“Condições de tornar os invisíveis em seres visíveis”, celebra Lula na assinatura de convênios entre Sebrae e ApexBrasil
Um dos objetivos é aperfeiçoar estratégias para cooperativas, micro e pequenas empresas, especialmente das regiões Norte e Nordeste. Investimentos chegam a R$ 537 milhões
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, na manhã desta terça-feira, 17 de setembro, da cerimônia de assinatura de 23 convênios entre o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), entidades setoriais e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil). O evento, realizado no Palácio do Planalto, contou com a participação do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, além de outras autoridades.
O acordo entre ApexBrasil e Sebrae envolve recursos de aproximadamente R$ 175 milhões e tem o objetivo de incentivar que cooperativas, micro e pequenas empresas (MPE), especialmente nas regiões Norte e Nordeste, iniciem ou aperfeiçoem estratégias voltadas para a exportação. Somados a convênios que serão firmados com entidades setoriais, os investimentos chegam a R$ 537 milhões. A iniciativa vai beneficiar quase 19 mil empresas nos próximos dois anos.
Tudo isso foi feito para criar condições de tornar os invisíveis em seres visíveis. Uma demonstração que nós precisamos criar condições para essas pessoas crescerem junto com a economia, junto com o desenvolvimento
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Presidente da República
O presidente Lula lembrou que é importante refletir sobre ações que devem ser tomadas para fazer a diferença na política brasileira. “Nenhum de vocês imaginava, muito menos o chamado mercado financeiro imaginava, que a gente estivesse na situação que a gente está hoje. Vocês percebem que as coisas estão mudando, porque há uma coisa muito engraçada: o dinheiro, neste país, tem que girar. O dinheiro tem que circular. O dinheiro não pode ficar parado na mão de pouca gente. O dinheiro tem que circular na micro e pequena empresa”, defendeu.
“Se não fossemos nós, não tinha a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, não tinha o MEI, não tinha o Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte e a ApexBrasil. Tudo isso foi feito para criar condições de tornar os invisíveis em seres visíveis. Uma demonstração que nós precisamos criar condições para essas pessoas crescerem junto com a economia, junto com o desenvolvimento”, complementou Lula.
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, apresentou um cenário de recorde nas exportações brasileiras. “Ano passado, o Brasil exportou 340 bilhões de dólares, com saldo na balança comercial de 98,9 bilhões de dólares (também recorde), que ajuda enormemente a economia. O mundo não vive um bom momento, o volume de comércio exterior cresceu 0,8%. O Brasil cresceu 8,2%. Crescemos, em volume, dez vezes a média mundial”, enfatizou.
O presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, celebrou a parceria do governo brasileiro com setores da economia. “Os setores estão ganhando dinheiro com esse ambiente novo que o governo do presidente Lula trouxe ao Brasil. Estão conquistando mercados no mundo e os números não deixam nenhuma dúvida. Aqui tem donos de grandes empresas, aqui tem dirigentes de grandes empresas e temos 22 setores da economia brasileira exportadora. Envolve milhares e milhares de empresas. Só a Apex, trabalhou, no ano passado, com 17 mil empresas — 40% delas microempresas”, assinalou.
Décio Lima, presidente do Sebrae, argumentou que o novo comportamento do Brasil reflete uma modificação para a vida do povo brasileiro, que se transforma e que se revela nas planilhas e nos números. “Trago o entusiasmo do setor que estou aqui representando: os micros e pequenos negócios. Nesse período, já são R$ 2,8 milhões de novos empreendedores formalizados. Queremos trazer este entusiasmo verdadeiro, pulverizado nas pequenas economias espalhadas por todo o nosso país. Esse setor representa quase 95% das empresas brasileiras e, só no ano passado, nos empregos formais, foi responsável por 80% da empregabilidade brasileira e, neste momento, o entusiasmo se fortalece com essa parceria com a Apex”, relatou.
Cooperativas e empresas de micro e pequeno porte representam cerca de 41% do total das empresas exportadoras brasileiras. O montante comercializado por este segmento, contudo, não chega a 1% do total de recursos movimentados no país, que em 2022 somaram US$ 3,2 bilhões. Além disso, quase 60% das exportações das MPEs são para as Américas.
Alinhada à Política Nacional da Cultura Exportadora do Governo Federal, a nova parceria prevê o desenvolvimento de novos produtos e metodologias para suprir lacunas na jornada do empreendedor que quer exportar. Por meio dos convênios firmados nesta terça-feira, serão realizadas ações como promoção dos negócios brasileiros em feiras internacionais, rodadas de negócios com compradores de todo o mundo; missões com importadores ao Brasil para conhecer a produção brasileira, além de estudos de mercado, defesa de interesses e acesso a mercados.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, registrou que os ajustes estão sendo alcançados em parceria com o Congresso Nacional e setores econômicos, mesmo após um período de turbulência econômica e desarranjo das contas públicas no Brasil. “Exige muita negociação e paciência, porque ninguém quer perder. É natural que seja assim. Mas o fato é que se nós perseveramos nesse caminho, vamos produzir os melhores resultados econômicos para o país. A primeira compreensão é de que o Arcabouço Fiscal tem que ser cumprido, temos que perseverar nessa toada até reestabilizar as finanças”, pontuou. O Brasil só tem a ganhar, na avaliação do ministro.
PARCERIA – Do total a ser investido nas ações de promoção internacional de empresas brasileiras e de atração dos investimentos estrangeiros, 53,6% (R$ 287 milhões) serão aportados pelo Governo Federal, por meio da ApexBrasil, e 46,4% (R$ 250 milhões) pelo setor privado, por meio das próprias entidades setoriais.
Os acordos têm a expectativa de gerar mais de R$ 281 bilhões em negócios internacionais, sendo R$ 256,5 bilhões em exportações e R$ 24,5 bilhões em investimentos estrangeiros a serem aplicados em projetos estratégicos do Brasil.
INDÚSTRIA E SERVIÇOS – Foram firmados 14 convênios na área de indústria e serviços, voltados à internacionalização de setores estratégicos da economia brasileira, totalizando um investimento de mais de R$ 278 milhões. Os acordos têm potencial de gerar cerca de R$ 68 bilhões em exportações em 2026.
AGRONEGÓCIO – No setor do agronegócio serão sete convênios para ampliar a presença em mercados internacionais de arroz beneficiado; chocolate, balas, doces e amendoim; carne bovina; frutas e polpas congeladas; máquinas, equipamentos, insumos e tecnologia para produção de etanol e açúcar; etanol e farelo de milho; e produtos para animais de estimação, que totalizam um investimento de R$ 75 milhões e expectativa de mais de R$ 185 bilhões em exportações, entre 2024 e 2025.
MÓVEIS – Os acordos contemplam também o setor de móveis. O convênio da ApexBrasil para apoiar o setor a ampliar e fortalecer sua presença em mercados internacionais soma mais de R$ 33,6 milhões.
FUNDOS – O convênio da ApexBrasil e a Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP) pretende atrair investimentos estrangeiros na ordem de R$ 24,5 bilhões nos próximos dois anos. O convênio foca na captação internacional de recursos para fundos de investimentos brasileiros em participação, que por sua vez investirão em empresas e projetos, incluindo oportunidades relacionadas à Nova Indústria Brasil (NIB) e ao Novo PAC.
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