Casos de cegueira podem ser evitados se tratamento for realizado a tempo
Oftalmologistas de hospitais universitários falam sobre prevenção e diagnóstico das doenças oculares
O dia 10 de julho é dedicado à saúde ocular para ressaltar a importância da prevenção e diagnóstico das doenças dos olhos, uma vez que, de acordo com especialistas que atuam nos hospitais universitários da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), a maioria dos casos de cegueira são evitáveis ou curáveis se forem tomadas medidas a tempo. Estes hospitais contribuem com a rede de cuidado na assistência e na formação de especialistas e pesquisadores na área.
“A visão é um dos sentidos mais importantes e várias doenças podem ser diagnosticadas e tratadas com a visita periódica e exame feito por um médico”, disse o oftalmologista do Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago, da Universidade Federal de Santa Catarina (HU-UFSC/Ebserh), Felipe Pigozzi Cabral. Segundo ele, mesmo em caso de patologias que não podem ser evitadas, o profissional consegue intervir mais rapidamente e com melhores resultados se for feito o diagnóstico precoce, considerando que muitas doenças não apresentam sintomas.
“ É importante estimular as pessoas a fazerem exames periódicos com médico oftalmologista, por exemplo, para fazer, além da avaliação da acuidade visual, a medida da pressão intraocular, pois muitas vezes o paciente que apresenta uma pressão alta dentro do olho, que pode levar um glaucoma, não sente nada nos estágios iniciais da doença e só vai sentir alguma coisa nos estágios mais avançados”, disse Pigozzi. O HU-UFSC conta com oftalmologistas que atuam em várias áreas, inclusive equipe de transplante de córnea, sendo uma importante referência na região para os serviços do Sistema Único de Saúde (SUS).
Formação de profissionais e pesquisadores
O professor e coordenador do Serviço de Oftalmologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC-UFMG), Daniel Vitor de Vasconcelos Santos, ressaltou que a saúde começa sempre na prevenção. “Infelizmente, muitas pessoas procuram atendimento médico somente quando sintomas oculares preocupantes aparecem”, disse. Segundo ele, a frequência ideal de acompanhamento especializado pelo oftalmologista é definida caso a caso, com base no exame oftalmológico e em outros fatores, como idade, comorbidades como diabetes, hipertensão arterial e doenças autoimunes; uso de medicamentos, histórico familiar, entre outros. “Esse acompanhamento regular, mesmo na ausência de sintomas, favorece diagnósticos e intervenções mais precoces, prevenindo a cegueira”, afirmou.
Daniel disse ainda que o HC-UFMG disponibiliza atendimento integral na área de oftalmologia, desde consultas, exames e procedimentos mais simples até aqueles mais complexos, ofertados por poucos prestadores na rede. O Hospital São Geraldo, unidade centenária de oftalmologia e otorrinolaringologia do HC-UFMG, tem centro cirúrgico e unidade de internação dedicados, além do único serviço de urgência em oftalmologia do SUS em Minas Gerais com funcionamento 24 horas por dia. Tem também importante papel na formação de especialistas na área.
“O HC atua na formação de recursos humanos nos vários níveis de atenção à saúde, desde médicos generalistas até superespecialistas, que prestam atendimento em várias partes de Minas Gerais e do Brasil. Forma também pesquisadores e produz conhecimento em Oftalmologia, sendo seus docentes e pesquisadores responsáveis pela maior parte da produção científica da área no estado de Minas Gerais”, acrescentou.
Residente destaca acesso a atenção integral
A médica Letícia Araújo Costa Uchoa, residente de Oftalmologia no Hospital Universitário Onofre Lopes, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Huol-UFRN), destacou que o hospital da Rede Ebserh oferece acesso tanto a formas de cuidado integral ao paciente quanto a exames e tecnologias que contribuem para formação de especialistas.
Segundo ela, o Onofre Lopes é referência estadual para a recepção de pacientes do SUS, com atenção integral e atendimento em subespecialidades como catarata, retina, córnea, plástica ocular, glaucoma, estrabismo. “Nós podemos oferecer tanto a parte medicamentosa como resoluções. Temos um centro cirúrgico muito bem equipado para resolver grande parte dos problemas que chegam para a gente. Então, temos um papel muito importante na saúde ocular”, disse.
Saiba mais
Principais doenças oculares
Conjuntivite aguda bacteriana: é reconhecida pela vermelhidão ocular mais secreção purulenta. Recomendações: fazer lavagens e limpeza local frequentes com soro fisiológico ou água filtrada fervida. Se não houver melhora em dois ou três dias, procurar um oftalmologista.
Conjuntivite aguda viral: é reconhecida pela vermelhidão ocular mais lacrimejamento e pouca secreção; às vezes, pode ocorrer hemorragia. Se não houver melhora em menos de uma semana, deve-se procurar um oftalmologista.
Tracoma: é uma conjuntivite crônica, reconhecida por vermelhidão ocular, que pode levar à cegueira. Deve ser tratada pelo oftalmologista.
Catarata: a lente interna do olho (cristalino) vai ficando opaca. É reconhecida pela alteração de cor da pupila, que pode variar entre o cinza e o branco. Acarreta a perda da acuidade visual aos poucos, porém sem dor. Deve ser tratada com cirurgia pelo médico oftalmologista.
Glaucoma: é o aumento da pressão intraocular. Deve ser diagnosticada e tratada pelo oftalmologista. Pode causar cegueira irreversível.
Fontes
- Felipe Pigozzi Cabral, oftalmologista do HU-UFSC
- Daniel Vitor de Vasconcelos Santos, professor da UFMG e coordenador do Serviço de Oftalmologia do HC-UFMG
- Letícia Araújo Costa Uchoa, residente de oftalmologia do Huol-UFRN
Sobre a Ebserh – Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Sinval Paulino. Edição de Danielle Campos/Rede Ebserh
A reprodução é gratuita desde que citada a fonte