No Consea, ministra Cida Gonçalves debate crise climática e situação das mulheres no Rio Grande do Sul
Autoridades discutiram meios de reduzir os danos causados pelas alterações no clima, insegurança alimentar e ajuda imediata e coordenada à população do Estado
Um debate sobre segurança alimentar, crise climática e o atual cenário de calamidade que assola o estado do Rio Grande do Sul reuniu ministros e representantes da sociedade civil em plenária do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) nessa terça-feira (7), em Brasília.
Durante o debate, a ministra Cida Gonçalves alertou para a necessidade da inclusão das mulheres nas discussões para o enfrentamento da crise climática e os sistemas alimentares. “52% da população brasileira são mulheres, e são elas que mais protegem o meio ambiente, mesmo na área urbana. Seja plantando uma árvore, colhendo, cuidando de um jardim ou de uma horta. Portanto, as mulheres precisam integrar a luta pela justiça climática, no centro do desenvolvimento econômico do País e, assim, também combater a insegurança alimentar”, completou.
Para a presidenta do Consea, Elisabetta Recine, o assunto ganha ainda mais relevância frente à situação vivida pelas pessoas nos últimos dias com a tragédia no Rio Grande do Sul. “A nossa plenária torna-se ainda mais estratégica para que possamos discutir o que precisa ser feito para mitigar esse cenário. Precisamos enxergar e assumir que o planeta é outro e, portanto, devemos encontrar novas formas de viver, é disso que se trata quando falamos de adaptação".
As autoridades também debateram a urgência de pensar a crise climática, que já é realidade em muitas regiões do país e do mundo, e a melhor maneira de reduzir problemas com a insegurança alimentar e nutricional, principalmente diante de calamidades.
A Ministra de Estado dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, agradeceu o Consea pelo debate e lembrou que as consequências das mudanças climáticas não são mais cenário futuro. “Discutir mitigação aos desastres naturais, adaptação às mudanças climáticas não são mais problemas do futuro. Essa é a nossa realidade. O momento é de solidariedade ao povo do Rio Grande do Sul, o que importa agora é salvar vidas. Mas sabemos que também precisamos falar de estratégias para convivermos com esses problemas e, assim, evitarmos novas tragédias”.
Guajajara também aproveitou o momento para destacar a necessidade das demarcações de terras indígenas e afirmou que é imprescindível para a justiça climática.
Em sua participação, o ministro Wellington Dias, do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, destacou a preocupação com o abastecimento alimentar no Rio Grande do Sul e detalhou a situação de calamidade que se encontra a região. “60% da população ainda está sem energia. No entanto, já conseguimos recuperar a conectividade em 36 municípios. Mas 12 municípios ainda se encontram em isolamento completo e estamos trabalhando para conseguir reverter essa situação”, afirmou.
Rio Grande do Sul
Durante o encontro, o ministro da Secretaria-geral da Presidência da República, Márcio Macêdo, informou que, junto com o ministro Wellington Dias, assumiu a coordenação de um grupo de trabalho para a organização do fluxo de triagem e distribuição das doações que estão chegando para a população gaúcha afetada por chuvas sem precedentes.
“A pedido do presidente Lula, vamos atuar na triagem de alimentos, remédios, roupas, materiais de higiene pessoal, utensílios em geral para que sejamos assertivos nas mobilizações e na distribuição das doações que estão chegando de todos os cantos do Brasil”, explicou.
Segundo ele, o trabalho será realizado para auxiliar no armazenamento das doações e na divisão estratégica dos insumos que são recebidos. “A situação é muito difícil, um caos social. Está tudo completamente destruído, as pessoas que sobreviveram seguem abaladas, pois perderam entes queridos e tudo o que construíram ao longo da vida. O cenário é de guerra e nós não podemos nos dispersar, precisamos unir forças e energia”, completou.
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