Saúde

Pesquisadora da Fundacentro é premiada por contribuição em Saúde do Trabalhador

Ato no Dia da Luta Operária lotou auditório com a presença de pessoas que fazem a história da SST. Atuação da médica e pesquisadora Maria Maeno é reconhecida com Troféu José Martinez

Agência Gov | Via Fundacentro
17/07/2024 12:22
Pesquisadora da Fundacentro é premiada por contribuição em Saúde do Trabalhador
Reprodução
Maria Maeno: "Saúde do Trabalhador tem de estar presente nas discussões sobre modelo econômico"

Colocar o direito humano ao trabalho digno e a proteção de quem produz a riqueza neste país na agenda principal do governo federal. Foi o que defendeu a pesquisadora da Fundacentro, Maria Maeno, ao receber o Troféu José Martinez, no dia da Luta Operária, em 9 de julho, no Sindicato dos Padeiros de São Paulo.

“A Saúde do Trabalhador tem que estar presente nas discussões sobre as opções de modelo econômico, que não fique refém do sistema financeiro; da expansão do turismo, que não jogue, expulse as populações para as periferias; da expansão da indústria e comércio e dos empreendimentos da agricultura, que respeitem a integridade dos seus trabalhadores; da educação e da saúde, que valorize o educar e o cuidar”, afirma a pesquisadora, médica e ativista em saúde no trabalho.

Médica formada pela Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), Maeno foi a primeira presidenta do Centro Acadêmico Oswaldo Cruz. “Eu fui tendo certeza de que meu lugar sempre seria ao lado da classe operária, da classe trabalhadora, por isso entrei na residência de moléstias infecciosas, foi a primeira vez que vi um trabalhador com um problema relacionado ao trabalho. Ele estava internado com um problema no pulmão e ninguém sabia o que era, ninguém tinha se lembrado de perguntar para ele o que ele fazia. Ele tinha trabalhado em mineração e tinha uma silicose, um empedramento do pulmão por conta da sílica”, recorda.

Maria Maeno trabalhou no Programa de Saúde do Trabalhador da Zona Norte e no Centro de Referência de Saúde do Trabalhador do Estado de São Paulo, o qual coordenou por 16 anos. Desde 2005, é pesquisadora da Fundacentro. Ainda atua no Instituto Walter Leser da Faculdade de Sociologia e Política e no Núcleo Semente - Saúde Mental e Direitos Humanos relacionados ao Trabalho, do Instituto Sedes Sapientiae.

Ao lado de Maria Maeno, estava a fundadora do Núcleo Semente, a médica psiquiatra Edith Seligmann Silva, apontada como uma “grande companheira de vida” e uma das pessoas que a ajudam a pensar e trabalhar pela saúde dos trabalhadores e das trabalhadoras. O presidente da Fundacentro, José Cloves da Silva, foi uma das autoridades presentes.

Mais homenagens

O sindicalista Carlos Aparício Clemente, coordenador do Espaço da Cidadania, também recebeu o Troféu José Martinez e destacou o caminho trilhado em defesa da saúde e segurança do trabalhador. “Reafirmo minha gratidão por todos que estão juntos nesta caminhada. A homenagem foi originada pela garra do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco e Região no combate aos acidentes por 45 anos consecutivos, pela atitude contínua em defesa da inclusão pelos parceiros do Espaço da Cidadania nos últimos 23 anos e pelo apoio familiar que recebo nestas quatro décadas. Esta homenagem foi oferecida por causa de vocês e pertence a vocês também”, agradece.

A Árvore da Vida, criada pela artista plástica Laura Andreato, com 133 mãos anônimas de participantes do Ato em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças Relacionadas ao Trabalho, em 28 de abril deste ano, na cidade de São Paulo, foi levada ao Ato do Dia da Luta Operária. Para Clemente, “essa árvore deve ser espalhada pelo movimento sindical que acredita no trabalho de prevenção de acidentes e utilizar ao máximo em todos os espaços políticos possíveis”.

Clemente relatou o movimento desencadeado para que o presidente Lula carimbe com a sua mão a árvore da vida. Ele ainda defendeu a importância de a realização de concurso público para a Fundacentro.

O Ato ainda homenageou com a placa Comemorativa Operária: a fundadora da Ação dos Cristãos para Abolição da Tortura, Isabel Peres; e in memoriam , Valdir Vicente de Barros, fundador da UGT (União Geral dos Trabalhadores), Severino Almeida Filho, fundador da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) e Clodesmidt Riani, ex-presidente da CGT (Comando Geral dos Trabalhadores).

História

O Dia da Luta Operária foi instituído pela Lei Municipal nº 16.634/17 em memória da Greve Geral de 1917. Anualmente é promovido ato alusivo à data com as centrais sindicais CUT, Força Sindical, UGT, CTB, CSB, NCST, CSP-Conlutas, Pública Central do Servidor, Intersindical Central da Classe Trabalhadora, e Intersindical Instrumento de Luta e Organização da Classe Trabalhadora. Também participam da homenagem o Centro de Memória Sindical, Instituto Astrogildo Pereira, IIEP (Intercâmbio, Informações, Estudos e Pesquisas) e Oboré.

Nesta edição, o ato teve como tema 100 anos da Revolta de 1924 – 60 anos do Golpe de 1964 – Mais do que verdade e memória, justiça e reparação!

O Troféu José Martinez foi concebido pelo artista plástico Enio Squef especialmente para o Dia da Luta Operária. Martinez era sapateiro anarco-sindicalista e foi baleado por soldados da antiga Força Pública, que reprimiam a greve geral que tomou conta de várias empresas na cidade de São Paulo, em 9 de julho de 1917.

Link: https://www.gov.br/fundacentro/pt-br/comunicacao/noticias/noticias/2024/julho/pesquisadora-da-fundacentro-recebe-homenagem-por-contribuicao-em-saude-do-trabalhador
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