Mapa Colaborativo ganhará plataforma online e reunirá iniciativas para fortalecer o SUS
Iniciativa tem como meta um SUS mais participativo, que valoriza a força dos movimentos sociais
Construir um SUS mais forte e democrático exige a participação de todos. Com esse objetivo, o Ministério da Saúde, em parceria com o Conselho Nacional de Saúde (CNS) e a Fiocruz, avança na construção do Mapa Colaborativo dos Movimentos Sociais em Saúde (MapaMovSaúde) . Representantes das instituições parceiras se reuniram no Rio de Janeiro para a oficina de governança do projeto, pactuando um plano de trabalho para a implementação da plataforma wiki. A iniciativa tem como meta um SUS mais participativo, que valoriza a força dos movimentos sociais.
Lançado em 2023, durante a 17ª Conferência Nacional de Saúde, o Mapa Colaborativo já conta com a participação de movimentos sociais de todo o país, que compartilharão suas histórias de luta e resistência em prol da saúde. Agora, o projeto se prepara para inaugurar uma plataforma Wiki, um espaço virtual que reunirá esses saberes e práticas, dando-lhes visibilidade e permitindo que os próprios movimentos sociais alimentem e atualizem o conteúdo de forma colaborativa. O lançamento do mapa está previsto para 11 de setembro, durante a reunião ordinária do CNS, em Brasília.
Para a chefe da Assessoria de Participação Social e Diversidade do Ministério da Saúde e coordenadora do projeto, Lucia Souto, a ferramenta reconhece a importância histórica dos movimentos sociais na construção do direito universal à saúde no Brasil. "É fundamental que a gente dê visibilidade a essa histórica participação dos movimentos sociais em saúde", ressalta.
Plataforma Wiki
Construída com base no software livre MediaWiki, o mesmo da Wikipédia, o objetivo é que mapa seja um espaço vivo, em constante construção, e que reflita a diversidade e a riqueza das iniciativas populares em saúde. "A escolha de uma plataforma livre, no caso a MediaWiki, é importante porque traz alguns aspectos que a tornam coerente com a nossa proposta de fazer um processo aberto e participativo de mobilização dos movimentos sociais", explica Marcelo Fornazin, pesquisador em Saúde Pública da Fiocruz e coordenador da equipe técnica do projeto.
A opção por ferramentas open source demonstra o compromisso do Ministério da Saúde e parceiros com a democratização do acesso à informação e tecnologia. A plataforma Wiki, permite que os colaboradores não apenas contribuam com conteúdo, mas também participem do desenvolvimento e aprimoramento da ferramenta.
Comunicação, participação social e democracia
Conectar os movimentos sociais, facilitar a troca de experiências e fortalecer a atuação conjunta em defesa do SUS também são objetivos centrais do Mapa Colaborativo. Para isso, a comunicação do projeto terá papel fundamental, utilizando diferentes formatos para alcançar o público e engajá-lo na construção da plataforma.
A conselheira nacional de saúde pela Rede Nacional de Lésbicas e Bissexuais Negras Feministas (Candaces), Heliana Hemetério, destaca a importância de comunicar com clareza e acessibilidade: "O foco [da comunicação] é trazer a importância dos movimentos sociais para dentro do SUS. Tem que mostrar a importância do SUS, que não é somente atendimento médico como a maioria pensa", pontua.
"A participação social capilarizada, com a força da articulação entre os movimentos sociais conectados por meio do Mapa Colaborativo, pode crescer e vir a incidir na democratização do Estado, com a luta pela garantia de direitos e em prol da defesa do SUS como sistema de acesso universal a serviços de saúde", afirma a conselheira nacional de saúde pela Associação Brasileira de Enfermagem (Aben), Francisca Valda da Silva.
Mapa Colaborativo e PNS
O Mapa Colaborativo dialoga diretamente com o Plano Nacional de Saúde (PNS) 2024-2027, que reforça a participação social como eixo estruturante na construção de um SUS mais justo, equânime e democrático. O PNS, elaborado a partir de amplo debate com a sociedade, reconhece a importância de integrar os saberes e as práticas populares às políticas públicas de saúde. Nesse sentido, ele cumpre um papel fundamental ao dar visibilidade às iniciativas dos movimentos sociais, demonstrando como a participação popular contribui para o fortalecimento do SUS em diversas áreas, desde a promoção da saúde mental até a luta por melhores condições de saneamento básico.
A plataforma Wiki será um espaço de construção coletiva, guiado pelos princípios de respeito, colaboração, empoderamento, solidariedade, transparência, ética e inclusão, segundo a Carta de Princípios da plataforma. Os movimentos sociais podem cadastrar suas iniciativas e participar da construção do Mapa Colaborativo dos Movimentos Sociais em Saúde .
Por: Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)
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