Pós-graduação brasileira superou 400 mil matrículas e 90 mil titulações em 2023
Dados apresentados pela Capes na 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação mostram que o país atingiu meta proposta pelo Plano Nacional de Educação
Alunas e alunos da pós-graduação brasileira superaram, em 2023, os patamares de 400 mil matriculados (411 mil) e 90 mil titulados (91.463). Esse contingente está distribuído em 475 instituições de ensino superior, responsáveis por quase 5 mil programas e mais de 7 mil cursos de pós-graduação. A Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) apresentou os dados na quarta-feira, 31 de julho, em debate na 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI).
Com esses números, o Brasil alcançou uma das metas do Plano Nacional de Educação (PNE): formar um mínimo de 60 mil mestres e 25 mil doutores por ano. Apesar disso, o País continua num patamar inferior à média da Organização para a Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCDE). Além disso, a maior parte dos doutores, cerca de 70%, atua na área de Educação.
“Um dos nossos desafios é ampliar a pós-graduação”, afirmou Denise Pires de Carvalho, presidente da CAPES, que observou ser preciso estabelecer uma demanda induzida, “para que os doutores se insiram no setor produtivo, não acadêmico”, sem abrir mão da formação voltada para o setor educacional.
O documento que norteará possíveis mudanças nesse cenário será o Plano Nacional de Pós-Graduação (PNPG) 2025-2029. A construção do Plano tem sido coletiva, com oficinas nos 26 estados e no Distrito Federal, consulta pública e comissões formadas por especialistas na área. O objetivo é colocar em prática uma pós-graduação ainda mais voltada para o desenvolvimento sustentável do Brasil.
Esper Cavalheiro, professor emérito da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), preside a comissão responsável pela construção do PNPG 2025-2029. Segundo o cientista, “o PNPG 2025-2029 tem como premissa central atualizar a rota do Sistema Nacional de Pós- Graduação (SNPG)”, com maior protagonismo do pós-graduando, inclusive no sistema de avaliação.
Para Vinícius Soares, presidente da Associação Nacional de Pós- Graduandos (ANPG), “é preciso aprovar uma cesta de direitos básicos – estudantis, previdenciários e trabalhistas – aos pós-graduandos”. Para ele, o reconhecimento formal da classe como um híbrido entre estudante, pois ainda se encontra em formação, e trabalhador, porque já atua na área, seria um passo para o avanço do País. “O investimento em doutores dá retorno”, pontuou.
Miriam Grossi, presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação em Ciências Sociais (Anpocs), falou da importância de uma maior inclusão: “É fundamental que tenhamos estudantes que reflitam o total da população brasileira, mas isso tem que ser uma política de cima para baixo”. Charles Morphy, presidente do Fórum Nacional de Pró-Reitores de Pesquisa e Pós-Graduação (Foprop), por sua vez, disse ser fundamental aproximar a pós-graduação da sociedade. “Quando se fala em avaliação, especificamente do impacto da produção científica, é preciso que se centre esforços para institucionalizar as ações de democratização e popularização da ciência”, afirmou.
A 5ª CNCTI termina nesta quinta-feira, 1º de agosto. A Conferência ocorre 14 anos após a última edição e tem por objetivo formular uma nova Estratégia de Ciência, Tecnologia e Inovação para o Brasil.
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