Meio ambiente

Marina Silva: é possível triplicar produção agrícola do Brasil sem derrubar uma árvore

Ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima alerta que agressão ao Cerrado tem de ser revertida, para não anular conquistas na redução do desmatamento na Amazônia

Agência Gov | Via Secom/PR
12/06/2024 11:15
Marina Silva: é possível triplicar produção agrícola do Brasil sem derrubar uma árvore
Marcelo Camargo/EBC
Destruir biomas equivale a destruir nossa capacidade de produção, diz Marina

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, voltou nesta quarta-feria (12/6) ao programa Bom Dia, Ministra para reforçar o alerta de que toda a sociedade e todos os setores produtivos devem fazer parte da construção de uma nova ordem econômica e ambiental.

A abordar o esforço e o êxito do Governo Federal na redução de 50% do desmatamento da Amazônia, a ministra ressaltou que é preciso também avançar para a preservação dos demais biomas, sobretudo o Cerrado, sob pena de o País matar "a galinha dos ovos de ouro". Segundo ela, destruir biomas como Pantanal, Amazônia, Cerrado, Caatinga, Pampas equivale a destruir também nossa capacidade de produção. Nesse sentido, afirma que o Brasil pode, inclusive, triplicar sua capacidade produção agrícola "sem derrubar uma árvore".

Durante a entrevista, Marina foi questionada diversas vezes sobre como conciliar o desenvolvimento da atividade agrícola e o mesmo tempo acolher as demandas de um nova ordem global sustentável. Ela reforça o papel do Governo Federal em liderar a construção de um novo pacto ambiental na reformulação de um modelo econômico e também das gestões locais de estados e municípios. E acrescente que a preocupação com a sustentabilidade é também uma responsabilidade de todos os atores econômicos, e não só o setor agrícola. Ou seja, envolve o agro, mas também a indústria, os transportes, o setor de energia e serviços.


"O desmatamento virou sinônimo de desmantelamento do clima"


Como exemplo de adaptação das atividades humanas às exigências naturais, Marina citou a Caatinga. Lembrou que antigamente se criavam animais de grande porte, e peso, na região, afetando gravemente a qualidade do solo. E que aos poucos essa pecuária foi sendo substituída pela criação de caprinos. Ainda como modelo de ação proativa do Estado nas condições climáticas, citou a política de cisternas criada para região há 20 anos, ainda no primeiro governo Lula. A medida – voltada para tirar proveito dos curtos períodos de chuvas em benefício das comunidades nos longos períodos de estiagem – vem atendendo não apenas a necessidade de consumo humano como também a de produção agrícola.

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Sobre o Pacto Interfederativo para o Combate a Incêndios no Pantanal e na Amazônia reforça a importância de ação coordenada e integrada entre Governo Federal e gestões estaduais para prevenção, controle e manejo do fogo. E observa que proteger biomas é também proteger seus potenciais econômicos e, sobretudo, social e humano.

Estados como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Amazonas, Maranhão, Tocantins, Acre, Amapá, Roraima e Rondônia já estão reconhecendo essa demandas ao aderir ao pacto. Por isso vêm somando esforços para suspender a emissão e a execução de autorizações de queima até o fim do período seco e também durante períodos de previsão de ondas de calor.

O pacto também determina o fortalecimento de instrumentos de autorizações ambientais e a definição de áreas e ações prioritárias para preservação e combate aos incêndios.

Cenário de guerra

A ministra voltou a citar o evento climático extremo que assolou o Rio Grande do Sul, lembrando que alertas disparados há décadas não foram ouvidos e ações de prevenção não foram executadas. Embora tenha noção de que prevenir é menos custoso do que remediar, socorrer e reconstruir, o cenário hoje encontrado no território gaúcho é resultado de uma "guerra do homem contra a natureza". 

Citou não só a destruição física (de vidas e patrimônios materiais e naturais) como a geração de grande quantidade de materiais não absorvidos pela natureza. E, ainda, a de resíduos biológicos, animais, expondo à população ao riscos de doenças. A ministra mencionou ainda o comprometimento de mais de R$ 85 bilhões do Governo Federal para responder à tragédia climática no estado.

Plano Clima

Entre os assuntos abordados pela ministra Marina está o Plano Clima, que define estratégias nacionais para reduzir emissões de gases de efeito estufa, que causam o aquecimento global, e promover a adaptação aos impactos das mudanças climáticas, que podem se traduzir em eventos extremos cada vez mais intensos e frequentes – haja as chuvas no Rio Grande do Sul e a seca na Amazônia. O plano, que vai guiar a política climática do país até 2035, está sendo elaborado por mais de 20 ministérios e terá diretrizes para todos os setores socioeconômicos.

O Bom Dia, Ministra contou com a participação ao vivo de jornalistas das rádios Grupo Feitosa de Comunicação (Campo Grande/MS), Rádio Nacional da Amazônia (Brasília/DF), Rádio Difusora Acreana (Rio Branco/AC), Rádio Gaúcha Serra (Caxias do Sul/RS), Rádio CBN (Belém/PA), Rádio Agro FM (Lucas do Rio Verde/MT), Rádio Excelsior (Salvador/BA) e Rádio Mais 99 FM (São Luís/MA).

Assista à entrevista completa

AO VIVO — O “Bom Dia, Ministra” é transmitido pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC) ao vivo. Pode ser acompanhado pela TV (aberta ou via satélite) e pela internet, no YouTube, Facebook, TikTok e Instagram do CanalGov. Para as rádios, o sinal de transmissão é oferecido pela Rede Nacional de Rádio (RNR), pelo mesmo canal de A Voz do Brasil. O programa é uma produção da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República, em parceria com a EBC.
A próxima convidada é a ministra da Igualdade Racial, Aniellle Franco, nesta quinta (13/6), às 8h.

 

 

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