Conferência Livre na Fiocruz vai debater possibilidades e limites do acesso aberto
Participarão do debate pesquisadores e gestores ligados às áreas de informação e produção do conhecimento
A Fiocruz promove a Conferência Livre Acesso Aberto: Possibilidades e Limites dos Acordos Transformativos e APCs nos dias 9 e 10 de abril, com objetivo de debater as atuais tendências e disputas ao redor deste movimento internacional e influenciar as definições da próxima Estratégia Nacional Ciência, Tecnologia e Inovação (ENCTI) 2024-2030. Na terça-feira (9/4), das 9h às 12h, o Museu da Vida receberá o debate Acesso Aberto: Possibilidades e Limites dos Acordos Transformativos. A sessão abordará as lições aprendidas nos últimos anos em torno das temáticas do acesso aberto e novas perspectivas, como a implementação de acordos transformativos, que são novos modelos de negócio entre editoras de periódicos científicos.
Participarão do debate pesquisadores e gestores ligados às áreas de informação e produção do conhecimento de instituições como Fiocruz, Ministério da Saúde, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), dentre outras. Além de vagas presenciais, o evento terá transmissão ao vivo pelo canal da VídeoSaúde no YouTube . No segundo dia (10/4), o Núcleo de Ciência Aberta da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (Ensp/Fiocruz) promoverá a mesa de debates O Mercado da Publicação Científica e a Plataformização da Ciência: Riscos e Desafios. O evento ocorrerá no prédio da Ensp, sala 410, das 14h às 17h e contará com transmissão pelo canal da Escola no YouTube .
As inscrições para participar da conferência estão abertas, por meio de um questionário online .
As disputas ao redor do Acesso Aberto hoje
Ao promover a Conferência Livre, a Fiocruz estimula a colaboração para que pesquisadores, acadêmicos, profissionais, estudantes, editores científicos, alunos, gestores, entre outros interessados, contrastem suas ideias e experiências no tema do Acesso Aberto frente a uma nova conjuntura. Atualmente, os chamados Acordos Transformativos estão impulsionando a via dourada do Acesso Aberto – aquela que prevê o pagamento de taxas de processamento de artigos (Article Processsing Charges, APC em inglês) para operacionalizar a abertura de publicações científicas. Trata-se de um modelo de negócio promovido pelas editoras comerciais globais, que adotaram o argumento da abertura do conhecimento, para manter o faturamento desta indústria editorial. Sua principal estratégia é “transformar” o pagamento de assinaturas pelas bibliotecas para acessar catálogos pelo pagamento de APCs por instituições de pesquisa para que a publicação seja realizada em Acesso Aberto. Nesta concepção, o pagamento de taxas de publicação é a principal via (dourada) para viabilizar o Acesso Aberto.
Em uma perspectiva oposta, os defensores do Acesso Aberto Diamante entendem que a comunicação científica deve ser mantida, em sentido amplo, pela sua própria comunidade e instituições. Acumulam-se as críticas sobre a evasão de recursos públicos para oligopólios editoriais internacionais que estariam praticando taxas abusivas e insustentáveis, agregando pouco valor ao processo, mas lucrando fortemente com essa terceirização. Nesse sentido, advogam que a governança da comunicação científica deve ser realizada pela própria comunidade que investiria em manter revistas científicas de qualidade com recursos próprios, a partir de lógicas e interesses internos, isentando todos de pagamento de qualquer tipo de taxa. Seja para ler, seja para publicar.
Desdobramentos da Conferência Livre
As contribuições dos participantes da Conferência Livre serão sistematizadas e encaminhadas a 5a Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, que será realizada nos dias 4, 5 e 6 de junho, em Brasília, com o tema Ciência, Tecnologia e Inovação para um Brasil Justo, Sustentável e Desenvolvido. A Conferência Nacional vai analisar os programas e os planos da Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (ENCTI) 2016-2023, e os seus resultados, com vistas a propor recomendações para a elaboração da ENCTI 2024-2030. Os seus quatro eixos temáticos são: Recuperação, expansão e consolidação do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação; Reindustrialização em novas bases e apoio à inovação nas empresas; Ciência, tecnologia e inovação para programas e projetos estratégicos nacionais; e Ciência, tecnologia e inovação para o desenvolvimento social.
Confira a programação completa do evento no Portal Fiocruz.
Por: Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)
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