“Grande desafio pela frente é a agilidade para resolver questão habitacional”, diz Paulo Pimenta
Durante 1h40 de entrevista em live no YouTube, ministro extraordinário da Reconstrução do RS falou sobre questões emergenciais e o estudo pedido por Lula para soluções definitivas estruturais
Em entrevista coletiva durante live no YouTube, neste domingo (19/5), o ministro Paulo Pimenta, da Secretaria Extraordinária para Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, deu um panorama sobre a dimensão do trabalho do Governo Federal voltado para a reconstrução do estado gaúcho e o apoio à população atingida pela tragédia climática.
Pimenta enumerou as diversas frentes de atuação, como nas áreas de educação, saúde, agricultura, infraestrutura e economia, entre tantas outras, destacando a importância da presença do Governo Federal no Rio Grande do Sul.
“O Governo Federal entendeu que, pela complexidade, pela magnitude do tamanho do desafio, era preciso ter uma presença permanente, focada no estado. Para encurtar caminhos, e para dar o suporte necessário na relação com o governo do estado e com as prefeituras”
Paulo Pimentata, ministro da Secretaria Extraordinária para Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul
O ministro afirmou que o próximo grande desafio será a transição das pessoas que hoje estão em abrigos para as novas moradias. “Dessas 80 mil pessoas que hoje estão em abrigo, talvez algumas possam voltar para casa, muitas não, e esse grande universo de pessoas que estão fora de abrigos, mas também não têm casa para voltar. Então, esse é o grande debate ainda. Como é que o poder público oferece dignidade e condição para que as pessoas façam uma transição adequada até poder chegar o momento em que elas voltarem a ter uma casa? E aí existem visões diferentes, existem concepções distintas que vão aflorar de forma muito intensa a partir dos próximos dias.”
Pimenta citou a decisão do governo de expandir o programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), de forma a facilitar o acesso das famílias que perderam suas moradias e aproveitar imóveis de vários tipos para uso imediato nos municípios afetados. A demanda por moradias deve ser informada pelas prefeituras por meio do formulário no site do Ministério das Cidades.
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Projetos engavetados
O ministro comentou o descaso de gestões anteriores do Governo Federal, que engavetaram projetos de prevenção de enchentes para o Rio Grande do Sul. “Em 2015, no governo Dilma, no PAC 1, essa região teve sete projetos aprovados para prevenção de enchentes e proteção de encostas. Com o golpe e com o fim do Ministério das Cidades, esses sete projetos pararam, nunca mais receberam um centavo. Todos os municípios do Brasil, durante sete anos, ficaram sem nenhum centavo para prevenção de enchentes ou proteção de encostas.” Nesse sentido, Pimenta afirmou que o presidente Lula “já encomendou estudo para soluções definitivas estruturais para toda a região metropolitana”.
O ministro disse ainda que, ao mesmo tempo em que há regiões gaúchas que começam a discutir reconstrução, outras estão em fase mais delicada da tragédia ambiental. “Tem regiões do estado em que a água ainda está subindo. Tem regiões em que a água já baixou. Nós já estamos iniciando o trabalho de limpeza, de restabelecimento, começando a discutir a reconstrução. Nós temos a região metropolitana de Porto Alegre, onde boa parte dela está embaixo d'água. E nós temos a região sul do estado. Pelotas, Rio Grande, São Lourenço, onde a Lagoa dos Patos vai para o mar, que ela ainda está subindo. E ainda vai subir mais. E tem previsão de chuva para essa semana. Existe uma infinidade de frentes de atuação do Governo Federal.”
Pimenta lamentou que, em meio a todas as dificuldades, ainda seja preciso enfrentar a indústria das fake news. “Eles tentam negar permanentemente e, principalmente, a questão das Forças Armadas. Eles não aceitam a ideia de que as Forças Armadas não apoiaram o golpe. Então essa presença grande hoje, do Exército, da Marinha, da Aeronáutica, das forças civis, da Defesa Civil, trabalhando de forma unificada, de forma articulada, isso incomoda. Porque é o Estado dando uma resposta. Uma resposta efetiva, uma resposta forte, e coordenada pelo presidente Lula”, disse.
Ele também comentou sobre ter sido escolhido pelo presidente Lula para comandar a nova Secretaria Extraordinária para Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul. “É preciso ter alguém que possa falar com todo mundo, que possa falar com o governador, que tenha trânsito na bancada estadual, na bancada federal, então esse é o papel desse ministério. Então eu acho que nós estamos absolutamente corretos na estratégia da ação, da prioridade que o presidente Lula estabeleceu em todos os ministérios, de determinar alguém da sua relação pessoal, da sua confiança, para coordenar essa ação do governo, para dar o suporte necessário para o governo do estado e para as prefeituras, e dar a resposta e fazer com que essa resposta chegue com rapidez.”
Confira os principais pontos da entrevista do ministro Paulo Pimenta:
NO MEIO DA TRAGÉDIA – Em qualquer tragédia com essas características, no primeiro momento, a prioridade é salvar vidas das pessoas. E nós fizemos isso com força total. Infelizmente, ainda temos aí, em torno de 100 desaparecidos. Temos um número de óbito que ultrapassou a 150. E nós ainda estamos no meio da tragédia. Por que eu digo no meio da tragédia? Porque tem regiões do Estado que a água ainda está subindo. Tem regiões do estado em que a água ainda está subindo. Tem regiões em que a água já baixou. Nós já estamos iniciando o trabalho de limpeza, de restabelecimento, começando a discutir a reconstrução. Nós temos a região metropolitana de Porto Alegre, onde boa parte dela está embaixo d'água. E nós temos a região sul do estado. Pelotas, Rio Grande, São Lourenço, onde a Lagoa dos Patos vai para o mar, que ela ainda está subindo. E ainda vai subir mais. E tem previsão de chuva para essa semana. Existe uma infinidade de frentes de atuação do governo federal.
DIMENSÕES DA CATÁSTROFE – Nós estamos diante de uma tragédia que tem muitas dimensões. Só na área da educação são centenas de prédios, de creches, de escolas, de universidades, de institutos federais que foram atingidos. Na área da saúde, uma outra quantidade enorme de hospitais, de unidades de saúde. Na área da habitação… As rodovias federais… A parte da infraestrutura dos municípios, que vai para a integração nacional. A área da cultura, a área do turismo. O que fazer com a reestruturação da atividade econômica no campo e na cidade, no campo da agricultura familiar, das agroindústrias, a manutenção dos postos de trabalho. Na área urbana, desde a questão do MEI, os micro, pequenos, médios, grandes. O Governo Federal entendeu que, pela complexidade, pela magnitude do tamanho do desafio, era preciso ter uma presença permanente, focada no estado. Para encurtar caminhos, e para dar o suporte necessário na relação com o governo do estado e com as prefeituras.
TRANSIÇÃO HABITACIONAL – O grande desafio que nós temos pela frente no próximo período é agilidade para poder oferecer casa, agilidade para resolver a questão habitacional, e como fazer a transição. Dessas 80 mil pessoas que hoje estão em abrigos, talvez algumas possam voltar para casa, muitas não, e há esse grande universo de pessoas que estão fora de abrigos, mas também não têm casa para voltar. Então, esse é o grande debate ainda. Como é que o poder público oferece dignidade e condição para que as pessoas façam uma transição adequada até poder chegar o momento em que elas voltarem a ter uma casa? E aí existem visões diferentes, existem concepções distintas que vão aflorar de forma muito intensa a partir dos próximos dias.
FAKE NEWS – Desde o momento da tragédia, foi acionado o mesmo ecossistema de desinformação utilizado durante a pandemia e utilizado durante a eleição. Os mesmos influenciadores, os mesmos parlamentares, o mesmo método de produção de conteúdo, de disseminação de forma industrial. Por quê? Porque em momentos como esse é tão importante para a extrema direita acionar esse sistema? Eles tentam negar permanentemente e, principalmente, a questão das Forças Armadas. Eles não aceitam a ideia de que as Forças Armadas não apoiaram o golpe. Então essa presença grande hoje, do Exército, da Marinha, da Aeronáutica, das forças civis, da Defesa Civil, trabalhando de forma unificada, de forma articulada, isso incomoda. Porque é o Estado dando uma resposta. Uma resposta efetiva, uma resposta forte, e coordenada pelo presidente Lula.
INTERLOCUÇÃO – Vocês queriam o quê? Que o presidente Lula colocasse para coordenar isso alguém que não conhece o Rio Grande do Sul? Alguém que não tem trânsito dentro do governo? Hoje de manhã eu já falei com o Haddad, já falei com o Camilo, já falei com o Múcio, já falei com praticamente todos os... Já falei com o ministro Waldez, já falei com o presidente três ou quatro vezes. É preciso ter alguém que possa falar com todo mundo, que possa falar com o governador, que tenha trânsito na bancada estadual, na bancada federal, então esse é o papel desse ministério. Então eu acho que nós estamos absolutamente corretos na estratégia da ação, da prioridade que o presidente Lula estabeleceu em todos os ministérios, de determinar alguém da sua relação pessoal, da sua confiança, para coordenar essa ação do governo, para dar o suporte necessário para o governo do estado e para as prefeituras, e dar a resposta e fazer com que essa resposta chegue com rapidez. Então esse caminho é o caminho que nós defendemos, que nós vamos aprimorá-lo, nós vamos ter uma presença forte do Governo Federal, e aquelas coisas que são da nossa responsabilidade evidentemente que, na medida que as respostas forem sendo dadas, nós vamos divulgar para a população saber, que o governo está presente, que o governo está fazendo, qual é a nossa participação e qual é a nossa responsabilidade.”
SAÚDE – Nós temos uma presença muito forte da saúde hoje. Temos três hospitais de campanha do Ministério da Saúde. A Força Nacional do SUS está conosco desde o primeiro momento. Nós tivemos uma quantidade enorme de unidades de saúde atingidas. E nós temos uma situação muito delicada que envolve a quantidade de pessoas, voluntários, agentes, que estão trabalhando já há quase 20 dias. Muitos deles trabalhando molhados, trabalhando em situação insalubre. E nós precisamos ter todo o cuidado de vacina, de contrapartida, de remédio, de atenção da Força Nacional do SUS. Então, está sendo exemplar a presença da saúde, né?
PROJETOS INTERROMPIDOS – Em 2015, no governo Dilma, no PAC 1, essa região teve sete projetos aprovados para prevenção de enchentes e proteção de encostas. Com o golpe e com o fim do Ministério das Cidades, esses sete projetos pararam, nunca mais receberam um centavo. Todos os municípios do Brasil, durante sete anos, ficaram sem nenhum centavo para prevenção de enchentes ou proteção de encostas. Essa região também.
RETIRADA DA ÁGUA – Neste momento, o Governo Federal mobilizou um enorme esforço, através das Forças Armadas, com o nosso trabalho direto, para viabilizar, chegar no Rio Grande do Sul, grandes bombas para expulsar essa água. Um metro e meio de água. Milhares de casas embaixo d'água. Se nós não botarmos bombas para tirar, a água não vai sair. Então foram conseguidas 18 bombas em São Paulo. Quem está fazendo todo o transporte são as Forças Armadas, por caminhões ou por aviões. Conseguimos mais 8 bombas no Ceará, trabalho nosso. Conseguimos bombas em Alagoas, bombas que são bombas reservas do sistema do São Francisco. Estamos trazendo tudo isso para o Rio Grande do Sul. Para poder expulsar toda essa água.
A situação do RS e as ações do Governo Federal - atualização às 21h de 19/5/2024
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