Economia

Habilitação de 38 novas fábricas amplia exportações de carne para a China

Presidente Lula acompanhou, em Campo Grande, primeiro lote de proteína animal a ser enviado ao país asiático. Nos últimos 15 meses, Brasil abriu 105 novos mercados em 50 países

Thays de Araújo | Agência Gov
12/04/2024 17:55
Habilitação de 38 novas fábricas amplia exportações de carne para a China
Ricardo Stuckert/PR

 

Abrir novos mercados no comércio internacional e ampliar os canais já existentes tem sido uma das metas do Governo Federal desde o início de 2023. Nos últimos 15 meses, o Brasil celebrou a abertura de 105 novos mercados, em 50 países, mais que o dobro do registrado no mesmo período da gestão anterior, quando 50 mercados foram abertos em 24 países.

Como resultado desse processo, a China habilitou, no mês passado, 38 novas plantas para receber carne importada do Brasil, o que fez com que o número de plantas saltasse de 107 para 145. Somadas, elas vão gerar um incremento de R$ 10 bilhões na balança comercial brasileira no decorrer dos próximos 12 meses.

E nesta sexta-feira (12/4), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva acompanhou em Campo Grande (MS) a finalização do primeiro lote para embarque de carne para o país asiático a partir das plantas recém-habilitadas. A carne foi despachada a partir de uma fábrica da JBS, empresa líder global em produção de alimentos à base de proteína. O presidente destacou que a habilitação dos novos frigoríficos faz parte da série de viagens internacionais que realizou desde o ano passado, citando encontros com 110 presidentes.


“E porque que é importante fazer essas reuniões? Por que quando eu volto, eu digo para meus ministros: ‘agora vocês preparam a bolsa de vocês, coloca o que o Brasil tem para vender embaixo do braço, e vá viajar o mundo’. Hoje, nosso fluxo de exportação e importação já ultrapassa os 560 bilhões de dólares. Se a gente tiver competência, se a gente trabalhar, a gente pode em mais 10 anos, chegar a 1 trilhão de dólares de comércio exterior, porque nós temos capacidade de vender, capacidade de produzir, qualidade, produtividade e temos mercado pra consumir também”, disse o presidente Lula.


Citando melhoras em índices econômicos, como o crescimento de 2,9% no Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todas as riquezas produzidas pelo país, no ano passado, a queda da inflação - em março, o IPCA, que mede a inflação oficial do país, ficou em 0,16%, menor índice para o mês desde 2020 - e a política de valorização permanente do salário mínimo, o presidente afirmou que o governo tem que oferecer condições para as pessoas progredirem na vida. “A economia tem que funcionar como uma roda gigante. A hora que o trabalhador ganha mais, ele vira consumidor. A hora que ele vira consumidor, ele vai na loja, no supermercado, comprar. A hora que ele vai na loja, a loja vai encomendar da fábrica, a fábrica vai produzir mais, e aí é um círculo virtuoso de geração de oportunidades para todos nós”, explicou o presidente Lula.

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, destacou que as viagens internacionais realizadas pelo presidente Lula geraram oportunidades e construção de acordos com outros países. E citou que o Brasil é reconhecido pela produção de qualidade, respeitando regras sociais e ambientais. “Ninguém no mundo produz com tanta sustentabilidade como os produtores brasileiros. Ningúem no mundo respeita mais o meio ambiente do que o produtor brasileiro. E isso é oportunidade de negócio", explicou.

 

Mercados abertos para exportações do Brasil desde janeiro de 2023

MATO GROSSO DO SUL – Antes desta nova lista de habilitações, o Brasil tinha 107 plantas autorizadas para operar na China, entre as habilitadas para proteínas de aves, bovinos e suínos. O Mato Grosso do Sul tinha apenas três frigoríficos habilitados para exportar carne bovina para os chineses. Agora conta com sete.

O estado foi o que mais se beneficiou das novas habilitações entre todas as Unidades da Federação. Antes, os frigoríficos de bovinos de Mato Grosso do Sul tinham potencial de exportar para a China um volume equivalente a no máximo 467 mil cabeças de gado por ano. Agora, são 2,3 milhões, acréscimo de mais de 1,8 milhão de cabeças.

Andressa Soares trabalha como faqueira na fábrica recém-habilitada de Campo Grande. Antes, ela trabalhava com os pais na lavoura em Minador do Negrão, cidade do interior de Alagoas. Agora, cita como a ampliação nas exportações vai gerar mais empregos. “A gente está exportando para a China. Quero que traga mais mercado para a gente poder ter mais vaga de emprego”, afirmou.

Ricardo Santin presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal e representante da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne, citou os impactos que as exportações trazem para a economia. “Somente uma planta (fábrica) de ave pode exportar 35 milhões de dólares por ano a mais. Quando falamos de uma planta de boi, vai poder exportar 150 milhões de dólares a mais todo ano. E dinheiro que sai lá do exterior, troca por um pedaço de carne, e vai ser distribuído por toda a cadeia: para o borracheiro, para o transportador, para o nosso colaborador, para o produtor, para todos que estão presentes. A gente consegue ser o maior exportador de aves, o maior exportador de boi e o quarto maior de suíno. O mundo olha para o Brasil como garantia de sustentabilidade e, acima de tudo, de comida boa com qualidade”.

ROTAS DE INTEGRAÇÃO SUL-AMERICANA - Além de ampliar as exportações, o Governo Federal vem atuando para escoar e tornar mais competitiva a produção brasileira para o mundo. Para isso, vem investindo em logística, com obras em estradas, ferrovias, portos e aeroportos. A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, informou que o Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC), investe quase R$ 70 bilhões por ano em infraestrutura, e citou o projeto de Integração Sul-Americana, que inclui cinco rotas para incentivar e reforçar o comércio do Brasil com os países da América do Sul e reduzir o tempo e o custo do transporte de mercadorias entre o Brasil e a Ásia. Ao abrir o caminho para o Pacífico, que torna o produto brasileiro mais competitivo, abre-se uma oportunidade para que o agronegócio e outros setores façam investimentos para agregar valor à produção local e gerar emprego de mais qualidade, observou a ministra. “É muito mais rápido, econômico e lucrativo, exportar pelo (Oceano) Pacífico. As rotas vão permitir que todos os nossos produtos que nós plantamos da agricultura familiar, da pecuária, do agronegócio, possam chegar mais rápido e mais barato para a China. Todos esses produtos não precisam mais ir para o porto do Sul ou o Porto de Santos. Eles vão poder chegar numa distância menor de até 10 mil km menor para chegar para a China. E nós estamos falando em diminuir a rota em até 21 dias”.

MAIS FORTE – Nesta semana, o Brasil celebrou a abertura do mercado da Coreia do Sul às exportações brasileiras de subprodutos de origem animal (farinhas e gorduras de aves) destinados à alimentação animal. O processo marcou a 27ª expansão para o agronegócio do país apenas em 2024, resultado do trabalho integrado entre Ministério da Agricultura e Pecuária e Ministério das Relações Exteriores.

A Coreia do Sul foi o oitavo destino para os produtos agrícolas brasileiros em 2023, somando US$ 3,37 bilhões em exportações. Segundo a Secretaria de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária, a abertura do mercado sul-coreano atende uma demanda da Associação Brasileira de Reciclagem Animal (ABRA) e de suas empresas associadas.

Esse processo também beneficia os empresários da Coreia do Sul, que projetam uma expansão da indústria coreana de rações, com o objetivo de atender o crescimento do número de animais domésticos na Ásia. A recente conclusão das negociações sobre o Certificado Sanitário Internacional (CSI) garante aos estabelecimentos brasileiros a habilitação para exportar esses produtos e reforça a confiança internacional no sistema de controle sanitário do Brasil, que ganhou mais força a partir de 2023.

CINCO CONTINENTES – Os 105 novos mercados abertos pelo Brasil desde 2023 encontram-se em 50 países, nos cinco continentes. Eles fortalecem um trabalho que vem sendo realizado desde a virada do século e que foi marcado por um acentuado crescimento do comércio exterior brasileiro.

Nas últimas duas décadas, as exportações brasileiras passaram de US$ 58,2 bilhões em 2001 para US$ 339,7 bilhões em 2023. Isso se deve a vários fatores, entre eles o eficiente desempenho de setores como o agronegócio e o mineral. Soma-se a isso o crescimento do volume de negócios com a China, cuja parceria resulta em compras anuais pelo país oriental de US$ 104 bilhões, quase um terço do total que o Brasil exporta.

Entre outros destaques recentes estão o comércio de algodão brasileiro com o Egito; o de carnes bovinas e suínas com o México e Singapura; o de suco de açaí com Índia; o de frango com Israel e Argélia; o de mamão com o Chile; o de arroz com o Quênia; o de pescados com Austrália, Egito e África do Sul; o de ovos com a Rússia; e o de café verde com a Zâmbia.

BANGLADESH, VIETNÃ E ASEAN No ano passado, o Brasil exportou US$ 2,1 bilhões para Bangladesh. Em 2014, eram US$ 869 milhões, um crescimento expressivo em dez anos. Outro exemplo é o Vietnã. Em 2014, o mercado vietnamita havia comprado US$ 1,6 bilhão do Brasil. Em 2023, as exportações para o país, um dos dez membros da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean), chegaram a US$ 3,7 bilhões.

Nos últimos 20 anos, o comércio entre o Brasil e a Asean cresceu o equivalente a 11 vezes. Em 2023, as exportações para Cingapura, Indonésia, Malásia, Vietnã e Tailândia, cinco principais mercados da Asean, somaram US$ 22,7 bilhões. O valor supera o registrado com as exportações para cinco integrantes do G7 somados (Japão, Alemanha, Itália, Reino Unido e França), que foi de US$ 22,6 bilhões.

Com Planalto

*Matéria atualizada às 14h

 

Confira aqui o evento em Campo Grande (MS):

 

 

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