Entenda como funciona a vacina contra dengue ofertada pelo SUS
Imunizantes são destinados, inicialmente, a regiões com maior incidência e transmissão do vírus, contemplando crianças e adolescentes de 10 a 14 anos
O Brasil se tornou o primeiro país do mundo a disponibilizar vacinas contra a dengue no sistema público de saúde. Produzida pelo laboratório japonês Takeda, os imunizantes serão destinados, inicialmente, a regiões com maior incidência e transmissão do vírus, contemplando crianças e adolescentes de 10 a 14 anos. A estratégia de vacinação será anunciada nesta quinta-feira (25/01), pelo Ministério da Saúde, em uma coletiva de imprensa às 9h.
A Qdenga foi avaliada pela Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologias (Conitec) no SUS e deve atender municípios de grande porte com alto índice de transmissão nos últimos dez anos e população residente igual ou maior a 100 mil habitantes, levando também em consideração altas taxas de contaminação nos últimos meses. O público-alvo, em 2024, serão crianças e adolescentes, faixa etária que concentra o maior número de hospitalização por dengue. O esquema vacinal é composto por duas doses com intervalo de três meses entre elas.
Confira a seguir as principais informações sobre a vacina:
O que é a dengue?
O vírus é transmitido para humanos por meio da picada de mosquitos fêmea infectados, que podem contaminar com quatro sorotipos virais diferentes: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4, cuja prevalência pode variar de acordo com a localidade e estações do ano.
Qual a composição da vacina da dengue?
A Qdenga é um imunizante tetravalente produzido a partir do vírus vivo atenuado, ou seja, do micro-organismo infectado , mas enfraquecido. Essa condição pode melhorar a resposta do sistema imunológico, funcionando de forma semelhante à defesa do corpo humano nos casos de infecção pela dengue.
Como foi o processo de aprovação do imunizante no Brasil?
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o registro da vacina em março de 2023, com base em estudo feito com mais de 28 mil pessoas, incluindo crianças e adultos. A concessão permite a comercialização do produto no Brasil, desde que sejam mantidas as condições aprovadas.
Os efeitos da vacina continuarão sendo monitorados, sob responsabilidade da empresa fabricante e com acompanhamento do Ministério da Saúde.
Como foi a incorporação da vacina no SUS?
Antes de ser incorporado ao sistema público de saúde, o produto foi avaliado pela Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologia (Conitec), e teve parecer favorável. A Conitec é vinculada à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE), do Ministério da Saúde, responsável por avaliar a incorporação de tecnologia em saúde no SUS.
Quais grupos podem se vacinar?
Inicialmente, a vacinação contra a dengue vai contemplar crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, faixa etária que apresenta maior risco de agravamento e regiões com maior incidência da doença. Isto porque o laboratório tem uma quantidade restrita de doses disponíveis.
Como foram feitos os estudos?
A pesquisa de desenvolvimento da vacina incluiu 20.099 crianças e adolescentes saudáveis de 4 a 16 anos, residentes em países endêmicos, que foram divididos por região (Ásia-Pacífico ou América Latina) e idade (4 a 5 anos, 6 a 11 anos, ou 12 a 16 anos)
Quantas doses têm a vacina contra a dengue?
O esquema vacinal da Qdenga é composto por duas doses, com intervalo de 90 dias entre cada uma.
Quem já teve dengue pode tomar a vacina?
Quem já teve dengue também deve se vacinar para evitar novas infecção ou, em caso de contágio, sintomas mais leves. Além disso, nessas pessoas, é esperada uma resposta melhor ao imunizante.
A recomendação para quem teve dengue recentemente é aguardar seis meses para tomar a vacina. Quem for diagnosticado com a doença no intervalo entre as doses deve manter o esquema vacinal, desde que o prazo não seja inferior a 30 dias em relação ao início dos sintomas.
Qual é a eficácia da vacina Qdenga?
De acordo dados divulgados pela Sociedade Brasileira de Imunizações (SBim), a Qdenga demonstrou ser eficaz contra o DENV-1 em 69,8% dos casos; contra o DENV-2 em 95,1%; e contra o DENV-3 em 48,9%.
Durante o estudo, o DENV-4 não pôde ser avaliado porque havia poucos casos de dengue causados por esse sorotipo. Foi comprovada também a eficácia nos casos de hospitalizações por "dengue confirmada laboratorialmente, com proteção geral de 84,1%, com estimativas semelhantes entre soropositivos (85,9%) e soronegativos (79,3%)", explica a SBim.
Para acessar a nota técnica da SBim, clique aqui: https://sbim.org.br/images/files/notas-tecnicas/nota-tecnica-sbim-sbi-sbmt-qdenga-v4.pdf
Quais são as contraindicações?
As contraindicações da Qdenga são as mesmas para as vacinas feitas a partir de vírus vivo, ou seja, não deve ser tomada por gestantes e lactantes e pessoas com imunodeficiência.
A Qdenga não é o primeiro imunizante desenvolvido para evitar a dengue. Já houve uma vacina aprovada anteriormente, a Dengvaxia, do laboratório francês Sanofi- Pasteur, mas, ela só pode ser utilizada por aqueles que já tiveram dengue, sendo contraindicada para pessoas que nunca tiveram contato com o vírus.. Por essa razão, ela não foi incorporada ao SUS.
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Por: Agência Gov
Texto: Daniella Cambaúva
Edição: Yara Aquino
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