Cajuína, 10 anos como Patrimônio Cultural do Brasil: Fórum organiza salvaguardas
Evento marca os dez anos do registro da produção tradicional e práticas socioculturais associadas à Cajuína no Piauí
Na última sexta-feira (7) , foi realizado, em Teresina (PI) , o Fórum Nacional da Cajuína. O evento reuniu produtores de Cajuína do Piauí e entidades públicas e privadas para discutirem o Plano de Salvaguarda da produção tradicional e práticas socioculturais associadas à bebida no estado. Promovido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o fórum fez parte da programação do Festival da Cajuína.
No fórum, foi realizado um diagnóstico do contexto de produção da cajuína do Piauí e foi formada uma equipe de trabalho composta por técnicos do Iphan, parceiros institucionais e produtores de cajuína para atuar na construção do Plano de Salvaguarda. Além disso, foi apresentada a estrutura metodológica para a elaboração do documento .
“O Festival da Cajuína foi um evento importante, porque marcou a comemoração dos dez anos do registro do bem como Patrimônio Cultural do Brasil . O Iphan, junto com a Cooperativa de Produtores de Cajuína do Piauí (Cajuespi) , aproveitou o momento para iniciar as tratativas relacionadas ao Plano de Salvaguarda”, comenta a superintendente do Instituto no Piauí, Teresinha Ferreira.
A cajuína foi registrada pelo Iphan como Patrimônio Cultural do Brasil em maio de 2014. Esse reconhecimento sucedeu a longa disputa com uma grande fabricante multinacional de bebidas, que queria registrar o nome "cajuína" como propriedade sua e comercializá-la mundo afora - o que faria descaracterizando o produto original, ao dispensar sua forma artesanal e tradicional de fabricação.
Com o reconhecimento, a cajuína garante sua certificação de origem, a exemplo de o champagne estar associado à França e o scotch à Escócia.
De acordo com o antropólogo do Iphan no Piauí, Daniel Oliveira, o Plano de Salvaguarda é um documento imprescindível para os bens culturais registrados como Patrimônio Cultural do Brasil . “A elaboração do documento é um processo trilhado por várias etapas, que têm como objetivo instrumentalizar uma gestão compartilhada, uma espécie de acordo social em defesa dos modos de fazer artesanais da Cajuína do Piauí ”, explica Daniel.
O fórum também contou com a mesa redonda sobre o processo de registro da cajuína como Patrimônio Cultural do Brasil e a revalidação do título 10 anos depois. Participaram da mesa a antropóloga e professora da Universidade Federal do Sul da Bahia , May Waddington, o antropólogo e professor da Universidade Estadual do Piauí , Marcelo Reges; e a técnica em História da Superintendência do Iphan no Piauí , Patrícia Alcântara .
Também participaram do fórum representantes do Conselho Estadual de Cultura do Piauí, da Embrapa Meio - Norte, do Escritório Estadual do Ministério da Cultura no Piauí , do Instituto Federal do Piauí (IFPI) , do Sebrae Piauí , da Secretaria da Assistência Técnica e Defesa Agropecuária (Sada) , da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado do Piauí (SDE) , da Secretaria de Estado de Cultura do Piauí (Secult) e da Universidade Estadual do Piauí ( U espi ) .
Cajuína, Patrimônio Cultural do Brasil
A cajuína é uma bebida não alcoólica, feita a partir do suco do caju separado do seu tanino, por meio da adição de um agente precipitador, coado várias vezes em redes ou funis de pano. Esse processo de separação do tanino do suco recebe o nome de clarificação. O suco clarificado é então cozido em banho-maria em garrafas de vidro até que seus açúcares sejam caramelizados, permitindo que possa ser armazenado por períodos de até dois anos.
O modo tradicional de produção da cajuína foi desenvolvido ao longo do tempo e, ainda que seja semelhante nos diversos núcleos produtores espalhados por todo o Piauí, cada núcleo desenvolveu melhorias e aperfeiçoou técnicas específicas que podem produzir diferenças no produto final .
O modo de fazer as práticas associadas à cajuína são bens culturais que emergem junto com os rituais de hospitalidade das famílias no Piauí. As garrafas de cajuína, atualmente também vendidas, eram, na maior parte das vezes, dadas de presente ou servidas às visitas, e ainda oferecidas em aniversários, casamentos e outras comemorações.
Por Iphan
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