Dia Mundial de Luta Contra Aids: Governo destaca a importância do diagnóstico para tratamento efetivo
Cerca de um milhão de pessoas vivam com HIV no Brasil. Desse total, 100 mil ainda não foram diagnosticadas
“A gente precisa melhorar o diagnóstico e a prevenção, só dessa forma nós vamos efetivamente eliminar o HIV como um problema de saúde pública até o ano de 2030”, destacou o Diretor do Departamento de HIV/Aids e IST's do Ministério da Saúde, Draurio Barreira, durante entrevista ao programa A Voz do Brasil, desta sexta-feira (1/12), Dia Mundial de Luta Contra Aids e início do Dezembro Vermelho, mês dedicado à prevenção, diagnóstico e tratamento da Aids e de outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs).
Estima-se que cerca de um milhão de pessoas vivam com HIV no Brasil. Segundo a Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, destas, 900 mil conhecem seu diagnóstico, ou seja, aproximadamente 100 mil pessoas ainda precisam ser diagnosticadas para que, então, iniciem tratamento.
De acordo com Draurio Barreira, ter o diagnóstico é essencial para garantir qualidade de vida ao portador do vírus. “Uma pessoa que hoje tem o HIV e se trata corretamente ela não tem carga viral detectável, isso quer dizer que ela não tem o vírus circulando no sangue e, portanto, não transmite, mesmo que ela tenha relações sexuais com outra pessoa ou seja uma gestante que vá dar à luz a uma criança, essa criança não vai ter o vírus. Então o tratamento é absolutamente fundamental”.
Sobre a prevenção, o diretor do MS destaca as diversas formas disponíveis em Unidades Básicas de Saúde. “Nós temos primeiro a testagem. Você saber que é positivo ao vírus, ou não, é o primeiro passo. Usar preservativos internos ou externos é outra alternativa que durante muito tempo a gente bateu nessa tecla, que praticamente era a única alternativa que a gente tinha para prevenção”.
“Hoje nós temos a prevenção por meio de medicamentos, temos a famosa PrEP, que é a Profilaxia Pré-Exposição, especialmente para aquelas pessoas que têm a prática sexual mais assídua, são profissionais do sexo, têm muitos parceiros e não conseguem usar preservativo sempre, mesmo numa relação com uma pessoa infectada elas não se infectam. Nos casos emergenciais, nos quais a pessoa não se preocupou previamente, ela tem a PEP, que é a profilaxia pós-exposição. Com isso, a gente tem um arsenal de prevenção do HIV”, detalhou Draurio Barreira. Os medicamentos também estão disponíveis através do Sistema Único de Saúde (SUS).
“Existem vários jeitos de amar e vários de se proteger do HIV”
Com foco na conscientização, na última quinta-feira (30/11) o Ministério da Saúde lançou na TV aberta, nas redes sociais e em locais de grande circulação de pessoas em todo País a campanha com o tema “Existem vários jeitos de amar e vários de se proteger do HIV”, reiterando a importância do cuidado. Além disso, o Ministério da Saúde garantiu, em 2023, R$ 27 milhões na compra de 4 milhões de unidades de um teste rápido que detecta, simultaneamente, sífilis e HIV. A inclusão do teste inédito no SUS fortalece o rastreio e tratamento mais ágil para a população.
Nos últimos dez anos, o Brasil registrou queda de 25,5% no coeficiente de mortalidade por Aids, que passou de 5,5 para 4,1 óbitos por 100 mil habitantes. Apesar da redução, cerca de 30 pessoas morreram de Aids por dia em 2022.
ONU
Para acabar com a Aids como problema de saúde pública, a Organização das Nações Unidas (ONU) definiu metas globais: ter 95% das pessoas vivendo com HIV diagnosticadas; ter 95% dessas pessoas em tratamento antirretroviral; e, dessas em tratamento, ter 95% com carga viral controlada. Hoje, em números gerais, o Brasil possui, respectivamente, 90%, 81% e 95% de alcance. O Ministério da Saúde reafirma que possui os insumos necessários e já aumentou, neste ano, 5% a quantidade total de pessoas em tratamento antirretroviral em relação a 2022, totalizando 770 mil pessoas.
“O Brasil seguramente vai alcançar os números [definidos pela ONU], mas é importante que se diga que, embora nós tenhamos uma tendência de queda, essa queda é muito desigual entre diferentes seguimentos da população. Então nós temos uma queda muito importante, por exemplo, entre pessoas de bom poder aquisitivo, melhor nível de escolaridade, pessoas brancas, e, no sentido inverso, um aumento da incidência do HIV. Pessoas pobres, pretas, pardas, de baixo nível de escolaridade e socioeconômico. Essa iniquidade é uma prioridade para o Ministério da Saúde fazer o enfrentamento e termos uma queda homogênea entre os diferentes seguimentos da população”, declarou Draurio Barreira.
Confira a entrevista na íntegra aqui.
Por: Agência Gov
Texto: Thays de Araújo
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