Silvio Almeida se encontra com evangélicos para ouvir demandas de lideranças sociais
Ministro participou do “Conversas Pastorais”, em São Paulo, onde discutiu temas como o combate à fome e enfrentamento às desigualdades, promoção dos direitos das mulheres e crianças, sistema prisional e defesa da democracia
A relação entre a Igreja e os Direitos Humanos foi discutida durante o “Conversas Pastorais” da última sexta-feira (21), com a participação do ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), Silvio Almeida. O encontro realizado na Igreja Batista de Água Branca, na Barra Funda, em São Paulo (SP), reuniu pastores e lideranças evangélicas a partir do movimento fundado pelo teólogo Ed René Kivitz, em 2015.
Durante o encontro, o ministro dialogou a respeito dos conceitos que envolvem a prática dos direitos humanos e a religião. Segundo ele, a defesa das armas e da violência não condizem com a religião de um "Deus menino que nasceu pobre, foi oprimido e condenado injustamente”. "O que são os direitos humanos se não a concretização, em uma série de regras, de princípios, de limites e possibilidades disso que podemos chamar de amor? De amor pelo próximo, de amor pela humanidade", refletiu.
No evento, Silvio Almeida defendeu a democracia e a importância das políticas públicas que visam diminuir as desigualdades sociais. “Pode o verdadeiro cristão odiar os oprimidos? Pode o verdadeiro cristão odiar os que vivem ameaçados? Odiar os que vivem com fome? Odiar os que vivem com medo de serem espancados?”, observou. "O cristianismo não pode adorar ditadores, senhoras e senhores, não pode adorar quem não abre espaço para a divergência, para as possibilidades, para a construção do comum", completou o ministro.
Ainda nos diálogos, o fundador do “Conversas Pastorais”, pastor Ed René Kivitz, fez uma reflexão a respeito do Brasil ser um país cada vez mais evangélico. “Quem sabe, até 2030, nós evangélicos seremos a maioria religiosa do Brasil. A reflexão que se impõe sobre nós é se um Brasil cada vez mais evangélico é realmente um Brasil mais próximo do evangelho”, citou ao enfatizar o contexto histórico do país e a necessidade de refletir e não repetir erros. “Fomos catequisados pelos que nos colonizaram, os mesmos que trouxeram a fé cristã e cometeram o flagelo e o crime indesculpável do extermínio das nossas populações originárias e da escravização”, lembrou.
Demandas
Participante do encontro que reuniu pastores, lideranças evangélicas e o ministro Silvio Almeida, Zé Marcos afirmou que o povo evangélico desse país espera um sinal como este há, no mínimo, 20 anos. “Nós fomos abandonados no recanto mais sombrio do mundo da política e fomos discriminados. Esse povo foi descoberto por uma ala político-religiosa com ambições escusas. Eles aprenderam nossas linguagens e enredaram sorrateiramente as mentes das massas. Fingindo que nos ouviam, nunca nos deram ouvidos”, criticou.
Já Regina Célia Barbosa afirmou que a Bíblia fala de José, um homem que foi esquecido na prisão. Ela trouxe o contexto bíblico ao resgatar a importância da promoção dos direitos humanos no sistema prisional. “Nós precisamos olhar de uma maneira muito especial para essa comunidade carcerária, de homens e mulheres que são esquecidas ali”, cobrou.
“É necessário também investir em formação de combate à violência institucional. É assíduo, ministro, é algo que vai em todas as redes de comunicação, porque está havendo muita homofobia, transfobia, racismo, violência contra a mulher. E, nós que somos uma igreja viva, que serve a Jesus de Nazaré, fazemos o acolhimento e o mundo desacolhe, a gente faz o acolhimento, e o Estado desacolhe”, lamentou Regina Célia Barbosa.
Em resposta às demandas, o ministro Silvio Almeida chamou atenção para o compromisso do Governo Federal com a promoção de políticas públicas inclusivas e de promoção dos direitos humanos. “Tem uma coisa que nos une e deveria nos colocar em uma gramática, que deveria nos colocar no caminho do entendimento quase intuitivo. Nós estamos todos aqui falando de cuidado, de como devemos cuidar uns dos outros, e como nossa humanidade está atrelada ao cuidado. E tem outra coisa que nos une profundamente: a indignação diante do abandono”, concluiu o ministro.
Assista ao encontro na íntegra!
Por: Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC)
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