Comunidade quilombola Marques será a primeira a receber crédito do Incra em Minas Gerais
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Dezesseis famílias do território quilombola Marques, localizado no município de Carlos Chagas, na região nordeste de Minas Gerais, assinaram contratos do Crédito Instalação, em 30 e 31 de julho (terça e quarta-feira), para investimento em atividades produtivas.
Esta é a primeira comunidade titulada no estado, reconhecida pelo Incra para acesso às políticas de reforma agrária. O investimento total será de R$ 128 mil e cada família vai receber R$ 8 mil da modalidade Apoio Inicial, a serem pagos em conta bancária individual. O valor poderá ser aplicado na aquisição de bens de uso doméstico e itens diversos, como ferramentas, materiais e insumos agrícolas, e no pagamento de serviços, como preparo do solo.
O casal Maria Eni e Belmiro de Souza Franco pretende investir o recurso na ampliação do galinheiro, na aquisição de mais aves e no cultivo de hortaliças. A intenção é produzir mais alimentos para a família e gerar renda com a comercialização. Ele afirma que o crédito será importante para o desenvolvimento da comunidade. Segundo ela, o benefício é resultado da regularização do território. “Conquistamos com muita luta e garra. As comunidades quilombolas não devem desistir de seus sonhos. Às vezes, é difícil, mas não podemos desistir”, diz.
O recurso será empregado por José de Souza Franco e Maria Neusa dos Anjos Marques de Souza em atividades típicas da agricultura familiar e para ampliar a produção de quitandas (biscoitos, broas, bolos, rosquinhas e pães). “Conquistamos o título da terra e agora estamos assinando os primeiros contratos de crédito”, destaca José. Para Maria, é um momento importante para a comunidade, que está feliz com mais esse investimento.
Conforme Willian de Souza Franco, é motivo de alegria e orgulho fazer parte da primeira comunidade quilombola mineira a acessar as políticas de reforma agrária. Ele pontuou que as famílias contempladas vão investir o recurso na produção agrícola. Sua esposa, Waltiele da Silva, cita também a felicidade das famílias com a ação. “Estou contente com a oportunidade e pretendo investir em artesanato”, explica.
Inclusão
A assinatura dos contratos de concessão de crédito foi possível após o reconhecimento das famílias do território como beneficiárias da reforma agrária. Elas foram cadastradas pelo Incra, que verificou o atendimento dos requisitos legais de ingresso no programa.
Com a inclusão, podem ser atendidas com políticas executadas pelo instituto, como as modalidades do Crédito Instalação, o programa de agroindustrialização Terra Sol e o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera). A medida garante também o acesso a linhas de financiamento do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) do governo federal.
História
A comunidade Marques foi reconhecida como remanescente de quilombo em 2006 pela Fundação Cultural Palmares. O Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID) do território foi publicado pelo Incra em 2009. Portaria de reconhecimento expedida pelo instituto, em 2013, definiu os limites finais do território, com área de 250 hectares. A titulação ocorreu em 2022.
A história da comunidade tem início com a chegada do patriarca Marcos de Souza Franco e familiares, em 1924, na área atualmente ocupada pelos descendentes. Os antepassados saíram da região do Jequitinhonha, devido a uma grave seca e para evitar conflito com alguns fazendeiros que estavam expulsando ex-escravizados das terras exploradas à época, segundo relatos históricos.
Por: Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra)
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