Using Satellite-Based Products .
Observando as secas por satélite
No período 2004 a 2022, a pesquisa analisou, na superfície, a resposta da vegetação às secas, levando em conta a umidade do solo e a temperatura. Em seguida, essas áreas foram comparadas com o balanço de energia da atmosfera, olhando o indicador de radiação de onda curta (a radiação solar que incide sobre a superfície terrestre) e o indicador da radiação de onda longa (emitida da superfície para o espaço).
Por sua vez, na superfície terrestre, as análises usaram índices de vegetação, precipitação (chuvas), umidade do solo e temperatura, baseados em dados de satélites. Já no topo da atmosfera, foi investigado o sinal de satélite que estima a energia em regiões específicas, como o balanço da radiação de ondas curtas. Para efetivar o procedimento, o trabalho da Ufal integrou o Programa Emergências Climáticas da CAPES.
Já existem resultados avançados sobre o tema aprovados para publicação. Barbosa diz: “Estamos fazendo uma nova classificação climática do Semiárido brasileiro, a partir do estudo das secas e da degradação da superfície”.
Por: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)
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