InfoGripe: Síndrome Respiratória Aguda Grave aumenta em crianças, jovens e adultos
O atual quadro é decorrente do crescimento, em diversos estados, de diferentes vírus respiratórios como influenza (gripe), vírus sincicial respiratório (VSR) e rinovírus
Divulgado nesta quinta-feira (28/3), o novo Boletim InfoGripe da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) aponta aumento dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em crianças, jovens e adultos no cenário nacional. O atual quadro é decorrente do crescimento, em diversos estados, de diferentes vírus respiratórios como influenza (gripe), vírus sincicial respiratório (VSR) e rinovírus. A análise mostra também reversão de tendência do incremento de casos de SRAG na população a partir de 50 anos de idade, que é atribuída à diminuição dos casos de SRAG por Covid-19 no Centro-oeste e Sudeste, assim como a desaceleração do crescimento na região Sul. No país, há indícios de aumento de SRAG na tendência de longo prazo (últimas seis semanas) e de estabilidade na de curto prazo (últimas três semanas). A atualização, que tem como base os dados inseridos no Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) até 25 de março, é referente à Semana Epidemiológica (SE) 12, de 17 a 23 de março.
Pesquisador do Programa de Computação Científica da Fiocruz (Procc/Fiocruz) e coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes observa que essa conjuntura mascara o crescimento dos casos de SRAG pelos demais vírus respiratórios nessas faixas etárias, especialmente aqueles associados ao vírus influenza A. “Esse cenário é fundamentalmente igual ao da semana passada. Manutenção de queda nas internações associadas à Covid-19 no Centro-sul, contrastando com o aumento de VSR e rinovírus em praticamente todo o país (incluindo o Centro-sul) e influenza A no Norte, Nordeste, Sudeste e Sul”, informa Gomes.
Em alguns estados, como São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, quando verifica-se o total de novas internações por SRAG, sem a análise por faixa etária, observa-se cenário de estabilidade. O pesquisador destaca que, na verdade, esse quadro decorre da queda na Covid-19, camuflando o aumento nas internações pelos demais vírus respiratórios. “Se olhamos apenas para as crianças, onde principalmente o VSR e o rinovírus estão mais presentes nas internações, vemos claramente o sinal de aumento expressivo de SRAG”, explica Gomes. Ele também ressalta a importância dos cuidados para a prevenção. “Em casos de infecções respiratórias, sintomas de gripe e resfriados, deve-se procurar encaminhamento médico, além de manter repouso e usar uma boa máscara sempre que precisar sair de casa. A vacinação também é fundamental. A vacina da gripe está disponível em diversos locais”.
Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos como resultado positivo para vírus respiratórios foi de 16,1% para influenza A; 0,4% para influenza B; 30,1% para VSR; e 40,7% para Sars-CoV-2 (Covid-19). Entre os óbitos, a presença destes mesmos vírus entre os positivos foi de 13,9% para influenza A; 0% para influenza B; 5% para VSR; e 79,3% para Sars-CoV-2.
Incidência e mortalidade
A incidência de SRAG por Covid mantém o cenário de maior impacto nas crianças de até dois anos e população a partir de 65 anos de idade. O aumento da circulação do VSR tem gerado crescimento expressivo da incidência de SRAG nas crianças pequenas, superando aquela associada à Covid-19 nessa faixa etária. Outros vírus respiratórios com destaque para a incidência de SRAG nas crianças pequenas continuam sendo o Sars-CoV-2 (Covid-19) e rinovírus. Já o vírus influenza vem aumentando a incidência de SRAG em crianças, pré-adolescentes e idosos. Quanto à mortalidade por de SRAG tem se mantido significativamente mais elevada nos idosos, com amplo predomínio de Covid-19.
A incidência e mortalidade semanal média, nas últimas oito semanas epidemiológicas, mantém o cenário típico de maior impacto nos extremos das faixas etárias analisadas. No entanto, o aumento da circulação do VSR tem aumentado a incidência de SRAG nas crianças até dois anos de idade, tendo superado aquela associada ao Sars-CoV-2 nessa faixa etária. Em termos de mortalidade, a população a partir de 65 anos continua sendo a mais impactada, fundamentalmente por conta do Sars-CoV-2.
Estados e capitais
A atualização mostra que 21 estados apresentam crescimento de SRAG na tendência de longo prazo: Acre, Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Rondônia, Santa Catarina, Sergipe e Tocantins.
Em relação aos casos de SRAG por Covid-19, mantém-se indícios de queda nos estados do Centro-oeste e Sudeste, e desaceleração do crescimento na região Sul. Por outro lado, há sinal de aumento nas SRAG por influenza A em estados do Nordeste, Sudeste e Sul. Também observa-se aumento recente de SRAG por VSR em estados de todas regiões, impactando principalmente as crianças de até dois anos de idade, além de rinovírus em crianças e pré-adolescentes.
Entre as capitais, 23 apresentam crescimento nos casos de SRAG: Aracaju (SE), Belém (PA), plano piloto e arredores de Brasília (DF), Campo Grande (MS), Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Fortaleza (CE), Goiânia (GO), João Pessoa (PB), Macapá (AP), Maceió (AL), Manaus (AM), Natal (RN), Palmas (TO), Porto Alegre (RS), Porto Velho (RO), Recife (PE), Rio Branco (AC), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), São Luís (MA), Teresina (PI) e Vitória (ES).
Por: Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)
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