Haddad defende que grupo das maiores economias do mundo tenha olhar mais abrangente e inclusivo
Ministro da Fazenda defendeu que países pobres sejam mais ouvidos e celebrou a participação da União Africana na reunião de ministros de Finanças e presidentes de Bancos Centrais
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu nesta quinta-feira (29/2) a necessidade de os países pobres serem mais ouvidos e incluídos nos debates sobre as grandes questões globais realizados no âmbito do G20. Haddad concedeu entrevista coletiva no encerramento da reunião de ministros de Finanças e presidentes de Bancos Centrais, da Trilha de Finanças do G20, em São Paulo.
“Ficamos felizes porque a União Africana passou a participar”, disse o ministro. “Uma das principais reuniões que fizemos foi justamente com os representantes da África. Esse tipo de iniciativa torna muito mais representativa a reunião do G20, que tem que pensar a partir de um olhar mais abrangente, porque há temas que não serão resolvidos nacionalmente, serão resolvidos internacionalmente”, acrescentou. Haddad argumentou usando o exemplo do problema das mudanças climáticas, que não será resolvido “se os países pobres estiverem fora da equação”. O ministro também destacou a questão da dívida, “que talvez não fosse tratada pelo G20 se não afetasse as finanças globais”.
O papel do Brasil
Segundo Haddad, o Brasil desempenha um papel importante ao chamar atenção para problemas que – observou – poderiam não estar na agenda do G20. O ministro ressaltou que o país está numa situação “bastante especial”: participa do G20, dos Brics (bloco que integra com Rússia, Índia, China e África do Sul), da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e é frequentemente convidado pelo G7 (grupo dos países mais industrializados do mundo).
“O Brasil é um país credor líquido do ponto de vista internacional, não está endividado, como muitos países em desenvolvimento estão, não pertence ao mundo rico, não pertence aos países de baixa renda média”, afirmou. “O Brasil pode pedir muito pouco para si e muito para a reorganização da governança global, e tem um papel a cumprir, uma legitimidade a exercer sobre os temas que precisam ser tratados e que nem sempre estão representados no G20”, enfatizou.
“Quando falamos de reglobalização, ou de uma neoglobalização sustentável, socialmente justa, ambientalmente correta, fiscalmente responsável, penso que estamos também defendendo interesses da população do planeta que não está aqui nem como membro efetivo do G20 nem como convidada”, disse.
Statement - Comunicado
Na entrevista coletiva – em que esteve acompanhado do secretário executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, e da secretária de Assuntos Internacionais, Tatiana Rosito –, o ministro falou ainda sobre a taxação de bilionários, os chamados “super-ricos”, informando que o Brasil fará novas contribuições sobre o tema no âmbito do G20. “Não podem haver tabus num mundo que busca soluções para crises dramáticas”, disse Haddad referindo-se aos grandes desafios sociais, ambientais, econômicos e políticos que afetam o mundo.
O ministro da Fazenda relatou que a Trilha Financeira obteve consenso em todos os temas tratados, o que estará expresso no comunicado (Chair’s summary) resultante da reunião de ministros de Finanças e presidentes de Bancos Centrais, que começou na quarta-feira (28/2) de manhã e foi concluída nesta quinta-feira. “A tarefa dos ministros de Finanças e presidentes de Bancos Centrais foi totalmente cumprida”, frisou.
Confira a coletiva no encerramento da reunião de ministros de Finanças e presidentes de Bancos Centrais, da Trilha de Finanças do G20
Por: Ministério da Fazenda
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