Transição para economias sustentáveis exige ajuda dos países ricos, diz Alckmin
Em reunião ministerial do G20, vice-presidente da República afirma que maiores economias precisam apoiar nações em desenvolvimento para conter efeitos de mudanças climáticas
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) Geraldo Alckmin defendeu nesta quinta-feira (24/10), durante a abertura da reunião ministerial do GT de Comércio e Investimentos do G20, maior cooperação internacional para um crescimento econômico justo, equilibrado, inclusivo e sustentável.
Ele conclamou os países desenvolvidos a apoiarem as demais nações nessa tarefa. “É fundamental que economias mais avançadas colaborarem com apoio técnico e financeiro para que os países em desenvolvimento possam acompanhar as transições que os tempos atuais exigem, sobretudo para a inclusão social e o enfrentamento da emergência climática”, disse. “A cooperação internacional é a chave para garantir que nenhum país seja deixado para trás”.
Em seu discurso para ministros dos demais países do G20, que reúne 80% do PIB mundial, Alckmin lembrou que desenvolvimento sustentável com inclusão social, além de reforma nos mecanismos de governança global, são os eixos que orientam a presidência brasileira do grupo, definidos pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“A promoção do desenvolvimento sustentável não é apenas uma prioridade, mas uma responsabilidade coletiva que transcende fronteiras e transcende gerações”, afirmou. Nesse aspecto, frisou ele, o G20 desempenha papel estratégico. “Apenas o crescimento econômico equilibrado e inclusivo poderá ser um poderoso motor de transformação, ajudando a reduzir desigualdades e promover prosperidade em todas as regiões do mundo”.
Entre as medidas prioritárias para que comércio e investimentos sejam “motores” do crescimento econômico em bases sustentáveis, Alckmin destacou o cálculo da pegada de carbono e a eliminação de barreiras unilaterais.
A preocupação com a adoção de medidas ambientais restritivas, por parte de alguns países, está no centro das discussões deste GT. “Em um momento em que enfrentamos desafios cada vez mais complexos e interconectados, o comércio e o investimento continuam sendo pilares fundamentais para o desenvolvimento”, acrescentou.
Em sua fala, o vice-presidente também destacou a necessidade de a adoção de medidas cada vez mais efetivas para a inclusão de segmentos historicamente sub-representados no comércio global, como as mulheres.
“No Brasil, o presidente Lula definiu como prioritária a adoção de medidas que incentivam a participação feminina nas exportações, proporcionando treinamento, mentoria e acesso a redes de negócios internacionais”, disse.
“O fortalecimento de políticas que incentivem essa participação é essencial para que possamos ampliar as oportunidades econômicas e criar um ambiente de negócios mais inclusivo e diverso”.
Por fim, Alckmin lembrou que as propostas defendidas pelo Brasil passam também pela reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC). “Apoiamos um sistema multilateral de comércio capaz de contribuir para um comércio global mais justo, inclusivo e eficaz”, apontou.
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Multilateralismo
Após a fala do vice-presidente, a ministra substituta das Relações Exteriores, Maria Laura da Rocha, destacou as responsabilidades crescentes dos países em desenvolvimento na busca de soluções para os desafios do mundo atual.
“Ao longo do ano, nossas equipes trabalharam com afinco e de forma colaborativa para construir um ambiente propício não apenas ao comércio justo e à atração de investimentos de qualidade, mas também ao crescimento inclusivo e sustentável em linha com a Agenda 2030”, disse.
Segundo ela, os temas em discussão pelo grupo realçam a importância da cooperação internacional e do multilateralismo, em um cenário intricado para o comércio e os investimentos internacionais.
“Se pretendemos responder a desafios globais, como tensões geopolíticas, fragmentação do comércio, corridas protecionistas e aumento da pobreza e das desigualdades, e se pretendemos que essas respostas tenham verdadeiro alcance global, o multilateralismo precisa ser fortalecido”, frisou.
Maria Laura também enalteceu o diálogo com a sociedade e sua participação nas atividades do grupo, principalmente por meio do B20 e do W20.
“Da parte do Brasil, acreditamos que a única maneira eficaz de construir um futuro promissor para o planeta que compartilhamos é garantindo a participação de todos, principalmente daqueles mais vulneráveis, em bases equitativas”, finalizou.
Pacote de consensos
A reunião ministerial desta quinta-feira marca o fim de uma jornada de seis meses em que as equipes técnicas dos países se debruçaram sobre quatro temas definidos como prioritários pelo Brasil neste GT: comércio e desenvolvimento sustentável; mulheres e comércio internacional; desenvolvimento sustentável em acordos de investimento; e reforma da OMC.
Coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comercio e Serviços (MDIC) e pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE), o GT busca construir um pacote de consensos em torno destes temas. A conclusão dos trabalhos está sendo agora debatida pelos ministros, que devem apresentar quatro documentos a serem anexados à declaração de líderes na Cúpula do G20, que acontece em novembro no Rio de Janeiro.
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