Economia

Banco Central tem que ajudar país a se desenvolver, diz Lula sobre indicação de Galípolo

Presidente afirma que perfil do economista é de alguém que gosta do país e pensa na soberania nacional, não como um representante do sistema financeiro

Eduardo Biagini | Agência Gov
30/08/2024 12:13
Banco Central tem que ajudar país a se desenvolver, diz Lula sobre indicação de Galípolo
Reprodução/YouTube
Presidente Lula: "Que o Banco Central seja um banco que ajude esse país a se desenvolver, a crescer, a gerar empregos e a distribuir riqueza nesse país"

O presidente Lula comentou nesta sexta-feira (30/8) a indicação do economista e atual diretor de política monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, para a presidência do banco. A indicação foi feita pelo próprio presidente na quarta-feira (28).

Para o presidente, Galípolo é competente e compartilha a mesma visão sobre a economia.


“O problema é que no imaginário do mercado, o presidente do Banco Central tem que ser um representante do sistema financeiro, e eu não acho que tenha que ser. Tem que ser uma pessoa que goste desse país, que pense na soberania nacional, e que toma atitudes corretas”.

“Se um dia o Galípolo chegar para mim e falar, 'olha, tem que aumentar o juro', ótimo, aumente. Ele tem o perfil de uma pessoa competentíssima, competentíssima, e um brasileiro que gosta do Brasil", destacou o presidente


A declaração de Lula foi dada em uma entrevista ao programa Hora H, da Rádio MaisPB, de João Pessoa, para a Rede Mais Rádios da Paraíba, antes da participação de dois eventos no estado: a inauguração do Lote 2 da Vertente Litorânea Paraibana (Canal Acauã – Araçagi) e do anúncio investimentos federais em habitação e educação.


“Ele (presidente do Banco Central) tem que pensar na indústria, ele tem que pensar no comércio, ele não pode pensar só nos interesses do mercado”

“Meus adversários dizem que eu não sei governar, que eu tenho é sorte. Então eu quero continuar tendo sorte para que o Banco Central seja um banco que ajude esse país a se desenvolver, a crescer, a gerar empregos e a distribuir riqueza nesse país”, afirmou o presidente Lula


Leia mais: Lula na Paraíba: “O nosso compromisso é fazer as coisas acontecerem”

Responsável pela política monetária e o controle da inflação, mantendo a estabilidade da moeda nacional, Lula garantiu autonomia ao trabalho do novo dirigente do Banco Central. "Ele vai trabalhar com a autonomia que trabalhou o Meirelles e com a autonomia que eu dou para as pessoas, até porque agora ele vai ter mandato", comentou o presidente ao citar Henrique Meirelles, que foi presidente do Banco Central entre 2003 e 2010, nos dois mandatos anteriores de Lula.

“Se tiver que baixar juro, baixa, se tiver que aumentar, aumenta, mas tem que ter uma explicação. Porque o papel do Banco Central não é só medir juros não, ele tem que ter meta de crescimento também. Se a gente não tiver combinado uma meta de crescimento com uma meta de inflação, e com a meta de crescimento da população do ponto de vista da melhoria de vida, esse país continua estagnado”, afirmou o presidente.

Sabatina e votação

Gabriel Galípolo tem 42 anos e foi indicado para substituir Roberto Campos Neto na presidência do Banco Central (BC). O mandato de Campos Neto vai até 31 de dezembro deste ano. Depois da indicação, Galípolo vai ser sabatinado pelos senadores, em data a ser agendada pelo presidente da Casa, Rodrigo Pacheco. Para ser aprovado, ele precisa de 41 votos favoráveis entre os 81 senadores. Se aprovado, Galípolo assume a presidência do Banco Central por um mandato de quatro anos.

O presidente voltou a criticar o atual dirigente do Banco Central. “O atual presidente do Banco Central, ele age como um politico, ele não age como um economista. Ele se oferece em muitas reuniões políticas, coisa que não deveria acontecer. A taxa de juros hoje no Brasil não tem explicação”, disse Lula.

Economia

Durante a entrevista, o presidente destacou algumas ações voltadas para a economia do país. Entre elas, a abertura de mercados para a exportação de produtos do agronegócio. Desde janeiro do ano passado, já foram abertos 178 novos mercados em 58 destinos, alcançando todos os continentes. Segundo o presidente, fruto das viagens internacionais que realizou desde o início do terceiro mandato.


“Em apenas 18 meses, me reuni com 54 países da África, com 27 países da Europa, com o (Joe) Biden (presidente dos Estados Unidos), com o (Emmanuel) Macron (presidente da França), com o Olaf Scholz (chanceler da Alemanha), com o Egito, com 33 presidentes da América Latina, da Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), já me reuni com 15 presidentes da Caricom (Mercado Comum e Comunidade do Caribe). E já fiz duas reuniões do G20, duas do Brics e duas do G7. Ou seja, hoje o Brasil é protagonista internacional”.

“E sabe quantos mercados novos nós abrimos para nossas exportações? 180 novos mercados em apenas 18 meses. O Brasil voltou a ser protagonista de política internacional. Porque tem muita gente querendo investir aqui”, afirmou Lula


O presidente também citou investimentos que vão ser realizados por diferentes setores da indústria, anunciados ultimamente: R$ 130 bilhões pela indústria automobilística, R$ 120 bilhões pela indústria de alimentos, R$ 100 bilhões pela indústria do aço e R$ 105 bilhões pela indústria de papel e celulose.


“Isso fora a quantidade de dinheiro que está circulando nesse país. Eu aprendi na minha vida que muito dinheiro na mão de poucos significa miséria, analfabetismo, fome. Agora, pouco dinheiro na mão de muitos, significa distribuição de riqueza. E é esse país que quero criar, onde todos tenham o mínimo necessário para sobreviver. Está tendo investimento, a economia está crescendo mais do que o mercado previa, a inflação está controlada, a massa salarial cresceu 11,7%. É o maior crescimento desde que se começou a medir o crescimento da massa salarial. O salário mínimo já aumentou duas vezes. Nós estamos com muito investimento e muito crescimento”, explicou


 


A reprodução é gratuita desde que citada a fonte