Governo Federal realiza nova operação de repatriação de brasileiros e parentes em Gaza
Aeronave da Força Aérea Brasileira decolou nesta quinta do Rio de Janeiro para realizar o voo de resgate e levar 150 purificadores portáteis de água para ajuda humanitária na região do conflito
Uma nova etapa da Operação Voltando em Paz, do Governo Federal, está em curso nesta quinta-feira, 21 de dezembro, com a missão de resgatar brasileiros e parentes da zona de conflito no Oriente Médio e levar ajuda humanitária à Faixa de Gaza. Uma aeronave KC-30 (Airbus A330 200), da Força Aérea Brasileira (FAB), decolou da Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro (RJ), às 8h20 (horário local) desta quinta-feira (21/12), rumo ao Egito.
A bordo, um carregamento com seis toneladas de purificadores de água portáteis e kits voltaicos. O destino é o Aeroporto Internacional do Cairo, em voo direto com previsão de 14 horas de duração. Na capital egípcia, a aeronave será usada para repatriar um novo grupo de brasileiros e familiares autorizado a cruzar a fronteira de Rafah, entre Gaza e o Egito.
Assim como nas ocasiões anteriores, a operação em Gaza exigiu articulação da representação brasileira em Ramala (Palestina), que organiza nomes, auxilia na emissão de documentos e providencia o traslado e trâmites na fronteira. A embaixada também atua na aprovação dos nomes com autoridades de Israel, do Egito e dos palestinos.
Após o cruzamento da fronteira, a logística do traslado, hospedagem e alimentação é garantida pela ação da Embaixada do Brasil no Egito. A estimativa de retorno da aeronave ao Brasil, com aterrissagem na Base Aérea de Brasília, é para o próximo sábado (23/12), às 8h (horário local).
Desde o início do conflito entre Israel e o Hamas, em 7 de outubro, a Operação Voltando em Paz já concluiu 11 voos de repatriação e resgatou 1.525 pessoas e 53 animais domésticos. Foram oito embarques saindo de Tel Aviv com brasileiros e parentes que estavam em Israel, um da Jordânia com resgatados da região palestina da Cisjordânia e outros dois que decolaram do Cairo com repatriados da Faixa de Gaza.
PURIFICADORES – O voo que decolou nesta quinta leva 150 purificadores de água portáteis, equipados com “kit” voltaico (painel solar, inversor veicular e controlador de carga) para ampliar sua autonomia de energia. Esta nova doação humanitária brasileira, a quarta desde o início do conflito no Oriente Médio ( veja abaixo ), soma-se aos esforços internacionais de assistência aos afetados pelo conflito naquela área. A doação humanitária será entregue aos cuidados do Crescente Vermelho Egípcio, organização responsável por fazer o transporte e entrega dos insumos que entram em Gaza.
Os purificadores de água portáteis têm capacidade aproximada de produção, por unidade, de mais de cinco mil litros de água por dia. Além dos equipamentos e do “kit” voltaico, estão sendo enviados, igualmente, itens de reposição suficientes para o funcionamento adequado dos equipamentos pelo período adicional de um ano.
Segundo Alessandro Candeas, embaixador da representação brasileira em Ramala, a escassez de água potável na Faixa da Gaza é crítica, especialmente na área norte, o que faz com que as pessoas apelem com cada vez mais frequência a fontes salobras ou poluídas. Em relatório recente, a ONU advertiu que a situação pode resultar na disseminação de doenças, como diarreia e até o cólera. “O acesso a quantidades suficientes de água potável é questão de vida ou morte, e as crianças em Gaza mal têm uma gota para beber”, disse a diretora-executiva do UNICEF, Catherine Russell.
A iniciativa é coordenada pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério das Relações Exteriores (MRE), com apoio do Ministério da Defesa, do Ministério da Justiça e da Segurança Pública, da Receita Federal, da Força Aérea Brasileira, da Polícia Rodoviária Federal, da Embaixada do Brasil no Cairo e do Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projetos (UNOPS).
HISTÓRICO - No último dia 12 de dezembro, uma aeronave KC-390, fabricada pela Embraer, aterrissou no Aeroporto de Al Arish, no Egito, com 11 toneladas de alimentos não perecíveis.
Em 18 de outubro, um VC-2 da Presidência da República pousou no Egito com equipamentos de filtragem de água e kits de saúde. A carga continha 40 purificadores de água com capacidade de tratar mais de 220 mil litros por dia e kits de saúde para atender até 3 mil pessoas ao longo de um mês, composto por medicamentos e insumos, como anti-inflamatórios, analgésicos, antibióticos, além de luvas e seringas. Ao todo, cada kit continha um total de 267 quilos de materiais.
Em 2 de novembro, um outro VC-2 da Presidência da República pousou no Aeroporto Internacional de Al-Arish, Egito, levando 1,5 tonelada de alimentos – arroz, açúcar, derivados de milho e leite – destinados à população da Faixa de Gaza, oferecidos pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), em nova ação de ajuda humanitária.
RESPOSTA IMEDIATA – O mundo ainda assimilava o choque dos atentados cometidos contra Israel no sábado, 7 de outubro, quando o Governo Brasileiro deu início à mobilização para estruturar a retirada de brasileiros da zona de conflito.
No mesmo dia dos ataques, foi montado um gabinete de crise e, uma vez acionadas, as embaixadas do Brasil em Tel Aviv (Israel), do Cairo (Egito) e o Escritório de Representação em Ramala (na Palestina) deram início à operação diplomática para identificar quem eram e onde estavam os brasileiros na região conflagrada. Em paralelo, a FAB era acionada para garantir que as aeronaves pudessem resgatar os cidadãos nacionais no mais breve prazo possível.
Por meio de formulário online, cerca de 2,7 mil manifestaram interesse em retornar ao Brasil de Israel. Aqueles que não conseguiram lugares em voos de companhias aéreas privadas passaram a ser atendidos pela Operação Voltando em Paz, seguindo requisitos de prioridade para brasileiros sem passagens, não residentes, gestantes, idosos, mulheres e crianças. Especialistas do Ministério da Agricultura foram envolvidos para garantir o repatriamento de animais domésticos. A operação também atuou para atender brasileiros na região da Cisjordânia e em Gaza.
Por: Planalto
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