Nos 35 anos do Parque Nacional do Superagui (PR), anunciada reforma do casarão
Anunciado o pontapé inicial de obras emergenciais para o Casarão histórico que passou para a gestão do Instituto Chico Mendes
O Casarão, que é o símbolo do apogeu econômico do município de Guaraqueçaba, no litoral do Paraná, receberá investimentos viabilizados pelo Instituto Chico Mendes para a sua recuperação.
Inaugurado em 1880, o Casarão foi a sede da Cooperativa dos Produtores de Banana do município em 1900. O local já foi fábrica de palmito, salão de baile de fandango, mercearia e sede da primeira escola de Guaraqueçaba. Passou por um restauro em 1988, após ser adquirido pelo IBAMA em 1985 para ser a sede da Estação Ecológica e da APA de Guaraqueçaba. O prédio encontra-se fechado desde 2015, por interdição da Defesa Civil.
O objetivo do Instituto Chico Mendes é restaurar o prédio, que passou para a gestão do Instituto em fevereiro desse ano, para funcionar como um centro de informações turísticas e espaço cultural e de educação ambiental. Para marcar o anúncio, foi realizado um evento no dia 9 de maio no prédio ao lado do Casarão, que contou com a presença de autoridades locais, parceiros e representantes da comunidade.
A chefe do Núcleo de Gestão Integrada de Guaraqueçaba, Camile Lugarini, anunciou a contratação de obras emergenciais no valor de R$ 380 mil, para evitar a queda do telhado e das paredes do Casarão. “Esse recurso vem do Termo de Ajustamento Judicial Litoral do Paraná, uma medida de compensação ambiental pela Petrobras, em decorrência do acidente com o oleoduto em Morretes em 2001. Os recursos para essa obra serão executados por meio do Funbio, e estamos aqui comemorando a aprovação desse projeto. A agora será contratada uma empresa para executar essas obras emergenciais, esperamos que em seis meses as obras estejam concluídas”. O edital para contratação será divulgado ainda esta semana.
Os projetos complementares, após a obra emergencial, serão elaborados por meio do PAC Seleções. A prefeitura do município e o IPHAN estão envolvidos na garantia dos recursos para a elaboração dos projetos, enquanto o TAJ irá financiar as obras. Ao todo, a obra está orçada em 1,2 milhões. O Casarão também terá a função de resgatar e valorizar o Fandango, manifestação cultural e histórica, considerada patrimônio imaterial.
“São muitas as instituições envolvidas nesse processo: a Prefeitura, o IPHAN, a SPU, o Instituto de Arquitetos do Brasil/Paraná, o IBAMA, a Universidade Federal do Paraná. Esse é um momento muito importante para nós e para a cidade de Guaraqueçaba”, concluiu Lugarini.
O evento contou com a apresentação do grupo cultural Fandanguará, formado por jovens fandangueiros que trabalham na preservação e divulgação do fandango caiçara.
Audiência Pública
No dia 10 de maio, foi realizada uma audiência pública na Assembleia Legislativa do Paraná, em Curitiba, com o tema “Direitos Ambientais e Sociais no Parque Nacional do Superagui”. A audiência foi presidida pelo Deputado Estadual Goura, que propôs o debate sobre o passado, presente e futuro do Parque.
“O Parque Nacional do Superagui é uma preciosidade do nosso litoral. É preciso políticas públicas para promover o desenvolvimento de fato sustentável que tragam renda para as comunidades tradicionais”, disse o deputado estadual.
O Gerente Regional do Sul, Walter Steenbock, representou a presidência do Instituto Chico Mendes na audiência e ressaltou a integração da gestão do parque com a comunidade. “Destaca-se o termo de compromisso que temos com os pescadores e pescadoras que desenvolvem a prática tradicional do cerco fixo. Em várias partes do Brasil a prática é realizada, mas, infelizmente, em 2003, passou a não estar mais permitida no Estado do Paraná. A construção desse termo de compromisso marcou a retomada da prática e do diálogo da gestão da unidade com as comunidades. Quando tem gente que depende da natureza para viver, essa gente defende a natureza com muito mais força do que quem vem de fora. É fundamental a integração da comunidade na proteção do parque”, concluiu.
O gerente também parabenizou o trabalho realizado pelos servidores do Instituto na gestão das unidades do litoral do Paraná e homenageou o colega Marcelo Bresolin, que trabalhou por vários anos no Parque do Superagui e faleceu em 2017 aos 52 anos.
Fandango Caiçara
O Fandango Caiçara, mais do que uma simples dança, é uma expressão cultural vibrante que pulsa nas comunidades litorâneas do sul de São Paulo e do norte do Paraná. Reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO em 2011, esse legado ancestral se manifesta em noites animadas, embaladas ao som da viola, da rabeca e dos versos improvisados.
Em rodas ou em pares, os fandangueiros celebram a vida, o amor e as histórias do povo caiçara. As batidas contagiantes do fandango batido e a melodia serena do fandango valsado convidam a todos para um mergulho na rica cultura local. Mais do que um entretenimento, o fandango é um espaço de encontro, união e fortalecimento dos laços comunitários.
Nas entrelinhas das cantigas, os desafios e as lutas do povo caiçara ganham voz. A pesca, a agricultura, a religiosidade e a relação harmônica com o meio ambiente são temas recorrentes, tecendo um mosaico cultural autêntico e vibrante.
O Fandango Caiçara não se resume a um único evento, mas sim a um modo de vida que se perpetua através das gerações. A transmissão oral dos saberes e fazeres, a preservação dos instrumentos musicais tradicionais e a organização de festivais comunitários garantem a vitalidade dessa manifestação cultural.
Mais do que um espetáculo para ser admirado, o Fandango Caiçara é um convite para se conectar com as raízes culturais do Brasil, celebrar a vida e a simplicidade, e testemunhar a força da tradição que pulsa forte no coração das comunidades caiçaras.
Lembramos carinhosamente da recente perda do ícone do Fandango de Guaraqueçaba, o Mestre Leonildo do Abacateiro, que nos deixou por problemas de saúde.
Objetivo de Desenvolvimento Sustentável relacionado:
Por ICMBio
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