Ministério das Mulheres participa da Força-Tarefa de Combate à Fome e à Miséria
Reunião ministerial é a última antes de encontro da cúpula de líderes do G20, em novembro
“Para combater a fome e a miséria é preciso, necessariamente, combater a desigualdade entre mulheres e homens”, afirmou a secretária-executiva do Ministério das Mulheres, Maria Helena Guarezi, ao participar da reunião ministerial da Força-Tarefa da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza que aconteceu na quarta-feira (24), no Galpão da Cidadania, no Rio de Janeiro. O encontro contou também com a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e marcou o pré-lançamento da Aliança Global Contra a Fome.
“A fome tem o rosto de uma mulher e a voz de uma criança. Mesmo que elas preparem a maioria das refeições e cultivem boa parte dos alimentos, mulheres e meninas são a maioria das pessoas em situação de fome no mundo”, afirmou o presidente em seu discurso. A Aliança representa a principal novidade da Presidência brasileira frente ao Grupo dos 20 e foi proposta pelo presidente Lula em setembro de 2023, durante a Cúpula do G20 em Nova Delhi, na Índia, quando a presidência do Fórum foi transmitida ao Brasil.
Co-coordenada pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE) e pelo Ministério da Fazenda (MF), a Força-Tarefa reuniu-se outras três vezes. A criação da Aliança Global Contra a Fome foi consensuada, em maio, entre os mais de 50 países e representantes de organismos internacionais. Depois de lançada, ela vai viabilizar parcerias, sejam técnicas ou financeiras, para que os países possam aderir e implementar programas de combate à fome e à pobreza.
Para explicar a iniciativa, o grupo vem trabalhando com a analogia de uma cesta. Ou seja, uma espécie de cardápio de boas experiências que serão, com a Aliança, disponibilizadas para implementação em todos os países do globo que quiserem aderir à iniciativa. Um exemplo de política pública dessa natureza é o Programa Bolsa Família que hoje auxilia, aproximadamente, 20,8 milhões de famílias (ComunicaBR/maio de 2024) e, em sua maioria, mulheres que são as chefes de seus lares - mães solos.
Empoderamento
Também na quarta-feira, o Galpão da Cidadania foi palco para o evento paralelo “Políticas Públicas de Combate à Fome e à Pobreza: Empoderando Mulheres e Meninas para o Desenvolvimento Sustentável”, um debate que contou com a participação da primeira-dama do Brasil, a socióloga Janja Lula da Silva; a comissária europeia para parcerias internacionais, Jutta Urpilainen; a diretora executiva do Programa Mundial de Alimentos, Cindy McCain; a presidenta do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), Elisabetta Recine; e o presidente do Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (FIDA), Alvaro Lario. A moderação foi conduzida por Sabrina Dhowre Elba, ativista e embaixadora da Boa Vontade da ONU para o FIDA.
As participantes do painel enfatizaram a necessidade de políticas públicas que tenham em conta as necessidades específicas de mulheres e meninas em situações de vulnerabilidade. Um exemplo citado pela socióloga é a viabilidade de energia limpa, em pauta no Grupo de Trabalho de Transição Energética, para que mulheres e meninas, principalmente do sul global, gastem menos tempo cozinhando em fogões à lenha.
“O Governo tem uma preocupação com relação ao tempo das mulheres. Estamos elaborando uma Política do Cuidado que visa medidas que garantam a liberação do tempo que hoje mulheres dedicam aos trabalhos domésticos e de cuidado não remunerados”, lembrou. Para Janja, a cesta de políticas públicas ofertada pela Aliança Global Contra a Fome tem que ter a perspectiva de gênero de forma imprescindível.
Contra a pobreza de tempo
No Brasil, cerca de 32% das mulheres estão abaixo da linha da pobreza. Mulheres pretas e pardas são mais afetadas pelas desigualdades de renda, de acesso à educação e ao mercado de trabalho. Mas há ainda disparidades explícitas no tempo que as mulheres dedicam ao trabalho doméstico e aos cuidados de outras pessoas. Em 2022, de acordo como o IBGE, elas dedicaram quase o dobro de tempo que homens com este trabalho invisibilizado.
Segundo a Oxfam, se o trabalho invisível executado por mulheres fosse remunerado com um salário mínimo, isso representaria a injeção de US$ 10,8 trilhões ao ano para a economia mundial. É por isso que o Grupo de Trabalho de Empoderamento de Mulheres (EWWG, em inglês) do G20 defende que o combate à miséria também passa pelo combate à pobreza de tempo que mulheres vivenciam.
“Todos os membros do G20 têm discutido a questão do cuidado como um elemento importante para o desenvolvimento e para o crescimento do PIB, inclusive", alertou a co-coordenadora do EWWG, Maria Helena Guarezi.
Por Ministério das Mulheres
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