Igualdade racial

Incra reconhece terras do quilombo onde viveu Mãe Bernardete

Decisão encaminha desapropriação de imóveis privados no território quilombola Pitanga de Palmares, na Bahia

Isaías Dalle e Thays de Araújo | Agência Gov
08/04/2024 16:10
Incra reconhece terras do quilombo onde viveu Mãe Bernardete
Arte sobre foto de Wallison Braga/Conaq

 

Foi publicada nesta segunda-feira (8/4), no Diário Oficial da União, a portaria de reconhecimento do território quilombola Pitanga de Palmares – localizado entre os municípios de Simões Filho e Candeias, na região Metropolitana de Salvador, na Bahia. O objetivo é dar celeridade à regularização fundiária das terras onde viveu a ialorixá e ex-secretária de Promoção da Igualdade Racial de Simões Filho (BA), Mãe Bernadete. A decisão ocorre quase oito meses após o seu assassinato em função da disputa de terras.

Um dos territórios quilombolas mais emblemáticos do Brasil, as terras possuem uma área de 852,2 hectares. A ação beneficia 536 famílias remanescentes de quilombos cadastradas que residem na comunidade.

De forma inédita, a portaria delimita as áreas privadas que integram o Pitanga de Palmares, de acordo com o Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID). São as fazendas Mãe Natureza, São Francisco e o imóvel rural desmembrado dessa última fazenda, com a mesma denominação, somando 646,8 hectares.

O chefe do Serviço de Regularização de Territórios Quilombolas do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) na Bahia, Flávio Assiz, destaca que a publicação é fruto da força-tarefa realizada pela autarquia em novembro de 2023 no local, com a participação de secretarias e órgãos do Governo da Bahia.

“Para adiantar o processo de regularização fundiária, dividimos a portaria em duas. Agora estamos reconhecendo os limites das áreas privadas. Com o fim da ação discriminatória, iremos publicar o reconhecimento das terras públicas”, frisa Assiz.

Áreas


Com a portaria, o Incra entra na fase de desapropriação das propriedades particulares. São preparadas as documentações necessárias desses imóveis rurais para envio à Presidência da República com a finalidade de que sejam expedidos os decretos autorizando as desapropriações por interesse social.

Já a Superintendência do Desenvolvimento Agrário (SDA), ligada à Secretaria Estadual do Desenvolvimento Rural (SDR), continua a realizar as ações discriminatórias com objetivo de arrecadar as terras públicas inseridas no território. Posteriormente, essas áreas serão transferidas para o domínio da comunidade.

A ação discriminatória de terras consiste no processo de separar as terras devolutas, ou seja, que pertencem ao estado, das não devolutas.

Outra portaria


Também nesta segunda-feira (8), foi publicada a portaria de reconhecimento do território quilombola Jiboia, localizado entre os municípios de Antônio Gonçalves e Filadélfia, no território de identidade de Piemonte Norte do Itapicuru.

Com informações do Incra

Link: https://www.gov.br/incra/pt-br/assuntos/noticias/portaria-delimita-imoveis-privados-inseridos-no-territorio-quilombola-pitanga-de-palmares-ba
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