InfoGripe: estados do Norte e Nordeste apresentam aumento de Covid-19
Divulgado nesta quinta-feira (1º/2), o novo Boletim InfoGripe da Fiocruz mostra queda de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no agregado nacional nas tendências de longo prazo (últimas seis semanas) e de curto prazo (últimas três semanas). Esse quadro não reflete, no entanto, o cenário atual de alguns estados do Norte e Nordeste, que apresentam aumento em função da Covid-19. A análise, que tem com base os dados inseridos no Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) até 29 de janeiro, é referente à Semana Epidemiológica (SE) 4, período de 21 a 27 de janeiro de 2024.
Dez estados apresentam sinal de aumento de SRAG na tendência de longo prazo: Acre (AC), Amapá (AP), Amazonas (AM), Mato Grosso (MT), Pará (PA), Pernambuco (PE), Piauí (PI), Rondônia (RO), Sergipe (SE) e Tocantins (TO). No Acre, Amapá e Rondônia, o indício ainda é compatível com a oscilação, embora o cenário atual da região Norte recomende atenção. Entre as capitais, oito registram crescimento nos casos de SRAG: Aracaju (SE), Belém (PA), Cuiabá (MT), Macapá (AP), Manaus (AM), Porto Velho (RO), Recife (PE) e Rio Branco (AC).
Em Mato Grosso e no Norte do país, o aumento se concentra nas faixas etárias da população adulta, com sinal de associação aos casos de Covid-19 durante o mês de janeiro. O pesquisador do Programa de Computação Científica da Fiocruz (Procc/Fiocruz) e coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes, destaca que esta região ainda não havia sido afetada pelo crescimento observado durante o final do segundo semestre de 2023 no país. "O aumento começou pelo Centro-Sul e afetou o Nordeste no final do ano passado, chegando ao Norte apenas agora na virada do ano", observou Gomes.
Em relação à SRAG por Covid-19, o estudo aponta crescimento em Amapá, Mato Grosso, Pará, Pernambuco, Piauí, Sergipe e Tocantins. Já em Alagoas e Rio Grande do Norte, verifica-se interrupção na tendência de crescimento. No Distrito Federal e em Goiás, o Boletim constatou ligeiro aumento recente restrito à população a partir de 65 anos de idade. A mortalidade da SRAG continua se mantendo significativamente mais elevada nos idosos, com predomínio da Covid-19.
Incidência e Mortalidade
Nas últimas oito semanas, a incidência e mortalidade de SRAG mantém o padrão típico de maior impacto entre crianças pequenas e idosos. Também nos casos de SRAG por Covid-19, permanece o cenário de maior impacto nas crianças até dois anos e população a partir de 65 anos de idade.
"Enquanto a incidência de SRAG apresenta impacto mais elevado nas crianças até dois anos de idade, em termos de mortalidade temos o inverso, com a população a partir de 65 anos sendo a mais impactada. Outros vírus respiratórios com decorrentes da SRAG nas crianças pequenas são o Vírus Sincicial Respiratório [VSR] e o rinovírus. No agregado nacional, a influenza mantém volume significativamente baixo. Já o VSR apresenta indícios de possível aumento em alguns locais do país", informa o coordenador do InfoGripe.
Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos como resultado positivo para vírus respiratórios foi de 5,7% para influenza A; 0,4% para influenza B; 10,2% para VSR; e 66% para Sars-CoV-2 (Covid-19). Entre os óbitos, a presença destes mesmos vírus entre os positivos foi de 5% para influenza A; 0% para influenza B; 1,9% para VSR; e 89,9% para Sars-CoV-2 (Covid-19).
Casos e óbitos por SRAG no país
Referente ao ano epidemiológico 2024, já foram notificados 4.240 casos de SRAG, sendo 1.479 (34,9%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 1.710 (40,3%) negativos e ao menos 752 (17,7%) aguardando resultado laboratorial. Dados de positividade para semanas recentes estão sujeitos a grandes alterações em atualizações seguintes por conta do fluxo de notificação de casos e inserção do resultado laboratorial associado.
Foram registrados 276 óbitos, referentes aos casos de SRAG de 2024, sendo 159 (57,6%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 94 (34,1%) negativos e ao menos 13 (4,7%) aguardando resultado laboratorial.
Por: Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)
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