Ministra da Cultura destaca fortalecimento da luta quilombola na 7ª edição do Festival de Cultura e Arte Quilombola
Evento realizado no quilombo Pitanga dos Palmares, em Simões Filho, celebra a cultura e a resistência quilombola
Buscando fortalecer a luta dos quilombos no Brasil e celebrar o legado de Mãe Bernadete Pacífico, na última sexta-feira (16), iniciou-se a 7ª edição do Festival de Cultura e Arte Quilombola, no quilombo Pitanga dos Palmares, em Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador. O evento, com duração de três dias, foi marcado por celebrações, homenagens e discussões importantes com lideranças quilombolas e representantes culturais.
Durante a programação de domingo (18), estiveram presentes a ministra da Cultura, Margareth Menezes, o presidente da Fundação Cultural Palmares, João Jorge, e a presidenta da Fundação Nacional de Artes (Funarte), Maria Marighella.
O evento contou com a participação de moradores dos quilombos Pitanga dos Palmares (Simões Filho), Dandá (Simões Filho), Rio dos Macacos (Simões Filho), Quingoma (Lauro de Freitas), Matinha dos Pretos (Feira de Santana), Cordoaria (Camaçari), Alto do Tororó (Salvador) e Fazenda Retiro (Terra Nova).
No local, foram disponibilizados estandes de economia solidária, onde comerciantes puderam vender produtos de gastronomia, agricultura familiar e artesanato. Além disso, foram organizadas oficinas que exploraram temas como gastronomia africana, artesanato em barro e piaçava, dança contemporânea e o uso das folhas na cultura tradicional.
Em sua fala, a ministra Margareth Menezes enfatizou a importância de promover discussões e ações concretas em apoio às comunidades quilombolas.
"Nós queremos provocar discussões, seminários, conversas nas universidades para fortalecer essa conquista justa dos quilombos. Precisamos dar andamento a essas ações, pois ficar apenas na fala não é suficiente. Queremos contar com o apoio de toda a sociedade brasileira para compreender o significado dessas conquistas e apoiar os povos quilombolas do Brasil", afirmou.
Margareth Menezes ainda complementou: "Reconhecemos que é uma luta árdua e dolorosa, mas posso afirmar que vale a pena, pois precisamos construir um país melhor, especialmente para as novas gerações", disse.
Homenagens
Na entrada do quilombo, foi erguido um museu em tributo a Mãe Bernadete - o Museu Rústico Mãe Bernadete, cuja morte completou um ano no último sábado (17).
Com o lema Mãe Bernadete, o legado continua, a homenagem tem o objetivo de eternizar a memória e o impacto de sua liderança na comunidade quilombola.
Ainda no domingo, ocorreu a entrega do Prêmio Mãe Bernadete Ancestralidade e Resistência, uma distinção criada para reconhecer e valorizar personalidades que se dedicam ao reconhecimento, à promoção e ao fortalecimento da cultura negra no Brasil.
Entre os homenageados, a ministra da Cultura, Margareth Menezes, o presidente da Fundação Palmares, João Jorge, e a presidenta da Fundação Nacional de Artes (Funarte), Maria Marighella receberam o prêmio em reconhecimento ao seu compromisso e contribuição para a preservação e valorização das tradições e identidades negras no país.
Sobre o prêmio, a ministra Margareth Menezes agradeceu.
“Sete comunidades da região e lideranças de todo o país se reuniram para celebrar o legado da querida Mãe Bernadete, uma líder religiosa e comunitária de força inquestionável, que nos deixou há um ano. Tive a honra de ser premiada pela comunidade com o prêmio Mãe Bernadete, uma forma da comunidade homenagear lideranças e pessoas envolvidas com o quilombo, um reconhecimento da luta por direitos e dignidade”, ressaltou.
João Jorge, presidente da Fundação Cultural Palmares, ressaltou o simbolismo do evento e a importância do prêmio.
“Receber o Prêmio Mãe Bernadete é receber a responsabilidade de levar adiante a luta dessa mulher guerreira, que muito fez pelo nosso povo. Fez e continuará a fazer, pelas mãos de todos os quilombolas desse país”, destacou.
Maria Marighella, presidenta da Funarte, reforçou a importância da preservação da cultura quilombola e o papel da cultura na manutenção dessa memória.
“E como costumo dizer, a cultura é o meio pelo qual sujeitos, povos e territórios puderam se afirmar. É essa continuidade e luta que celebramos agora mesmo. É um dia de luta, um dia de afirmação de que é possível viver num mundo com justiça social, com igualdade e nós estamos aqui para ser parte disso”, afirmou.
A iniciativa da 7ª edição do Festival de Cultura e Arte Quilombola foi viabilizada pelo projeto apoiado pela Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi) e pela lei de incentivo Paulo Gustavo (LPG) Bahia, por meio do edital Vozes Culturais, promovido pela Secretaria Estadual de Cultura (Secult-BA).
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