Comitiva angolana visita Fundação Palmares para estreitar laços
A delegação foi encabeçada pelo ex-vice-presidente de Angola, Bornito de Sousa
Estreitar laços, para melhor conhecer as conexões entre Brasil e Angola e a forte influência do país africano na formação do povo brasileiro. Esse foi/é um dos objetivos da visita do ex-vice-presidente de Angola, Bornito de Sousa, à Fundação Cultural Palmares, na última terça-feira (30).
Titular da fundação que leva seu nome, Sousa externou o interesse em estabelecer relações permanentes de cooperação entre as duas fundações, “que têm objetivos alinhados”, de promover a autodeterminação dos povos negros.
O presidente da Palmares, João Jorge Rodrigues, acatou e abriu possibilidades de concretização do intercâmbio, por meio de assinatura de acordo de intenção, aventando a possibilidade de início em 2025, quando Angola completa 50 anos de independência.
Na oportunidade, Rodrigues destacou os esforços do presidente Lula e da ministra da Cultura, Margareth Menezes, para melhorar a acessibilidade entre o Brasil e os países africados, com o estabelecimento, por exemplo, de voos comerciais diretos.
Prendas e emoção
Bonito ressaltou a importância de estimular a edição de livros sobre a história da África (“mas não contada pelos caçadores”), sublinhando a escassez e inconsistência dos que contam a história de Angola.
As autoridades dos dois países percorreram as instalações da nova sede da Palmares, agora alçada à condição de “Casa da cultura afro-brasileira”, e trocaram prendas – da parte da Palmares, livros e bottons; da Fundação Bornito, uma bela estatueta africana.
O diálogo perpassou questões sociais e artístico-culturais, sublinhando o impacto da música angolana no Brasil, marcadamente, no Rio de Janeiro, em Minas Gerais e na Bahia (“a pequena Angola brasileira”, para onde a delegação seguiu).
Influência cultural que se mostrou viva, pulsante, atual, como se depreende dos versos da canção “Havemos de voltar”, de Edson de Carvalho e Augusto Daltro, da organização afro-baiana Ilê Aiyê, entoados pelos presentes:
“Coanza, Congo, Matamba e Angola de Ilê / As batalhas foram travadas / Ao querer fundar sua cidade / Ver seu povo em liberdade / Amava o traje e a riqueza / Soberana sua beleza / Ginga Deusa de Angola”.
Participaram do encontro o chefe de gabinete interino, Carlos Eduardo Souza; o diretor do Departamento de Fomento e Promoção da Cultura Afro-brasileira, Nelson Mendes; e a diretora do Departamento de Proteção ao Patrimônio Afro-Brasileiro, Flávia Costa.
Por Fundação Palmares
A reprodução é gratuita desde que citada a fonte