Leptospirose: riscos e prevenção contra a doença, mais comum em enchentes como a do RS
A doença pode ser confundida com uma síndrome gripal e, por isso, a pessoa não deve iniciar a automedicação
Diante da situação das enchentes que atingem o Rio Grande do Sul, o Ministério da Saúde disponibilizou 400 testes para detectar a leptspirose – montante solicitado pelo estado. A doença é transmitida pelo contato ou ingestão de água e alimentos contaminados.
Segundo último balanço divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul, no dia 23 de maio, o estado Rio Grande do Sul tinha 1.072 notificações com 54 casos confirmados de leptospirose. O estado também tinha quatro casos de mortes e outros quatro óbitos em investigação. O Laboratório Central do Estado está analisando mais de 800 amostras de casos suspeitos de leptospirose.
O coordenador do Centro de Operações de Emergência (COE) para o Rio Grande do Sul, Rodrigo Stabeli, explica que a leptospirose pode ser confundida com uma síndrome gripal e, por isso, a pessoa não deve iniciar a automedicação.
"É importante que busque o sistema de saúde, busque a unidade de saúde mais próxima. A leptospirose é uma doença que tem uma alta letalidade e gravidade e o tratamento em tempo oportuno proporciona um bom prognóstico de sobrevida", informa o coordenador
Doença infecciosa febril aguda, a leptospirose é transmitida a partir da exposição direta ou indireta à urina de animais (principalmente ratos) infectados pela bactéria. Diferente do que se imagina, não é apenas na água que acontece a contaminação por leptospirose. A lama de enchentes também tem alto poder infectante e adere a móveis, paredes e chão. Neste caso, o recomendável é retirar essa lama (com a proteção de luvas e botas de borracha ou de sacos plásticos) e lavar o local, desinfetando-o com uma solução de hipoclorito de sódio a 2,5%, na seguinte proporção: para 20 litros de água, adicione duas xícaras de chá (400ml) de hipoclorito de sódio a 2,5%. Aplicar essa solução nos locais contaminados com lama, deixando agir por 15 minutos.
Como a manifestação dos sintomas normalmente ocorre entre 7 a 14 dias após a exposição a situações de risco, ao sentir dores no corpo, febre, dor abdominal, diarreia ou vômito é necessário procurar uma assistência de saúde. Neste cenário, outros cuidados importantes precisam ser tomados para evitar a contaminação:
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Se possível, evite o contato direto com a água das enchentes ;
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Proteja ferimentos com bandagens à prova d'água, não ande descalço e use luvas e botas (ou sacos plásticos);
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Beba apenas água potável;
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Consuma apenas alimentos seguros, bem cozidos e que não tiveram contato com água/lama de enchente.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico de leptospirose é feito a partir da coleta de sangue, no qual será verificado se há presença de anticorpos para leptospirose (exame indireto) ou a presença da bactéria (exame direto).
O tratamento com o uso de antibióticos deve ser iniciado no momento da suspeita, conforme nota técnica divulgada pelo Ministério da Saúde. Para os casos leves, o atendimento é ambulatorial, mas, em casos graves, a hospitalização deve ser imediata, visando evitar complicações e diminuir a letalidade. A automedicação não é indicada. Ao suspeitar da doença, a recomendação é procurar um serviço de saúde e relatar o contato com exposição de risco.
Investimento na reconstrução
Com o apoio e assistência à população do Rio Grande do Sul, o Ministério da Saúde garantiu:
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R$ 1,5 bilhão em recursos para o estado e os municípios gaúchos;
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1,2 milhão de doses de vacinas contra tétano, difteria, hepatites A e B, coqueluche, meningite, rotavírus, sarampo, caxumba, rubéola, raiva e picadas de animais;
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73 mil frascos de insulina, 617 mil canetas e 2,8 milhões de agulhas de aplicação;
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8 milhões de medicamentos e insumos dos componentes Básico, Estratégico e Especializado;
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600 doses de imunoglobulina;
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200 caixas térmicas de alta qualidade;
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4,8 mil bobinas de resfriamento.
Atendimentos
Como resposta à emergência, a Força Nacional do Sistema Único de Saúde (FN-SUS) realizou 5.966 atendimentos no Rio Grande do Sul, em resposta aos impactos das severas enchentes no estado. O Hospital de Campanha (HCamp) de Canoas registrou 2.856 atendimentos, enquanto a unidade de Porto Alegre contabilizou 1.032. Já a unidade de São Leopoldo soma 239. O quarto hospital de campanha, localizado em Novo Hamburgo, iniciou os atendimentos no sábado (25) e tem capacidade para atender cerca de 200 pacientes por dia. As equipes móveis atenderam 1.779 mil pessoas e realizaram 60 remoções aéreas.
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