G20: ministra Nísia Trindade discursa sobre equidade e justiça climática
Ministra da Saúde destacou que os impactos das mudanças climáticas tendem a agravar desigualdades já existentes e defendeu um modelo de ação que integre princípios de justiça social
Nesta quarta-feira (30), em reunião do G20 Saúde , a ministra Nísia Trindade reforçou a urgência de tratar a saúde como um eixo central na pauta climática global. Ela destacou a interseção entre as mudanças climáticas e os impactos na saúde pública , defendendo um modelo de ação que integre os princípios de equidade e justiça social.
“Mudança do clima e saúde foram prioridades definidas para os trabalhos a serem realizados durante a presidência brasileira do G20”, afirmou Nísia Trindade, ressaltando que os eventos climáticos extremos de 2023, como as enchentes no Rio Grande do Sul e as queimadas na Amazônia e no Pantanal, reforçam a urgência do tema. “Minha percepção é de que esse assunto se faz ainda mais relevante diante do aumento preocupante na frequência desses eventos extremos”, complementou.
Para a ministra, os impactos das mudanças climáticas tendem a agravar desigualdades já existentes, especialmente em países em desenvolvimento. “Estudos indicam que eventos climáticos extremos afetam cerca de 189 milhões de pessoas por ano, sendo que nos países em desenvolvimento estão 79% das mortes registradas desde 1991”, destacou.
Segundo ela, essa realidade exige ações globais coordenadas para que nenhum país enfrente a crise sozinho. “Precisamos estar preparados para enfrentar essa crise de saúde de forma urgente e eficaz, promovendo um modelo de ação global e solidária que proteja a todos, tendo a equidade como princípio norteador”, acrescentou.
Ao discutir a necessidade de justiça climática, Trindade ressaltou que, embora os países de baixa renda sejam os mais vulneráveis aos impactos climáticos, eles respondem por menos de 1% das emissões globais de CO2. “Enquanto isso, os países de alta renda são responsáveis por mais de 80% das emissões”, pontuou a ministra. Ela defendeu, ainda, que os países desenvolvidos têm uma “oportunidade valiosa” de apoiar a transformação climática global, alinhando-se à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima e ao Acordo de Paris.
A reunião também foi palco para a proposta de uma declaração adicional, elaborada pelo Brasil, voltada para a interseção entre saúde e clima. Segundo Trindade, o texto aborda a necessidade de políticas públicas que considerem os determinantes sociais e climáticos da saúde e reforça a importância da participação social, especialmente de grupos vulnerabilizados, como mulheres e comunidades de baixa renda.
“Nossa intenção é avançar significativamente na agenda global de saúde, enfatizando a interseção entre as duas pautas, com foco na redução das desigualdades e no fortalecimento da resiliência dos sistemas de saúde”, afirmou.
A ministra destacou ainda a necessidade de proteger profissionais de saúde e pacientes dos impactos climáticos. Citou dados sobre a infraestrutura de saúde nas Américas, onde 67% das unidades de saúde estão em áreas de risco e, onde, na última década, cerca de 24 milhões de pessoas ficaram sem acesso a cuidados devido a danos estruturais causados por desastres climáticos.
Nísia Trindade também mencionou a meta de incluir a saúde como tema fundamental na discussão sobre mudanças climáticas na próxima Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) , a ser realizada em Belém, no Pará. “Queremos construir um caminho para colocar a saúde como aspecto fundamental na discussão sobre mudança do clima rumo à COP30. Temos uma oportunidade para intensificar a cooperação entre governos e o dever moral de aproveitá-la”, concluiu.
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Edjalma Borges
Ministério da Saúde
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