Preços de produtos da indústria desaceleram em agosto, registra IBGE
No mês, alta do Índice de Preços ao Produtor (IPP), de 0,61%, foi menor do que entre junho e julho, quando bateu em 1,53%. Inferior também a 0,75% de agosto do ano passado
O crescimento de 0,61% dos preços da indústria nacional na passagem de julho para agosto de 2024 foi menor do que na comparação entre junho e julho, quando o aumento foi de 1,53%. Na comparação com agosto de 2023, quando os preços na porta de fábrica subiram 0,75%, o resultado mais recente também mostra desaceleração.
Os números são da pesquisa Índice de Preços ao Produtor (IPP), do IBGE, divulgada nesta quinta (26). O IPP, assim, acumula alta de 6,42% em 12 meses, enquanto o acumulado no ano ficou em 4,76%. Este índice registra os preços na porta de fábrica, sem impostos, antes de serem distribuídos para comercialização.
“Após um período com registros negativos, o IPP em 2024 chega ao seu sétimo resultado positivo seguido. O crescimento verificado em agosto foi um pouco menor do que o de julho, com destaque para os aumentos de preços nos setores de alimentos e outros produtos químicos. Por outro lado, a variação negativa obtida pela atividade de indústrias extrativas ajudou a conter o quadro inflacionário na indústria”, explica Alexandre Brandão, gerente do IPP.
O ano de 2023, base de comparação, teve sequência de queda nos preços de produtos na indústria. Naquele ano, a taxa acumulada até o mês de agosto havia sido de -6,47%, configurando uma referência deprimida.
Em 2024, o valor da taxa acumulada até agosto representa a quinta maior registrada para um mês de agosto desde o início da série histórica, em 2014.
As atividades industriais responsáveis pelas maiores influências no resultado de agosto foram alimentos (0,32 p.p.), indústrias extrativas (-0,25 p.p.), outros produtos químicos (0,19 p.p.) e refino de petróleo e biocombustíveis (0,12 p.p.).
Em termos de variação, indústrias extrativas (-5,06%), impressão (2,85%), outros produtos químicos (2,42%) e móveis (2,04%) foram os destaques em agosto.
O setor de alimentos (1,33%) mostrou variação positiva pelo quinto mês seguido. O acumulado no ano está em 3,42%, diferente do que foi observado em agosto de 2023, quando a variação acumulada atingiu -6,14%. Já em relação à variação acumulada em 12 meses, o resultado de 7,10% registrado em agosto de 2024 é o maior desde outubro de 2022 (8,15%). “Esse desempenho da indústria de alimentos pode ser explicado pela alta de preços da carne bovina, em decorrência de problemas na oferta do produto e uma melhora da renda da população, que por sua vez acarreta um aumento da demanda por carne. Também houve crescimento da demanda por arroz. Já o preço do café, que vem subindo há algum tempo, se deve à conjuntura internacional, com sérios problemas na produção do Vietnã que desestabilizaram a oferta no mundo todo”, acrescenta Alexandre.
A atividade de indústrias extrativas (-5,06%%) voltou a mostrar um comportamento negativo após dois meses de aumento. Além de ter exercido a segunda maior influência no resultado do IPP em agosto, foi a variação mais intensa (e única negativa) entre os quatro setores que mais se destacaram nesse quesito. Seguindo a dinâmica vista no mercado internacional, ocorreu variação negativa de preços dos dois produtos de maior peso: “óleos brutos de petróleo” e “min. ferro e seus concentrados, exc. pelotizado/sinterizado”. “Embora os preços do setor tenham caído de forma expressiva em agosto, o saldo do setor em 2024 ainda é positivo na comparação entre agosto de 2024 e agosto de 2023”, observa Alexandre.
Em terceiro lugar no ranking de influências em agosto deste ano, o setor de Outros produtos químicos superou a alta obtida em julho (2,08%), alcançando um crescimento de 2,42% em seus preços médios. Trata-se do terceiro resultado positivo em sequência, período no qual acumulou um ganho de 8,44%. No ano, o indicador acumula alta de 11,33% e, nos últimos 12 meses, de 12,67%.
O aumento de preços em Outros produtos químicos também foi acompanhado pelos três grupos de divulgação investigados, valendo destacar as altas de 5,35% de “fabricação de resinas e elastômetros”, de 1,48% de “produtos químicos inorgânicos” e de 0,95% de “fabricação de defensivos agrícolas e desinfestantes domissanitários”.
Os produtos que mais contribuíram para o resultado de Outros produtos químicos foram “adubos ou fertilizantes à base de NPK”, que podem ser aplicados diretamente ao solo com ajuda de arados ou grades, aplicados antes da implantação da lavoura, depositados na linha de plantio, abaixo e nas laterais das sementes, ou aplicados por meio da irrigação ou pulverização, “propeno (propileno) não saturado” (insumo importante para a fabricação de diversos materiais como polímeros termoplásticos, cosméticos, espumas e usado também para solda e brasagem com maçaricos), “polietileno linear, com densidade inferior a 0,94” e “polietileno de alta densidade (PEAD)”, que são produtos com aplicações no setor de embalagens, como filmes, sacos e sacolas, tampas de garrafas PET, no caso do primeiro, e no segundo (PEAD), amplamente utilizado na fabricação de frascos rígidos para produtos de limpeza doméstica, cremes, xampus e também usado para fabricação de tubos para transporte de água e esgoto. Esses quatro itens, juntos, somaram 1,18 p.p. na variação de 2,42% de agosto frente a julho.
Pela perspectiva das grandes categorias econômicas, a variação de preços observada na passagem de julho para agosto de 2024 repercutiu da seguinte forma: -0,18% de variação em bens de capital (BK); 0,38% em bens intermediários (BI); e 1,12% em bens de consumo (BC), sendo que a variação observada nos bens de consumo duráveis (BCD) foi de 0,68%, ao passo que nos bens de consumo semiduráveis e não duráveis (BCND) foi de 1,20%.
Saiba mais sobre o IPP
O IPP acompanha a mudança média dos preços de venda recebidos pelos produtores domésticos de bens e serviços, e sua evolução ao longo do tempo, sinalizando as tendências inflacionárias de curto prazo no país. Trata-se de um indicador essencial para o acompanhamento macroeconômico e um valioso instrumento analítico para tomadores de decisão, públicos ou privados.
A pesquisa investiga, em pouco mais de 2.100 empresas, os preços recebidos pelo produtor, isentos de impostos, tarifas e fretes, definidos segundo as práticas comerciais mais usuais. Cerca de 6 mil preços são coletados mensalmente. As tabelas completas do IPP estão disponíveis no Sidra. A próxima divulgação do IPP, referente a setembro, será em 30 de outubro.
Com dados do IBGE
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