Saúde e universidades fazem seminário para formar profissionais sem preconceitos
Encontro acontece até esta quarta-feira (31), em Salvador, e busca contribuir com a formação de profissionais da saúde na temática étnico-racial, de gênero e sexualidade
No segundo dia do “1° Seminário em Relações Étnico-Raciais, Gênero e Sexualidade em Saúde: Reconstruindo Caminhos”, nesta terça-feira (30), em Salvador, o Ministério da Saúde intensificou o diálogo com representantes de universidades para tornar os atendimentos do Sistema Único de Saúde (SUS) mais inclusivos.
Como parte das ações do ministério para se aproximar da realidade de cada região, a programação do encontro está sendo realizada de forma colaborativa. Isso permite que os participantes contribuam com suas experiências e desafios para uma melhor formação sobre a temática étnico-racial nos processos de formação inicial, continuada ou permanente.
A palestrante Edna Maria de Araújo, professora de pós-graduação em saúde coletiva da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) e do mestrado em saúde da população negra e indígena da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), destacou a necessidade de inclusão das relações étnico-raciais nos currículos dos cursos de saúde das universidades.
“Queremos criar meios para que os profissionais de saúde saiam das universidades ou dos cursos técnicos com maior conhecimento e capacidade de lidar com as diferenças, atendendo a população negra, indígena, cigana, trans e todas as outras populações diversas. Queremos um SUS mais inclusivo”, salientou Edna. “Quando o SUS fala no princípio da universalidade e da equidade, é isso que precisamos fazer para realmente alcançar esses princípios”, afirmou.
Ambiente acolhedor e seguro
Já o professor Ailton Santos, assistente social, doutor em saúde coletiva, e coordenador do ambulatório multidisciplinar em saúde de pessoas trans e travestis da Secretaria de Saúde da Bahia, lembrou a importância das unidades de saúde oferecerem um ambiente acolhedor e preparado para lidar com as diversidades.
“Os profissionais precisam estar preparados para atender a essas diferenças e compreendê-las como fatores determinantes para o adoecimento. O serviço de saúde deve oferecer um ambiente acolhedor e seguro, permitindo que as pessoas se expressem livremente’’, ressaltou Ailton.
Integrante da comissão organizadora do seminário, Iêda Santos destacou a importância da integração dos setores envolvidos no evento e suas contribuições para fortalecer as políticas de equidade. "Percebemos o quanto é essencial dialogar com todos os setores, não só a área da educação, mas também do direito, da comunicação e da saúde”, informou. ‘A mesa de hoje, em especial, abordou fortemente as questões de gênero, sexualidade e diversidade, que são temas essenciais", emendou Santos.
Programação
A programação do evento inclui debates e rodas de conversa para o debate de propostas sobre a formação em saúde e é voltada para estudantes, trabalhadores e gestores da área, pesquisadores, conselheiros, docentes, representantes de movimentos sociais, instituições de ensino, e das áreas de direito e comunicação em saúde.
Além de promover o diálogo sobre a pauta, o ponto alto da programação será uma carta aberta com recomendações a serem enviadas às instituições responsáveis pela formação em saúde e contribuirá para a implementação de políticas em diversas áreas como a saúde da população negra, dos povos indígenas e de lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e travestis.
Sobre o seminário
O encontro é organizado pelo Ministério da Saúde, em parceria com a Fiocruz e a Escola de Saúde Pública da Bahia (ESPBA), e reúne representantes das secretarias de Saúde e Igualdade Racial da Bahia, das universidades do Estado da Bahia (Uneb), Federal da Bahia (UFBA), UEFS, UFRB, Universidade de Brasília (UnB), de Salvador (UNIFACS), além da Associação de Mulheres Indígenas do Extremo Sul da Bahia, Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde (Renafro), da Rede de Mulheres Negras de Direitos Humanos, Fundação Nacional de Enfermeiros, entre outras.
Por Edjalma Borges, do Ministério da Saúde
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