Relações exteriores

Na ONU, Lula diz que capacidade coletiva de negociação e diálogo está enfraquecida

Aos líderes mundiais, Lula afirmou que é preciso ir além e dotar a ONU dos meios necessários para enfrentar as mudanças vertiginosas do panorama internacional

Yara Aquino | Agência Gov
24/09/2024 13:37
Na ONU, Lula diz que capacidade coletiva de negociação e diálogo está enfraquecida
Foto: Ricardo Stuckert/PR
Presidente Lula disse que o uso da força, sem amparo no Direito Internacional, está se tornando a regra

Ao abrir o debate de chefes de Estado na 79° Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), nesta terça-feira (24/9), em Nova York, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que há um enfraquecimento da capacidade coletiva de negociação e diálogo. Aos líderes mundiais, Lula afirmou que é preciso ir além e dotar a ONU dos meios necessários para enfrentar as mudanças vertiginosas do panorama internacional.


“Adotamos anteontem, aqui neste mesmo plenário, o Pacto para o Futuro. Sua difícil aprovação demonstra o enfraquecimento de nossa capacidade coletiva de negociação e diálogo. Seu alcance limitado também é a expressão do paradoxo do nosso tempo: andamos em círculos entre compromissos possíveis que levam a resultados insuficientes”, disse.


Os conflitos mundiais também foram tema do discurso do presidente brasileiro em Nova York que observou que há uma “alarmante” escalada de disputas geopolíticas e de rivalidades estratégicas e crescimento dos gastos militares globais.

“Esses recursos poderiam ter sido utilizados para combater a fome e enfrentar a mudança do clima”, afirmou Lula. E acrescentou “O uso da força, sem amparo no Direito Internacional, está se tornando a regra”.

Lula citou os conflitos da Ucrânia, em Gaza e na Cisjordânia, no Sudão e no Iêmen que impõem sofrimento a milhares de pessoas. “Este ano, o número dos que necessitam de ajuda humanitária no mundo chegará a 300 milhões”, concluiu.


Confira esse trecho do discurso do Presidente Lula:

Adotamos anteontem, aqui neste mesmo plenário, o Pacto para o Futuro.

Sua difícil aprovação demonstra o enfraquecimento de nossa capacidade coletiva de negociação e diálogo.

Seu alcance limitado também é a expressão do paradoxo do nosso tempo: andamos em círculos entre compromissos possíveis que levam a resultados insuficientes.

Nem mesmo com a tragédia da COVID-19, fomos capazes de nos unir em torno de um Tratado sobre Pandemias na Organização Mundial da Saúde.

Precisamos ir muito além e dotar a ONU dos meios necessários para enfrentar as mudanças vertiginosas do panorama internacional.

Vivemos momento de crescentes angústias, frustrações, tensões e medo.

Testemunhamos alarmante escalada de disputas geopolíticas e de rivalidades estratégicas.

2023 ostenta o triste recorde do maior número de conflitos desde a Segunda Guerra Mundial.

Os gastos militares globais cresceram pelo nono ano consecutivo e atingiram 2,4 trilhões de dólares.

Mais de 90 bilhões de dólares foram mobilizados com arsenais nucleares.

Esses recursos poderiam ter sido utilizados para combater a fome e enfrentar a mudança do clima.

O que se vê é o aumento das capacidades bélicas.

O uso da força, sem amparo no Direito Internacional, está se tornando a regra.

Presenciamos dois conflitos simultâneos com potencial de se tornarem confrontos generalizados.

Na Ucrânia, é com pesar que vemos a guerra se estender sem perspectiva de paz.

O Brasil condenou de maneira firme a invasão do território ucraniano.

Já está claro que nenhuma das partes conseguirá atingir todos os seus objetivos pela via militar.

O recurso a armamentos cada vez mais destrutivos traz à memória os tempos mais sombrios do confronto estéril da Guerra Fria.

Criar condições para a retomada do diálogo direto entre as partes é crucial neste momento.

Essa é a mensagem do entendimento de seis pontos que China e Brasil oferecem para que se instale um processo de diálogo e o fim das hostilidades.

Em Gaza e na Cisjordânia, assistimos a uma das maiores crises humanitárias da história recente, e que agora se expande perigosamente para o Líbano.

O que começou como ação terrorista de fanáticos contra civis israelenses inocentes, tornou-se punição coletiva de todo o povo palestino.

São mais de 40 mil vítimas fatais, em sua maioria mulheres e crianças.

O direito de defesa transformou-se no direito de vingança, que impede um acordo para a liberação de reféns e adia o cessar-fogo.

Conflitos esquecidos no Sudão e no Iêmen impõem sofrimento atroz a quase trinta milhões de pessoas.

Este ano, o número dos que necessitam de ajuda humanitária no mundo chegará a 300 milhões.

Confira o discurso completo do Presidente Lula 

 


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