Com planejamento e mobilização social, Brasil volta a levar vacinação a sério
Ministra da Saúde detalha ações de avanço em 13 de 16 coberturas vacinais, apontado em relatório da OMS/Unicef. E fala também sobre Farmácia Popular e transição digital na saúde
O trabalho em conjunto entre Governo Federal, governos estaduais, municipais e a sociedade contribuíram para o Brasil avançar na vacinação. Foi o que afirmou a ministra da Saúde, Nísia Trindade, durante participação no programa Bom Dia, Ministra desta quarta-feira (17/7), transmitido pelo Canal Gov, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Nesta semana, um relatório divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) sobre imunização infantil no mundo apontou que o Brasil saiu da lista dos 20 países com mais crianças não vacinadas no mundo.
“É um resultado muito importante e temos que cuidar para avançar, mas já podemos de fato comemorar como país, como sociedade, essa importante conquista. Nós tivemos um aumento na cobertura de 13 das 16 vacinas do nosso calendário de vacinação, fruto de um grande movimento, o Movimento Nacional pela Vacinação que o presidente Lula lançou no ano passado, já num pacto com governadores e com uma atuação muito forte de todos os trabalhadores do Sistema Único de Saúde, na Atenção Básica, na Saúde da Família, envolvendo também a retomada do Zé Gotinha, o nosso grande símbolo da vacinação”, disse a ministra
Em 2021, o Brasil ocupava o 7º lugar nesse ranking e, em 2023, ele não fazia mais parte da lista. Foi justamente no ano passado que 13 das 16 principais vacinas do calendário infantil apresentaram aumento das suas coberturas vacinais em todo o Brasil, se comparadas às coberturas registradas em 2022.
Citando o cuidado com o retorno de algumas doenças, como a poliomielite e o sarampo, Nísia Trindade também falou do trabalho de combate à desinformação sobre as vacinas.
“Desde o ano passado, junto com a Secretaria de Comunicação do Governo Federal, nós temos combatido com uma plataforma, que é o Saúde com Ciência, levando os fatos corretos, mostrando o que há de desinformação, criminosa muitas vezes, em relação a algumas vacinas. Então esse sem dívida é um fator importante, mas o mais importante é o governo dizer: ‘temos que vacinar’. E trabalhar nisso junto todos os níveis de governo, com estados, com municípios e com a sociedade.
“E nós adotamos uma estratégia de planejamento local, vendo as dificuldades de cada região, conversando com gestores locais, mobilizando a sociedade, ou seja, só é possível avançar na vacinação quando nós temos a sociedade integrada também nesse esforço ao lado do governo, e foi isso que aconteceu com as estratégias e fortalecendo também a Saúde da Família. Então é uma estratégia combinada e que leva em conta a força do Sistema Único de Saúde, a sua capilaridade no município, onde se dá a vida das pessoas”, afirmou a ministra da Saúde
Farmácia Popular
A ampliação do Farmácia Popular, que passou a oferecer 95% dos medicamentos e insumos de forma gratuita para toda a população, também foi tema durante o bate-papo com radialistas de várias regiões. Agora, além de remédios para asma, diabetes, hipertensão, osteoporose e anticoncepcionais, a população tem acesso gratuito ao tratamento de colesterol alto, doença de Parkinson, glaucoma e rinite.
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A expectativa é de que, pelo menos, 3 milhões de pessoas que já utilizam o programa sejam impactadas, gerando uma economia de até R$ 400 por ano para os usuários.
Também estão disponíveis absorventes gratuitos nas farmácias credenciadas pelo programa. A iniciativa faz parte da campanha Dignidade Menstrual, que distribui o item de higiene a pessoas de baixa renda e inscritas no CadÚnico. “Lembrar que os absorventes higiênicos fazem parte de um programa, e fazem parte da implementação da lei que prevê a dignidade menstrual. Os absorventes não faziam parte do rol de produtos ofertados pelo Farmácia Popular. Então isso é uma introdução já na gestão do presidente Lula. Vocês devem lembrar a polêmica da questão dos absorventes higiênicos e o quanto isso é importante para nós mulheres, para as meninas também. O quanto isso causa de problemas, inclusive a perda de aula”, explicou a ministra.
“Nós já tínhamos a gratuidade para todos os beneficiários do Bolsa Família. Algo que foi instituído o ano passado quando retomamos o programa. Um outro dado que eu considero importante dizer, o Orçamento encaminhado pelo governo anterior previa um corte de 60% no Farmácia Popular, e era essa a media dos cortes em todos os programas importantes para a nossa população. E foi possível também porque houve todo aquele trabalho na transição, com a liderança do presidente Lula antes de assumir, de que fosse revisto o Orçamento e garantido os recursos para os programas sociais, e claro, a sensibilidade do Congresso, que aprovou a chamada emenda da transição”.
“Assim que foi possível fazer não só o Farmácia Popular, mas retomar a vacinação, como deve ser, protegendo a população, a saúde da família, a saúde bucal, todo nosso programa de assistência farmacêutica, que vai além da Farmácia Popular. Enfim, todas as ações que retomamos, e ações novas, como o programa de redução de filas de cirurgias, e agora o mais acesso a especialistas e o SUS digital, colocando o Brasil nessa rota da transição digital que é tão importante em todas as áreas, e é vital para a área da saúde”, disse Nísia
Meu SUS Digital
Em relação à transição digital, a ministra citou a ampliação do aplicativo Meu SUS Digital, que ultrapassou a marca de 30 funcionalidades, ampliando o acesso de toda a população a informações de saúde e serviços pelo celular. Entre as inovações mais recentes estão o registro de atendimentos clínicos realizados nas Unidades Básicas de Saúde, com a possibilidade de avaliar a qualidade da assistência e as condições do estabelecimento.
“O Meu SUS Digital é para que a cidadã e cidadão possam ter esse aplicativo e estar atualizado sobre o Farmácia Popular, sobre a vacinação, avaliar o atendimento na Unidade Básica de Saúde. É o nosso canal com a brasileira, com o brasileiro, que possa estar bem informado sobre todos os programas do Ministério da Saúde, sobre aquilo que ele mais precisa, e assim poder se organizar melhor do ponto de vista da sua saúde”, disse.
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Segundo Nísia, a iniciativa faz parte da estratégia do Ministério da Saúde para a transformação digital do SUS. “O Programa SUS Digital tem duas vertentes. Uma é a integração de dados e o acesso aos dados pelo cidadão, pelo gestor, integrando dados também, para que nós possamos ter uma noção de como está a saúde da população, de como está a vacinação, como está funcionando o Mais Médicos, dados de nascimento, dados de doenças, dados de programas de saúde, tudo isso podendo hoje ser integrado de uma forma bem qualificada. O outro pilar é diretamente ligado à qualidade da assistência à saúde”, disse Nísia.
Nesse sentido, a telessaúde é uma das ações que permite ampliar o acesso a diagnósticos e consultas especializadas. Nos últimos dois anos, foram realizadas 4,6 milhões ações de telessaúde (teleatendimento e telediagnóstico).
Desde o ano passado, os núcleos de telessaúde aumentaram de 10 para 24, localizados no Acre, Amazonas, Ceará, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Roraima, Santa Catarina e São Paulo.
Além disso, por meio do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), em torno de 10 mil Unidades Básicas de Saúde serão conectadas até 2026, com mesmos critérios de expansão do SUS Digital, que prioriza regiões remotas e vulnerabilidade.
O enfrentamento das desigualdades é um dos princípios do SUS Digital, por isso, levar as ações e serviços de saúde por meio da transformação digital para populações vivendo em regiões remotas e vulneráveis atende a uma prioridade do Governo Federal. Como parte desta estratégia, neste ano, o Ministério da Saúde implantou o primeiro ponto de telessaúde em um território quilombola, no Pará, que vai beneficiar a comunidade do Quilombo Boa Vista, como citou a ministra.
“O primeiro quilombo reconhecido no Brasil, com a sua terra devidamente reconhecida, lá está funcionando a telessaúde, o atendimento de especialistas àquela população. É um trabalho que aponta para o futuro da saúde, para o bom uso das tecnologias digitais a favor da saúde da população, e faz parte da estratégia geral do Governo Federal de ter a transição digital e o uso desses recursos como recursos para a cidadania”, afirmou a ministra da Saúde
Assista à íntegra do Programa Bom Dia, Ministra
Confira os principais trechos da entrevista
MAIS MÉDICOS – Em relação ao Mais Médicos, nós estamos nesse momento com o trabalho em relação ao edital para vagas que ficaram abertas, porque sempre a partir do primeiro edital há aqueles médicos e médicas que vão para residência, para outros caminhos profissionais, e isso faz parte, é positivo. Então nós abrimos três mil vagas agora e tivemos 33 mil pessoas inscritas. Nesse edital das 3 mil vagas, foi o primeiro edital da história com cotas para negros, indígenas e pessoas com deficiência. 246 vagas na Bahia. Além disso, nós trabalhamos para ampliar a questão do acesso às consultas, como eu falei, e exames. O estado da Bahia aderiu logo de primeira ao nosso programa de Mais Acesso a Especialistas e tem avançado também na questão da Saúde da Família.
IMUNIZAÇÃO – Nós tivemos um aumento na cobertura de 13 das 16 vacinas do nosso calendário de vacinação, fruto de um grande movimento, Movimento Nacional pela Vacinação, que o presidente Lula lançou comigo ao seu lado ano passado, já num pacto com governadores e com uma atuação muito forte, queria frisar aqui, de todos os trabalhadores do Sistema Único de Saúde, na atenção básica na saúde da família, envolvendo também a retomada do Zé Gotinha, o nosso grande símbolo da vacinação.
COMBATE À DESINFORMAÇÃO – Existe um fator muito importante que é a desinformação, que desde o ano passado, junto com a Secretaria de Comunicação do Governo Federal, nós temos combatido com uma plataforma que é o Saúde com a Ciência, levando os fatos corretos, mostrando o que há de desinformação criminosa, muitas vezes, em relação a algumas vacinas. Então esse, sem dúvida, é um fator importante. Mas o mais importante é o governo dizer: temos que vacinar e trabalhar isso junto com todos os níveis de governo, com o estado, com os municípios e com a sociedade. Eu creio que isso é o mais importante e nós fizemos uma estratégia, adotamos uma estratégia de planejamento local, vendo as dificuldades de cada região, conversando com gestores locais, mobilizando a sociedade de imunologia, de pediatria.
RIO GRANDE DO SUL – Primeiro, atuamos na emergência, a mobilização da Força Nacional do SUS, quase 600 profissionais atuando diretamente. A Força Nacional do SUS é uma força de voluntariado que nós mobilizamos em situações de emergência, já havíamos feito isso ano passado. Além disso, nós abrimos já, num período mais recente, 900 leitos, isso tudo combinado com a Secretaria de Estado de Saúde, portanto, com o governo do estado e com o Conselho de Secretários Municipais de Saúde. Além dessas medidas, hospitais de campanha, abertura de leitos, nós atuamos no sentido de antecipar a entrega ligada a alguns programas, como é o caso da assistência farmacêutica, também mudamos cronogramas considerando a situação do estado.
Vamos também avançar em várias outras ações a partir de um cadastro que o Governo Federal abriu, no caso do Ministério da Saúde, nós abrimos para que os gestores municipais, secretários municipais de saúde, prefeituras apresentassem quais são as suas necessidades da reconstrução. Então, além de recursos financeiros, é importante frisar que tudo tem sido feito de forma combinada com o estado e municípios.
MAIS SAÚDE COM AGENTE – Já mencionei aqui o papel dos agentes comunitários de saúde e também dos agentes de endemias que tiveram um papel, todo mundo viu recentemente, tão importante no combate à dengue, porque são responsáveis por esse controle de vetores, insetos, com os mosquitos, em caso de transmissores, em caso da dengue e de outros problemas de saúde. Esse edital vem reforçar, junto com o Conselho Nacional dos Secretários Municipais de Saúde no Brasil, a formação técnica desses agentes, então é algo muito importante e para os agentes do Rio Grande do Sul eu quero também deixar aqui meu agradecimento especial e convocá-los para que se inscrevam nesse curso que foi uma demanda dos próprios profissionais que querem aumentar a sua qualificação e dessa maneira fortalecer a saúde da família em todo o nosso país.
INFORMAÇÃO – A parte da educação, é importante dizer que nós temos vários cursos, várias informações no nosso sistema da UNA-SUS, que é a Universidade Aberta do SUS. Então, fica o convite para os profissionais centrais, inclusive na área de vacinação, são cursos on-line, são cursos gratuitos de responsabilidade do Ministério da Saúde. E também agora, com SUS Digital, nós vamos ter mais instrumentos para que tantos trabalhadores do SUS, quanto a população, acompanhem melhor todos esses dados. Então, estamos avançando na informação e estamos avançando aí em todas essas medidas para que a vacinação se consolide e que o Brasil retome a sua posição.
REABERTURA DE LEITOS – A questão dos hospitais do Rio de Janeiro é uma questão não só de recursos, mas também de gestão. Por isso, desde o ano passado estamos trabalhando para a reabertura de leitos. Hoje o importante é que esses hospitais voltem a ser hospitais de referência, mas plenamente integrados ao sistema local, que é a linha que nós adotamos em todo o Brasil, que é serem hospitais usados plenamente pela população através do Sistema Único de Saúde. O que nós estamos trabalhando desde o início é fortalecer parcerias com o município, com estruturas do Governo Federal.
Temos atuado, assim, vendo questões de abastecimento nos hospitais, de melhoria nos fluxos de gestão, temos um diagnóstico bem detalhado dessa situação, e já estamos trabalhando para um programa de reestruturação desses hospitais. Assinei, recentemente, uma portaria de municipalização do Hospital do Andaraí, e vamos estar trabalhando cada um dos hospitais de acordo com as suas características da população, que podem atender com melhor eficiência, e a nossa meta é de reabertura dos leitos, só no Hospital de Andaraí é possível, nós partimos dos 300 leitos que estão hoje em atendimento, abrir mais 70 leitos nesse hospital, em toda a rede e ampliando essa oferta assistencial.
SUS – A relação no Ministério da Saúde com as secretarias de estado é excelente, independentemente da posição política, partidária de cada governo de estado, as relações no SUS se constroem numa história de 40 anos, então isso dá muita força, porque tem todo um aprendizado. Nós fazemos parte de uma comunidade, por assim dizer, de pessoas que trabalham para reforçar esse sistema universal, que é único mesmo, não é só único porque unificou o atendimento à população brasileira, mas porque é o maior sistema de saúde público, não existe país com 200 milhões de habitantes com o sistema com essa característica.
FARMÁCIA POPULAR – Nós já tínhamos a gratuidade para todos os beneficiários do Bolsa Família, algo que foi instituído no ano passado, quando retomamos o programa e lancei ao lado do presidente Lula em Recife. De fato, nós retomamos, porque o orçamento encaminhado pelo governo anterior previu um corte de 60% no Farmácia Popular, e era essa a média dos cortes em todos os programas importantes para a nossa população. Então, é uma retomada mesmo, e foi possível também, porque houve todo aquele trabalho na transição, com a liderança do presidente Lula antes de ele assumir de que fosse revisto o orçamento e garantidos recursos para os programas sociais e, claro, a sensibilidade do Congresso que aprovou a chamada emenda da transição.
Então, é assim que foi possível fazer não só a Farmácia Popular, mas retomar a vacinação, como deve ser, protegendo a população, a saúde da família, a saúde bucal, todo nosso programa de assistência farmacêutica que vai além da Farmácia Popular, enfim, todas as ações que retomamos e ações novas, como o Programa de Redução de Filas de Cirurgia e agora o Mais Acesso a Especialistas e o SUS Digital, colocando o Brasil nessa rota da transição digital, que é tão importante em todas as áreas e é vital para a área da saúde.
DIGNIDADE MENSTRUAL – Os absorventes higiênicos fazem parte de um programa e fazem parte da implementação da lei que prevê a dignidade menstrual, então isso é muito importante. Os absorventes higiênicos não faziam parte do rol de produtos ofertados pelo Farmácia Popular. Então, isso é uma introdução já na gestão do presidente Lula. Vocês devem lembrar a polêmica da questão dos absorventes higiênicos e o quanto isso é importante para nós, mulheres, para as meninas também, o quanto isso causa de problemas, inclusive de absentismo nas escolas, de perda de aulas, enfim, então eu queria reforçar isso.
MAIS ACESSO A ESPECIALISTAS – É um programa que combina várias estratégias e que começa na nossa saúde da família, na Unidade Básica de Saúde, com o encaminhamento daqueles que precisam de um especialista para consulta. Nós trabalhamos com a ideia de uma linha de todo cuidado e, para isso, vamos usar vários instrumentos. Mudar o modelo de organização, para isso, estamos trabalhando com planos regionais. Nesse plano, nós vamos fazer foco também naquelas especialidades mais demandadas e temos um apontamento importante sobre a oncologia, por exemplo, porque é um grande problema e onde o tempo de espera é um fator fundamental. O objetivo do programa é reduzir esse tempo de espera e organizar de outra maneira o serviço de saúde, de maneira que nós possamos também estar remunerando, financiando, não um exame isoladamente, não uma consulta isoladamente, mas a partir de um diagnóstico feito, todo o cuidado que o paciente vai precisar.
PREÇO DOS REMÉDIOS – Com relação ao preço dos medicamentos, esse é um grande desafio em todo mundo, principalmente em medicamentos como é o caso do câncer. Nós temos trabalhado de uma forma muito ativa também com a indústria nacional para o Complexo Industrial da Saúde, de maneira que a própria indústria da saúde no Brasil possa ter um papel ativo na redução do preço desses medicamentos e na autonomia do Brasil nesses medicamentos que hoje são cada vez mais demandados. Eu quero destacar aqui que nós estamos com dois editais abertos para o Complexo Econômico e Industrial da Saúde, um edital para parcerias do desenvolvimento produtivo, são parcerias público-privadas em que o Ministério da Saúde com seu poder de compra fomenta a capacidade nacional dessa produção e parcerias para o desenvolvimento de inovações, e essas parcerias serão muito importantes para que o conhecimento produzido nas nossas universidades, institutos de pesquisa e também no setor privado possam chegar à população de uma maneira mais célere. É dessa maneira que nós temos atuado e vejo avanços específicos nessa questão da Reforma Tributária.
VACINAÇÃO CONTRA DENGUE – É importante lembrar que essa vacina foi incorporada de forma inédita no Brasil, é uma vacina recente, mas outros países incorporaram apenas para viajantes, apenas como uma estratégia de controle nesse sentido, sendo que 200 países hoje no mundo enfrentam o problema da dengue. Devido às mudanças climáticas, até países de clima temperado, e vou mencionar o caso do Uruguai, que acompanhei de perto, passou a ter dengue. Então é um grande desafio, então esse é um primeiro ponto a dizer, nós temos que avançar muito nas estratégias de enfrentamento à dengue. E toda essa definição das cidades, ela ocorreu a partir da definição da faixa etária, que respondeu a toda uma discussão técnica, que a Organização Mundial de Saúde também estabelece, que é a faixa que vai dos 6 aos 14 anos, e daí nós fizemos os cortes em função da baixa disponibilidade de vacina, que é um outro problema que enfrentamos num país do nosso tamanho.
MEU SUS DIGITAL – O Meu SUS Digital é para que a cidadã/cidadão possa ter esse aplicativo e estar atualizado sobre Farmácia Popular, que nós falamos aqui, sobre a vacinação, possa também avaliar o atendimento na Unidade Básica de Saúde. Então ele é o nosso canal com a brasileira, com o brasileiro que vai ali em qualquer unidade do SUS e também que possa estar bem informado sobre todos os programas do Ministério da Saúde, aquilo que ele mais precisa, seja o Farmácia Popular, seja a unidade básica de saúde e assim poder atuar e se organizar melhor do ponto de vista da sua saúde e também sua história como paciente. O Meu SUS Digital foi lançado com várias funcionalidades, mas dentro de um lançamento que é, na verdade, um detalhamento de um lançamento que eu já tinha feito com o presidente Lula, da estratégia do programa SUS Digital, que tem duas vertentes, uma que é a integração de dados e o acesso aos dados pelo cidadão, pelo gestor, integrando dados também, que nós possamos ter uma noção de como está a saúde da população, de como está a vacinação, como está funcionando Mais Médicos, que médicos estão naquela região, só para dar alguns exemplos.
TELESSAÚDE – Também faz parte desse programa a telessaúde, ou seja, como usar esses instrumentos da saúde digital para dar melhor condição de atendimento. E temos vários exemplos, tanto em capitais do país quanto nas regiões afastadas dos centros, onde é possível, através do uso dessa tecnologia, por exemplo, combinar a estratégia da saúde da família com acesso a especialistas, que são muitas vezes até inexistentes em alguns dos municípios brasileiros. Inclusive o exemplo do primeiro quilombo reconhecido no Brasil, com a sua terra devidamente reconhecida, e que lá está funcionando a telessaúde, o atendimento de especialistas àquela população, isso em Boa Vista. Então acho que foi um trabalho muito intenso e que certamente aponta para o futuro da saúde, para o bom uso das tecnologias digitais a favor da saúde da população, e faz parte da estratégia geral do Governo Federal de ter a transição digital e uso desses recursos como recursos para a cidadania, para o bem, no nosso caso, para a saúde.
REGIÃO AMAZÔNICA – Acabei de mencionar o SUS digital, que tem na região amazônica, certamente um ponto aí de atenção fundamental, isso já vem sendo feito, nós temos trabalhado também com o que nós chamamos fator amazônico. Nós temos um grupo dedicado, com instituições da região, para pensar as melhores políticas de saúde, as mais adequadas para a região amazônica. Um exemplo que parece bastante simples, mas não é porque nunca tinha sido feito, é ajustar o calendário nacional de vacinação, as sazonalidades de doenças na região, que tem um ritmo diferente do restante do Brasil. Além disso, as emergências sanitárias estão em todos os biomas brasileiros, no Pantanal, agora também acabamos de falar das inundações do Sul, infelizmente elas deixarão de ser exceção, o que reforçará muito um trabalho integrado em todo o Brasil, não só do Ministério da Saúde, mas de todo o Governo Federal. Já temos essa conversa em curso sobre como enfrentar essa nova emergência sanitária.
Lembrar também que eu já estive em todos os estados da região Norte, na semana passada em Belém, no Instituto Evandro Chagas, que tem um instituto vinculado ao Ministério da Saúde que faz a vigilância e que tem tido um papel importantíssimo, por exemplo, na questão da febre Oropouche e falo isso porque o Ministério da Saúde não vê a Amazônia apenas do ponto de vista das emergências, mas da potência que existe na região dos seus institutos de pesquisa, das soluções de saúde e de como nós podemos avançar na região com foco tanto no complexo da saúde, mas também de soluções adequadas para um país tão diverso e para uma região que é tão potente também se pensarmos o futuro do país.
FEBRE OROPOUCHE – A febre Oropouche é uma doença viral, transmitida também por mosquito, mas não pelo Aedes aegypti, é um outro mosquito, um outro vetor, que tem manifestações febris fortes, manifestações digestivas e que esse ano nós vimos que houve uma certa confusão em muitos casos com o diagnóstico de dengue e foi exatamente o grupo do Instituto Evandro Chagas que permitiu a identificação de que não era dengue. O que se acreditava que era, por exemplo, no estado do Acre, muitos casos de dengue eram, na verdade, casos de febre Oropouche. É uma doença que está em vigilância e que nós publicamos uma nota técnica na quinta-feira passada que está acessível a todos que queiram mais detalhes e informação. Nós temos uma sala de situação no Ministério da Saúde, não só para dengue, mas para todas as doenças transmitidas por mosquitos e que causem preocupação na nossa sociedade. Nós temos casos em várias regiões, ainda que tenha tido uma concentração inicial na região Norte, mas temos casos em diferentes regiões do país.
SAÚDE DO HOMEM – Um dado bem importante: no SUS, o atendimento é de 70% das mulheres, as mulheres procuram mais o atendimento à saúde do que os homens, e muitas vezes, eu vi muito na minha experiência profissional, são as mulheres que levam os seus companheiros, os filhos, elas são também essa promotora do cuidado nesse sentido. Mas precisamos alertar todos os homens da importância dos seus exames periódicos, da importância do cuidado com a saúde, da importância de procurar também quando necessário o atendimento nos nossos Centros de Atenção Psicossocial. É importante promover também a saúde mental, sem tratar com preconceito fenômenos como a depressão, mas principalmente ter um cuidado com a saúde. Estar atento a isso, isso não é fraqueza, isso é a nossa força, é o cuidado, por isso que nós dizemos que no Ministério da Saúde, assim como o presidente Lula fala que governar é cuidar, nós precisamos estar bem-cuidados. Isso passa por uma atenção à saúde de responsabilidade do governo, mas também passa por uma consciência nossa de que o cuidado é algo fundamental.
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