Iphan promove encontros de formação de agentes culturais
Uma das oficinas teve parceria do Sebrae. Objetivo é fortalecer a preservação e a difusão de bens culturais materiais e imateriais do Brasil e gerar trabalho e renda
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) tem desenvolvido encontros e oficinas para formar ou aperfeiçoar pessoas que trabalham com preservação e divulgação de bens culturais brasileiros.
No último sábado (13), o Iphan promoveu, em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), um encontro com detentores das Matrizes Tradicionais do Forró, da Literatura de Cordel, da Roda de Capoeira e Ofício dos Mestres de Capoeira, e do Ofício das Baianas de Acarajé , bens registrados como Patrimônio Cultural do Brasil . A ação foi realizada no Centro Sebrae de Referência do Artesanato Brasileiro (CRAB), no Rio de Janeiro.
Com uma metodologia de integração e escuta ativa, o evento teve como objetivo promover o diálogo e ouvir as demandas relacionadas à qualificação dos detentores. A partir das necessidades expostas, será construída uma trilha de capacitação voltada especificamente para esse público, com previsão de início para junho.
Empreendedorismo, captação de recursos, construção de portfólio, marketing digital e direitos autorais são algumas temáticas que poderão ser trabalhadas nessa trilha formativa , ainda em elaboração . No encontro, os detentores de bens culturais registrados também puderam entender como funcionam as atividades desenvolvidas pelo Sebrae e como a instituição pode atuar como uma parceira em diversas iniciativas.
Quem são detentores
Segundo o Iphan, detentores são pessoas ou coletivos que possuem conhecimentos específicos sobre bens culturais e são os principais responsáveis pela sua transmissão para as futuras gerações, pela continuidade da prática e dos valores simbólicos a ela associados ao longo do tempo.
Para o Coordenador Estadual do Fórum do Forró, Paulo Lima, iniciativas como essa ajudam a preparar o profissional para transformar sua arte em produto. "A parceria do Iphan com o Sebrae é muito importante para os detentores, pois na área cultural em que trabalhamos existe um despreparo grande sobre aspectos econômicos, artísticos, entre outros. Ter acesso a informações sobre como inserir nosso trabalho no mercado e fazer dele um produto pode nos ajudar a ter um alcance maior do nosso propósito”, conclui o detentor.
Olhos D´Água
Já nos próximos dias 22 e 26 de abril, os moradores do distrito de Olhos D’Água, em Alexânia (GO), vão discutir, em conjunto, o que reconhecem como seu Patrimônio Cultural . A Oficina de Inventário Participativo, promovida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), possibilitará, além de uma leitura do espaço e das práticas culturais que lá ocorrem, a aproximação institucional com os diferentes níveis de governo e sociedade civil.
A programação da oficina será norteada pelos princípios da humanização, da colaboração, da responsabilidade compartilhada, da participação ativa, da atuação em rede, da integração, do desenvolvimento sustentável, do direito à cidade, do acesso equitativo, do respeito às diversidades locais e da transversalidade . Estes são alguns dos pilares que integram a Política do Patrimônio Cultural Material, instituída pela Portaria nº 375 de 2018. Por meio do Inventário Participativo, a comunidade se torna protagonista para indicar o que lhe discerne e lhe afeta como patrimônio.
A história de Olhos D’Água retrata o processo de ocupação do interior do Centro -Oeste brasileiro, com base na ruralidade e na religiosidade, como tantos outros núcleos urbanos após o fim do ciclo do ouro . Ao mesmo tempo, é também única em razão dos valores culturais cultivados pela comunidade de origem e pelos que ali chegaram, a partir dos anos 1970, em uma relação simbiótica com o meio ambiente natural, se configurando como um rico estudo de caso de identificação para o Iphan.
Ao longo dos meses de abril e maio , também estão previstos encontros de sensibilização e escuta com detentores do Jongo no Sudeste e das Matrizes do Samba no Rio de Janeiro: Partido-Alto, Samba de Terreiro e Samba-Enredo.
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