Governo costura acordo que encerra embargo de 25 anos a assentamento do Mato Grosso
Conciliação permitirá que mais de 400 famílias de pequenos agricultores tenham acesso a financiamentos para plantações e servirá de modelo para ser replicado em outras localidades
Termo de Conciliação assinado nesta terça-feira (07/05) na sede da Advocacia-Geral da União (AGU), em Brasília, vai permitir que os pequenos agricultores do Assentamento Jonas Pinheiro, nas cidades de Sorriso e Vera, Norte do Mato Grosso, passem a ter acesso a programas de crédito para financiar as plantações.
O acordo foi assinado pelo advogado-geral da União, Jorge Messias, pelo ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, e pelos presidentes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho, e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), César Fernando Schiavon Aldrighin.
Intermediado pela AGU, o acordo encerra mais de 25 anos de disputa envolvendo um embargo ambiental imposto ao assentamento que inviabilizava o acesso dos assentados a programas de crédito. A partir de agora, as mais de 400 famílias de agricultores passam a ter direito aos programas do Governo Federal voltados para a agricultura familiar, entre eles, o financiamento do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).
O acordo prevê que o Ibama suspenda o embargo do assentamento a partir da implantação, pelos assentados, de um projeto de regularização ambiental elaborado pela Procuradoria Nacional de Defesa do Clima e do Meio Ambiente (Pronaclima) que prevê, entre outras medidas, a recuperação de 20% da vegetação suprimida. Já ao Incra caberá a inscrição do assentamento no Cadastro Ambiental Rural.
Exemplo de sustentabilidade
“O replantio do que foi desmatado também servirá de modelo para que os assentamentos sejam exemplos de sustentabilidade e de preservação ambiental. Essas medidas vão garantir segurança jurídica para que as famílias produzam com tranquilidade e com dignidade, assinalou o advogado-geral da União, Jorge Messias, durante a assinatura do acordo. “É só o começo. Escolhemos o Assentamento Jonas Pinheiro para ser vanguarda de um novo padrão para resolver os embargos ambientais e devolver dignidade às famílias”, acrescentou.
O ministro Paulo Teixeira ressaltou a importância da participação da AGU na conciliação. “A AGU foi a nossa parceira e temos que reconhecer que o trabalho incansável do Jorge Messias, em conjunto com o MDA, Ibama e Incra, abriu a possiblidade de replicar o acordo em vários assentamentos, que serão referência na proteção ambiental. E essa nova visão da AGU vai ajudar o Brasil a enfrentar a crise climática”, afirmou Paulo Teixeira.
“A gente quer que as pessoas estejam regularizadas, que as pessoas entendam a necessidade de conservar o meio ambiente", disse o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho. "Um assentado embargado é como se ele fosse proibido de produzir. Nós podemos caminhar na direção da regularização fundiária e ambiental dos assentamentos do nosso país. Eu acho que é um passo importante, é um passo necessário e nós tivemos a coragem de enfrentar. Estamos agora assinando o primeiro desembargo, mas queremos que seja o primeiro de muitos”, completou.
O presidente do Incra também destacou a relevância do acordo. “É fundamental o passo que estamos dando hoje. Chegamos a um modelo em um assentamento, mas são mais de 1,3 mil assentamentos com problemas ambientais no país e nós vamos trabalhar de forma conjunta, Incra e Ibama com a AGU nos ajudando, para a gente proporcionar a regularização ambiental desses assentamentos. São mais de 300 mil famílias em assentamentos que esperam essa ação", assinalou César Schiavon. “Estou muito agradecido à AGU e ao trabalho conjunto com o Ibama. A gente está tendo uma oportunidade muito grande de atender ao que o presidente Lula nos pediu: proporcionar regularização para que as famílias acessem o crédito e produzam alimentos”, concluiu.
Por AGU
A reprodução é gratuita desde que citada a fonte