Arquivo Nacional sugere 'congelar' patrimônio documental do Rio Grande do Sul
Técnica conhecida como congelamento pode salvar documentos e arquivos públicos atingidos pelas cheias que afetaram o estado
Após as recentes enchentes que afetaram o Rio Grande do Sul, o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) e o Arquivo Nacional intensificaram seus esforços para preservar o patrimônio documental da região. Em colaboração com instituições locais e parceiros governamentais, foram tomadas medidas rápidas para instruir sobre procedimentos de preservação, realizar monitoramentos e oferecer orientação técnica.
“As ações do Arquivo Nacional começaram logo após o início das enchentes, em 30 de abril, quando foi estabelecido contato com Débora Flores, diretora do arquivo central da Universidade de Santa Maria. Essa parceria inicial resultou em uma colaboração técnica essencial para orientar as primeiras ações de preservação do acervo documental da região.” explicou Jean Camoleze , diretor de Gestão de Documentos e Arquivos do Arquivo Nacional.
Destaca-se, entre as medidas adotadas, a criação de um documento com orientações para a salvaguarda de arquivos após a inundação e a implementação do método de congelamento de documentos como uma estratégia eficaz para evitar danos irreparáveis aos materiais afetados pelas enchentes. Esse processo envolve a remoção dos documentos, a intercalação com papel toalha para absorver a umidade e, em seguida, o acondicionamento em sacos selados e a remoção do ar antes de serem congelados. O congelamento impede o crescimento de fungos, permitindo que os documentos sejam posteriormente tratados de forma mais segura.
Além disso, o Arquivo Nacional está empenhado em formar e capacitar profissionais para que possam agir adequadamente em situações de emergência e realizar procedimentos de preservação de maneira eficiente. Uma oficina recentemente realizada contou com a participação de cerca de 250 pessoas, visando fornecer conhecimento sobre técnicas de preservação e capacitar os participantes para agir diante de desastres naturais.
Durante o processo de preservação, o Arquivo Nacional também vai recorrer ao uso da técnica de raio gama como uma medida eficaz para combater fungos que representam ameaças aos documentos danificados pelas enchentes. No entanto, essa técnica é atualmente aplicada exclusivamente em São Paulo, o que demanda a elaboração de uma logística detalhada para o transporte dos documentos afetados do Rio Grande do Sul até lá.
Adicionalmente, o Arquivo Nacional, em parceria com a Secretaria de Serviços Compartilhados (SSC/MGI) e a Secretaria de Patrimônio da União (SPU), mapeou espaços seguros , no Rio Grande do Sul, para a instalação de um escritório . Essa parceria proporcionará uma infraestrutura adequada para o desenvolvimento de atividades de preservação, conservação e gestão documental, fortalecendo ainda mais a atuação do Arquivo Nacional na região.
Arquivo Nacional
O Arquivo Nacional está comprometido em trabalhar em estreita colaboração com parceiros locais e governamentais para garantir a preservação do acervo histórico do Rio Grande do Sul .
O Arquivo Nacional, criado em 1838, é o órgão central do Sistema de Gestão de Documentos e Arquivos (Siga), da Administração Pública Federal, integrante da estrutura do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, com status de secretaria. Tem por finalidade implementar e acompanhar a política nacional de arquivos, definida pelo Conselho Nacional de Arquivos (Conarq ), por meio da gestão, do recolhimento, do tratamento técnico, da preservação e da divulgação do patrimônio documental do país, garantindo pleno acesso à informação, visando apoiar as decisões governamentais de caráter político-administrativo, o cidadão na defesa de seus direitos e incentivar a produção de conhecimento científico e cultural.
Por AN
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