Lula pede mais integração com a América do Sul: "Vamos parar de ter medo"
Em Bogotá, presidente afirmou que Colômbia é "sócio indispensável" para essa tarefa. E completou: "Precisamos assumir a responsabilidade de definir que América do Sul nós queremos"
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao concluir viagem à Colômbia e cumprir extensa agenda política e de negócios bilaterais, afirmou a importância de maior integração da América do Sul e Caribe: “A vocação para unir o Caribe, o Pacífico e a Amazônia torna a Colômbia um sócio indispensável. Precisamos assumir a responsabilidade de definir que América do Sul nós queremos, que país nós queremos e que política de integração nós queremos”.
A visita do presidente Lula a Bogotá incluiu uma reunião bilateral com o presidente colombiano Gustavo Petro, e a participação no Fórum Empresarial Brasil-Colômbia, promovido pela ApexBrasil e a ProColombia.
Na pauta, discussões em torno da proteção à Floresta Amazônica e do fortalecimento de uma agenda ambiental conjunta e bem estruturada. Foco na importância do estabelecimento de acordo em áreas sociais e econômicas capazes de ampliar as relações bilaterais entre os dois países. E o trabalho em torno de parcerias que promovam cooperação de forças policiais e militares das duas nações.
O encontro entre os dois chefes de Estado também foi marcado pela assinatura de atos internacionais, entre eles memorandos de entendimento e termos de cooperação técnica em diversas áreas, e serviu para Brasil e Colômbia ressaltarem o compromisso de trabalharem juntos nos mais variados setores, principalmente em temas ligados à biodiversidade.
“Precisamos assumir o compromisso de exportar sustentabilidade. Quando participou da Cúpula de Chefes de Estado na América do Sul (em maio do ano passado), o presidente Petro afirmou que a América do Sul pode ser a 'Arábia Saudita da energia limpa'. E o presidente Petro tem toda a razão. A maior parte do fluxo de investimentos entre nossos países já se concentra no setor energético”, frisou Lula, ao discursar no Fórum Empresarial Brasil-Colômbia.
O secretário executivo do MDIC, Márcio Elias Rosa, também participou do Fórum. Ele apresentou os eixos da Nova Indústria Brasil, a nova política industrial lançada neste ano pelo governo brasileiro, e apontou áreas de oportunidades de investimento e ampliação do comércio, como setor energético, os bionegócios e o complexo industrial da saúde, além das obras de infraestrutura e saneamento, previstas no Novo PAC. “O Brasil é um campo fértil para a realização de investimentos”, afirmou aos empresários presentes.
Sem medo
Lula também mandou um recado aos empresários. “Vamos parar de ter medo uns dos outros. Vamos ter em conta que Brasil e Colômbia têm condições de triplicar o nosso fluxo da balança comercial”.
Ao final da participação no encontro, já durante a conversa com os jornalistas, Lula voltou a ressaltar as potencialidades da parceria entre os dois países no campo energético. Ele inclusive listou alguns setores cruciais nesta agenda: “Temos, na transição energética, a possibilidade extraordinária de atrair o mundo inteiro para contribuir nos investimentos, no desenvolvimento de uma nova matriz energética. Seja o hidrogênio verde, seja o etanol, seja a biomassa, seja a energia solar”.
Promovido pela ApexBrasil e pela agência de promoção comercial ProColômbia, o Fórum Empresarial Brasil-Colômbia contou com painéis sobre temas importantes como tecnologia, reindustrialização e integração produtiva, segurança alimentar e infraestrutura. Cerca de 300 pessoas dos governos brasileiro e colombiano, além do setor privado e mais de 20 líderes de empresas de diferentes setores de ambos os países, participaram do Fórum.
Ao analisar a balança comercial e as perspectivas de crescimento nos negócios entre os dois países em torno de uma economia verde e descarbonizada, Gustavo Petro disse que a Amazônia deve unir Brasil e Colômbia. “A selva amazônica não deve ser vista como um abismo entre os dois países. É justamente o contrário. Tem que ser uma ponte”, declarou o presidente colombiano.
Ações em várias frentes
Brasil e Colômbia assinaram nesta quarta-feira atos internacionais, entre eles memorandos de entendimento e termos de cooperação técnica em diversas áreas, como direitos das pessoas LGBTQIA+, migrantes, idosos, pessoas com deficiência e pessoas em situação de rua; combate ao tráfico de pessoas; desenvolvimento agrário e agricultura familiar; comunicação e tecnologia e cartografia, entre outros.
A ApexBrasil promoverá, entre esta quarta-feira até o dia 24 de abril, tanto na capital colombiana quanto em Medellín, segunda maior cidade do país, o lançamento do programa Jornada Exportadora. O objetivo é impulsionar negócios com empresários locais e a iniciativa permitirá que uma delegação de representantes de 13 empresas brasileiras de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) possam fazer uma imersão comercial na Colômbia para aprofundar os conhecimentos sobre as principais tendências do setor.
Os dois países mantêm um intercâmbio comercial significativo. O Brasil é o terceiro maior parceiro da Colômbia e as exportações brasileiras para o país apresentam tendência de crescimento desde 2003. No ano passado, o comércio bilateral totalizou US$ 6,1 bilhões. As exportações brasileiras alcançaram US$ 3,8 bilhões e as importações da Colômbia somaram US$ 2,3 bilhões.
O Brasil é a principal origem das importações colombianas de automóveis e suas partes (19% do total) e de papéis e cartões (19% do total); e a segunda de cereais (21% do total). Entre os produtos agropecuários brasileiros exportados para a Colômbia destacam-se as vendas de milho e de café não torrado, que respondem, respectivamente, por 12% e 5% do total exportado pelo Brasil em 2023.
Nas relações bilaterais entre os dois países, observa-se atualmente forte interesse em diferentes setores de ampliar a integração de cadeias produtivas nacionais em áreas como indústria automobilística, farmacêutica, cosmética, agroalimentar, de defesa e de produtos fitoterapêuticos. Estima-se haver grande margem para aumento das exportações brasileiras, tanto no setor industrial quanto no setor agropecuário. A estimativa é de que aproximadamente 70 empresas brasileiras operem naquele país.
Com Presidência da República e Apex
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