Brasil tem pressa na transição energética, diz diretora do BNDES
Em debate, diretora de Infraestrutura Luciana Costa alerta para necessidade de fortalecer mercado global de carbono e de atrair recursos para países mais pobres
Com tantas vantagens naturais e na matriz energética, o Brasil deve ter interesse em acelerar a transição e fortalecer um mercado global de carbono. Para a diretora de Infraestrutura e Transição Energética do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciana Costa, um dos principais desafios do País é criar as condições para monetizar suas vantagens ambientais, tornando-se mais competitivo na atração de investimentos. O assunto foi debatido nesta quarta-feira (20/3), no evento “Kick-off G20 no Brasil”, no Rio de Janeiro (RJ), que contou com a participação do Banco.
“Para o Brasil, interessa uma transição energética mais rápida. Estamos muitos anos na frente dos outros países nesse processo. Mas não adianta produzir o hidrogênio verde mais barato do mundo, se a gente não tem um mercado global de carbono que precifica a externalidade negativa de quem emite carbono”, explica Luciana Costa.
A diretora do BNDES destacou que o fato de já ter uma matriz energética mais verde, faz com o que a transição tenha um custo menor para Brasil. Além dessa vantagem, o país tem estabilidade geopolítica, não faz guerras com os vizinhos há mais de 150 anos, tem mais de 180 mil quilômetros de linhas de transmissão em um sistema elétrico integrado e tem quase 90% da frota de carros rodando com biocombustível.
G20 e COP 30
“Brasil tem essa grande janela de oportunidade para usar o G20, para usar a COP 30, para dar saltos de desenvolvimento, mas essa janela não fica aberta para sempre, pode se fechar daqui uns cinco ou sete anos. Por isso, temos que transformar essas vantagens comparativas em vantagens competitivas rapidamente. Como é que a gente monetiza isso? Ninguém paga um prêmio verde pelos nossos produtos mais verdes”, ressalta a diretora.
O segundo grande desafio, segundo Luciana, é o financiamento para os países não desenvolvidos. O ano passado o mundo investiu US$ 1,8 trilhão em energia renovável, sendo que a maior parte foi para países desenvolvidos, não para os mais pobres. Ela lembra que o custo do dinheiro é muito maior no terceiro mundo, que recebe mesmo investimentos. “Precisamos discutir como é que a gente muda a regulação financeira global para que o custo do capital não seja tão mais caro para os países do sul global e para os países mais pobres”.
O seminário “A presidência brasileira e seus impactos para o papel do país - “Kick-off G20 no Brasil” foi realizado pelos jornais O Globo, Valor Econômico e rádio CBN no Rio de Janeiro. Também estiveram presentes o embaixador Mauricio Lyrio, secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty e coordenador da trilha de negociadores do Brasil no G20; Marcos Caramuru, ex-embaixador do Brasil na China e conselheiro internacional do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri); e Oliver Stuenkel, professor de relações internacionais da FGV em São Paulo.
Por: Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
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