Em Bogotá, Brasil celebra a maior de suas ações em feiras internacionais do livro
Brasil e Colômbia reafirmaram a intenção de desenvolvimento conjunto de políticas em ações com bibliotecas, economia do livro e literatura, pontos de cultura e audiovisual
Quinze dias de programação .Uma comitiva com 60 escritores, escritoras, intelectuais atuantes na programação literária e no Ciclo Afro. Doze editoras .E um público de mais de 325 mil só no Pavilhão Brasil . Esses são alguns dos números da participação brasileira na Feira Internacional do Livro de Bogotá ( FILBo ) 2024, encerrado na última quinta-feira (2).
A FILBo tem expectativa de gerar negócios na ordem de US$ 220 mil dólares, além de desdobramentos indiretos. O que dá ao evento o título de maior feira internacional do livro por onde o Brasil já passou em sua história.
"Além da oportunidade de trocar conhecimento e saberes, a participação brasileira reafirmou os lanços entre Brasil e Colômbia. Países com características comuns e que sempre viram na Cultura um caminho do transformação social. Ao longo de pouco mais de duas semanas, a delegação do MinC pode visitar espaços, equipamentos e ações sociais e culturais que mostram que a troca de conhecimento é poderosa", contextualiza a ministra da Cultura, Margareth Menezes.
Iniciado em 17 de abril, o evento contou com a presença do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, da ministra da Cultura, Margareth Menezes, além de quase uma dezena de ministros de estado, autoridades e gestores do Sistema MinC, como o secretário de Formação, Livro e Leitura ( Sefli ), Fabiano Piúba ; o presidente da Fundação Biblioteca Nacional (FBN), Marco Lucchesi, o presidente da Fundação Cultural Palmares (FCP), João Jorge Rodrigues; o diretor de Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas (DLLB), Jéferson Assumção ; e a subsecretária de Espaços e Equipamentos Culturais, Cecília Sá.
Além da presença de intelectuais da programação do Ciclo Afro, destacam-se a curadoria de Stephanie Borges e a presença de escritores de perspectivas e vozes diversas, como Ailton Krenak, Amílcar Bettega, André Miranda, Auritha Tabajara, Bernardo Carvalho, Bia Barros, Daiara Tukano, Daniel Munduruku, Eliane Marques, Eliane Potiguara, Estevão Azevedo, Evando Nascimento, Gabriel Góes, Gabriela Güllich , Geovane Martins, Guilherme Gontijo Flores, Jefferson Costa, João Carrascoza, Juliana Russo, Luciany Aparecida, Marcelino Freire, Marcello Quintanilha, Mário Araújo, Paullinny Tort , Rafael Coutinho, Raphael Montes, Rita Carelli, Roger Mello.
Programação
A participação brasileira na FILBo 2024 resultou de uma ação conjunta entre o MinC e o Ministério das Relações Exteriores (MRE), por meio do Instituto Guimarães Rosa (IGR), da Embaixada do Brasil em Bogotá, da Fundação Biblioteca Nacional (FBN) e do Instituto de Cultura Brasil Colômbia ( Ibraco ).
A programação geral contou com mostra de literatura brasileira, quadrinhos, cinema, cursos e oficinas, além de uma programação musical, abertura com Fabiana Cozza e encerramento com Hermeto Pascoal. O secretário Fabiano Piúba ressaltou que a FILBo é uma das feiras mais importantes na região da América Latina, juntamente com as de Guadalajara, Bogotá, as Bienais do Rio e São Paulo, e de Buenos Aires, nas perspectivas de mercado e de difusão da literatura. O Brasil já foi homenageado outras duas vezes, na 8ª e na 25ª edição, em 1995 e 2012, respectivamente.
“E destaco justamente essa dimensão política: foi a primeira vez que o presidente Lula participou da abertura de uma feira de livro em que o Brasil foi convidado. E isso já dá uma relevância. E nesse caminho, foi assinado um Memorando entre os dois ministérios em torno de pautas importantes que vão desde o patrimônio e a memória, as artes, com destaque nessa relação do livro, leitura e formação”, afirma.
O acordo entre Brasil e Colômbia vai estabelecer, conforme explica o secretário, uma agenda importante de trabalho com uma prioridade para as bibliotecas públicas. “O Brasil está retomando uma ação de cooperação que já foi muito forte. E acreditamos que essa questão das bibliotecas e a relação dos sistemas dos dois países será uma pauta muito frutífera na qualificação das nossas políticas”, ressalta Fabiano Piúba .
Cerlalc
Para o secretário do MinC , outra agenda estratégica foi o encontro interministerial do Brasil e da Colômbia com o Centro Regional para o Fomento do Livro na América Latina e o Caribe ( Cerlalc ), cuja presid ência do Conselho, atualmente, é brasileira .
“Tivemos uma reunião muito simbólica e produtiva e foi assinado um documento que chamamos de ‘Comunicado de Bogotá para o fomento da leitura, do livro e das bibliotecas para a construção de uma sociedade justa e equitativa’, com linhas de ações importantes”, aponta. Ele conta ainda da realização de um outro encontro técnico com o Centro sobre a Rede Ibero-Americana dos Planos Nacionais (Redplanes) e como o Cerlalc pode ajudar na elaboração da metodologia do PNLL.
Outra ação muito salutar foi em relação à pauta da formação artística e cultural. “Tivemos uma reunião muito boa: eles têm um Sistema Nacional de Educação e Formação Artística e Cultural, por meio de um Decreto. Durante o encontro, dialogamos sobre a possibilidade de uma cooperação acerca desse sistema”, frisa Piúba.
A Colômbia é o país convidado de honra da 27ª edição da Bienal Internacional do Livro de São Paulo, que será realizada entre os dias 6 e 15 de setembro de 2024.
Diversidade
Também presente no evento, o diretor do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas, Jéferson Assumção , ressaltou a diversidade dos convidados. “ O Brasil se fez presente com vozes diversas e qualificadas, dando mostras também da importância de nosso país vizinho para nossas relações regionais” .
O MinC e MRE levaram também um grupo de bibliotecários e de mediadores de pontos de leitura, que puderam conhecer de perto as experiências da Bibliorede , o sistema de bibliotecas públicas da Colômbia, modelo para outros países da América Latina e Caribe, bem como interagir com iniciativas de alto valor para a biblioteconomia, como as bibliotecas Luiz Ángel Arango e Vergilio Barco, ambas modelos para as demais gerações de bibliotecas centros culturais, como as desenvolvidas em Medellín, Santiago do Chile e no Brasil (Rio de Janeiro e Biblioteca Pública de São Paulo).
Para ele, um importante destaque foi a possibilidade de aproximar o Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas do Brasil às Biblioredes de Medellín e Bogotá. “ Além da F ILB o , a ministra foi também a Medellín, para conhecer as bibliotecas parque daquela cidade. Aproximar o Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas do Brasil às de Medellín e de Bogotá é mais um grande passo rumo ao desenvolvimento como centros culturais potentes na formação de leitores. Neste quesito, Bogotá e Medellín são incontornáveis exemplos de boas práticas desde o final dos anos 50. Outro ponto importante é a renovação das relações entre as bibliotecas nacionais do Brasil e da Colômbia ”, frisou Jéferson Assumção .
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