Embrapa representa o Brasil em debate internacional pela descarbonização do transporte marítimo
Atualmente, 99% do transporte marítimo é baseado em fontes fósseis, e isso precisará ser fortemente reduzido nas próximas décadas
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), marcou presença na 16ª Reunião do Grupo de Trabalho Intersessional sobre a Redução das Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) provenientes de Navios. O evento ocorreu na sede da Organização Marítima Internacional (IMO), em Londres, capital da Inglaterra e do Reino Unido, entre os dias 11 e 15 de março de 2024.
A convite da Marinha do Brasil, Renan Milagres Novaes, analista da Embrapa Meio Ambiente, representou o conhecimento científico do país neste evento técnico, que antecedeu a 81ª sessão do Comitê de Proteção do Meio Ambiente Marinho da IMO. Sua participação foi marcada pela apresentação da proposta brasileira para a sustentabilidade e manejo de mudança de uso da terra na avaliação de biocombustíveis para o transporte marítimo internacional.
Novaes apresentou oficialmente a proposta brasileira no auditório principal da IMO, perante uma audiência de representantes de diversos países, associações empresariais e organizações não governamentais. Além disso, contribuiu para a formulação das posições do Brasil em relação às diretrizes de Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), uso da terra e critérios de sustentabilidade.
A IMO, como órgão especializado das Nações Unidas, tem como um de seus principais objetivos a prevenção da poluição pelo transporte marítimo internacional. As metas de descarbonização aprovadas em 2023 pela IMO representam um passo significativo nesse sentido, exigindo a colaboração e o envolvimento ativo de especialistas para alcançar os objetivos estabelecidos e garantir que as políticas e diretrizes adotadas pela comunidade internacional reflitam as melhores práticas e os avanços no campo da sustentabilidade e redução de emissões de GEE.
A presença e contribuição da Embrapa neste processo são estratégicas, considerando os esforços globais para a redução das emissões de GEE no transporte marítimo internacional. O transporte marítimo internacional responde por cerca de 3% das emissões de gases de estufa anuais do mundo. Atualmente, 99% do transporte marítimo é baseado em fontes fósseis, e isso precisará ser fortemente reduzido nas próximas décadas.
Nesse sentido, a IMO estabeleceu metas ambiciosas para a descarbonização deste setor até 2030, reconhecendo o papel fundamental que o Brasil pode desempenhar como um grande usuário e um potencial fornecedor de soluções para a descarbonização, especialmente no que diz respeito aos biocombustíveis sustentáveis para o transporte marítimo de commodities.
Apesar de representar uma oportunidade, o setor de biocombustíveis no Brasil deve se atentar ao fato de que a IMO já definiu dez critérios de sustentabilidade, como por exemplo, que as emissões deverão ser contabilizadas considerando o ciclo de vida completo dos combustíveis (Well-To-Wake) e que biomassas só podem vir de áreas desmatadas antes de 2008. Atualmente, estão sendo discutidos os detalhes para a aplicação de alguns deles, como o de mudança indireta do uso da terra (ILUC), assunto no qual o analista da Embrapa tem contribuído nas discussões.
Conforme ressaltou Novaes, a política pode ter um impacto importante no Brasil, que é um grande usuário do transporte marítimo para exportação de commodities e que pode fornecer combustíveis alternativos aos fósseis para os navios. Como explicou, as commodities possuem baixo valor agregado, comparadas com outras mercadorias e, por isso, são mais sensíveis ao custo do frete internacional. “Por outro lado, o Brasil possui potencial de contribuir com a descarbonização do transporte marítimo, como por exemplo, com a produção de biocombustíveis,” destaca.
Para mais informações sobre as metas e estratégias da IMO para a redução de gases de efeito estufa de navios, visite o site oficial da IMO, clique aqui
Por: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)
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