Planalto

Lula diz que respeita soberania dos outros países assim como quer respeito à do Brasil

Presidente diz não reconhecer ainda vitória de Maduro nem da oposição venezuelana. Em agenda no Paraná, afirmou ser "impensável" fechar fábrica de fertilizante num país com potencial agrícola do Brasil

Agência Gov
15/08/2024 15:28
Lula diz que respeita soberania dos outros países assim como quer respeito à do Brasil
Reprodução/Canal Gov

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que não reconheceu "ainda" a vitória de Nicolás Maduro em sua tentativa de reeleição à presidência da Venezuela. Tampouco, segundo ele, é possível reconhecer a vitória do candidato Edmundo González alegada pela oposição. "Maduro anunciou que ganhou, oposição anunciou que ganhou. Então é importante que a gente tenha alguém para analisar as atas das votações. Ainda não reconheço (a eleição). E ele sabe que está devendo uma explicação para a sociedade e para o mundo", afirmou Lula.

Questionado sobre o assunto em entrevista à Rádio T, em Curitiba, o presidente enfatizou que "não é fácil nem é bom que um presidente de um país fique dando palpite para presidente de outro país". Mas informou que havia conversado pessoalmente com Maduro antes das eleições – "depois não conversei" – pedindo transparência ao processo eleitoral. "Porque a legitimidade do resultado é que iria permitir que a gente continuasse brigando pela suspensão das sanções econômicas impostas ao país.

Lula observa que tem mantido conversas com os presidentes do México e da Colômbia na tentativa de conseguir mediar uma solução dialogada no país vizinho. E que somente a promulgação do resultado pelo Conselho Eleitoral, com base na análise das atas de cada seção eleitoral, poderá dar legitimidade ao pleito. Com isso ainda não ocorreu, o presidente brasileiro pede "biom senso" a Maduro para que conduza a uma saída democrática da crise.

“O Maduro tem seis meses de mandato ainda. Se ele tiver bom senso, ele poderia tentar fazer uma conclamação ao povo da Venezuela. Quem sabe até convocar novas eleições, estabelecer um critério de participação de todos os candidatos, criar um comitê eleitoral suprapartidário que participe todo mundo e deixar que entrem olheiros do mundo inteiro", defendeu Lula. "O que eu não posso é ser precipitado em tomar uma decisão. Da mesma forma que eu quero respeitem o Brasil, eu quero respeitar a soberania dos outros países.”

Leia também
No Paraná, Lula celebra seu próprio retorno e o da Petrobras, forte e estatal


Confira

Íntegra da entrevista

Cerimônia em Araucária

Visita à fábrica da Renault


A agenda do presidente no Paraná começou pela manhã com a entrevista à emissora, que comentou a retomada das atividades da fábrica de fertilizantes nitrogenados de Araucária (Ansa), na Região Metropolitana de Curitiba, operada pela Petrobras. "Não tem explicação fechar uma fábrica de fertilizantes num país que tem um potencial agrícola gigantesco. É uma coisa impensável. Então nós estamos recuperando isso. Vamos reinaugurar a Fafen e fazer um investimento pesado para que ela possa criar 2 mil empregos."

A fábrica havia sido paralisada pela Petrobras no governo anterior, no início de 2020, sem oposição do governo local. Foram demitidos 400 empregados diretos e cerca de 600 trabalhadores terceirizados. O segmento de produção e fertilizantes foi fechado em todo o país e o Brasil passou a importar mais de 90% do insumo. Agora, a Petrobras decidiu investir R$ 1,2 bilhão no retorno das atividades operacionais da fábrica.

Além disso, Lula anunciou investimento de R$ 4,5 bilhões na modernização da Refinaria Presidente Getúlio Vargas, ou Refinaria do Paraná (Repar), também em Araucária, “para que possa produzir um refino com muito mais qualidade”.

"E nós estamos fazendo muita coisa aqui no estado do Paraná. Só do Novo PAC são R$ 69,5 bilhões", disse o presidente. Ele lembrou de ter pedido a aos 27 governadores a indicação de projetos prioritários em seus estados. "E todas as obras que eles apresentaram estão no PAC. Então tem um PAC feito pelo governo do presidente Lula, mas que teve a participação dos governadores e dos prefeitos. Sem perguntar (de que partido é o prefeito ou governador)."

Indústria e estrutura viária

O presidente Lula visita ainda nesta tarde a fábrica da Renault em São José dos Pinhais (PR). A montadora francesa está produzindo no Brasil há 25 anos. No Paraná, a marca opera em dois turnos de trabalho e emprega cerca de 5 mil funcionários, sendo 3.500 na produção e 1.500 nos postos da administração.

A visita prevê uma passagem pelo Memorial Renault, no Complexo Industrial Ayrton Senna, e pela linha de montagem da empresa. Lula será acompanhado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin.

Na ocasião, Lula acompanha também a assinatura da ordem de serviço para o início do Lote 2A da BR-487/PR, conhecida como Estrada Boiadeira. O Ministério dos Transportes e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) estão envolvidos na execução da obra. O valor investido é de aproximadamente R$ 322 milhões.

O lote 2A totaliza 37,39 quilômetros (km) — entre o km 56 e o km 93. É o último dos lotes que resta para o fechamento da Estrada Boiadeira. Com a recente federalização da rodovia, ocorrida na semana passada, o Dnit passa a atuar de forma integral na manutenção do Lote 1A, compreendido entre o km 9 e o km 56.

A rodovia, mais conhecida como Estrada da Boiadeira, foi aberta no início do século passado por tropeiros que traziam gado comprado no Mato Grosso do Sul para engordar no Paraná. Começa no sul do Mato Grosso do Sul, passando pela divisa do Paraná e segue até chegar à BR-373/PR, próximo a Ponta Grossa. A implementação da rodovia reduzirá em 80 quilômetros o deslocamento entre as cidades de Naviraí (MS) e Paranaguá (PR) — e no contexto regional reduzirá encurtará em 30 quilômetros o trajeto entre Icaraíma e Cruzeiro do Oeste.


A reprodução é gratuita desde que citada a fonte