“Planeta está farto de acordos climáticos não cumpridos”, diz Lula na ONU
Em discurso na 79° Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), presidente afirmou que nações estão condenadas à interdependência da mudança climática. Ele também destacou ações do Brasil pela preservação do meio ambiente
O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou ações contra a crise climática mundial durante discurso na abertura do debate da 79° Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), nesta terça-feira (24/9), em Nova York. O presidente afirmou que esse é um problema a ser tratado por todos e que o governo brasileiro, além de enfrentar o desafio da crise climática, luta contra quem lucra com a degradação ambiental.
“Estamos condenados à interdependência da mudança climática. O planeta já não espera para cobrar da próxima geração e está farto de acordos climáticos não cumpridos. Está cansado de metas de redução de emissão de carbono negligenciadas e do auxílio financeiro aos países pobres que não chega”, disse diante de chefe de estado de diversos países.
Lula afirmou que é hora de enfrentar o debate sobre o ritmo lento da descarbonização do planeta e trabalhar por uma economia menos dependente de combustíveis fósseis. “Fizemos a opção pelos biocombustíveis há 50 anos, muito antes que a discussão sobre energias alternativas ganhasse tração”, disse.
Ele ressaltou que o Brasil é hoje um dos países com a matriz energética mais limpa e desponta como celeiro de oportunidades em um mundo revolucionado pela transição energética.
Aos presentes, o presidente brasileiro disse que o negacionismo sucumbe ante as evidências do aquecimento global e citou desastres naturais que atingem nações como enchentes, queimadas florestais, estiagem e queimadas. “2024 caminha para ser o ano mais quente da história moderna”.
Lula lembrou que o Brasil sediará a COP-30, em 2025, e disse estar convicto de que o multilateralismo é o único caminho para superar a urgência climática.
Confira o trecho do discurso do Presidente Lula sobre meio ambiente:
Em tempos de crescente polarização, expressões como “desglobalização” se tornaram corriqueiras.
Mas é impossível “desplanetizar” nossa vida em comum.
Estamos condenados à interdependência da mudança climática.
O planeta já não espera para cobrar da próxima geração e está farto de acordos climáticos não cumpridos.
Está cansado de metas de redução de emissão de carbono negligenciadas e do auxílio financeiro aos países pobres que não chega.
O negacionismo sucumbe ante as evidências do aquecimento global.
2024 caminha para ser o ano mais quente da história moderna.
Furacões no Caribe, tufões na Ásia, secas e inundações na África e chuvas torrenciais na Europa deixam um rastro de mortes e de destruição.
No sul do Brasil tivemos a maior enchente desde 1941.
A Amazônia está atravessando a pior estiagem em 45 anos.
Incêndios florestais se alastraram pelo país e já devoraram 5 milhões de hectares apenas no mês de agosto.
O meu governo não terceiriza responsabilidades nem abdica da sua soberania.
Já fizemos muito, mas sabemos que é preciso fazer mais.
Além de enfrentar o desafio da crise climática, lutamos contra quem lucra com a degradação ambiental.
Não transigiremos com ilícitos ambientais, com o garimpo ilegal e com o crime organizado.
Reduzimos o desmatamento na Amazônia em 50% no último ano e vamos erradicá-lo até 2030.
Não é mais admissível pensar em soluções para as florestas tropicais sem ouvir os povos indígenas, comunidades tradicionais e todos aqueles que vivem nelas.
Nossa visão de desenvolvimento sustentável está alicerçada no potencial da bioeconomia.
O Brasil sediará a COP-30, em 2025, convicto de que o multilateralismo é o único caminho para superar a urgência climática.
Nossa Contribuição Nacionalmente Determinada (a NDC) será apresentada ainda este ano, em linha com o objetivo de limitar o aumento da temperatura do planeta a um grau e meio.
O Brasil desponta como celeiro de oportunidades neste mundo revolucionado pela transição energética.
Somos hoje um dos países com a matriz energética mais limpa.
90% da nossa eletricidade provêm de fontes renováveis como a biomassa, a hidrelétrica, a solar e a eólica.
Fizemos a opção pelos biocombustíveis há 50 anos, muito antes que a discussão sobre energias alternativas ganhasse tração.
Estamos na vanguarda em outros nichos importantes como o da produção do hidrogênio verde.
É hora de enfrentar o debate sobre o ritmo lento da descarbonização do planeta e trabalhar por uma economia menos dependente de combustíveis fósseis.
Confira o discurso completo do Presidente Lula
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