Ministério da Saúde promove evento para discutir o Acordo Global de Plásticos
O plástico descartado no meio ambiente leva mais de 450 anos para se decompor e tem efeito muito grave na saúde humana
Infertilidade, puberdade precoce e alterações metabólicas, como diabetes tipo II e obesidade são alguns dos efeitos graves na saúde humana devido a substâncias presentes em plásticos, como PFAS, bisfenóis e retardantes de chamas. Para entender essa problemática, o Ministério da Saúde promoveu essa semana o evento sobre o futuro Acordo Global de Plásticos: Desafios e Perspectivas na Saúde . Foram dois dias de encontro com o objetivo de explorar as implicações específicas do material para o setor de saúde e identificar os principais desafios e lacunas que o acordo poderá enfrentar nesse contexto.
Para o secretário adjunto de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA) , Rivaldo Cunha, “esse debate mostra a importância de termos a SVSA, que consegue fazer as conexões para um debate saudável, alinhando aspectos técnicos ambientais e da saúde, como é o caso do plástico que afeta ambos”. Rivaldo ainda destacou a importância da conscientização ambiental entre os jovens.
O acordo para acabar com a poluição plástica foi aprovado em 2022, durante a 5ª Assembleia do Meio Ambiente , e deve ser finalizado até o final deste ano. O Departamento de Vigilância em Saúde e Ambiental e Saúde do Trabalhador (DVSAT) compõe a delegação brasileira que discute a posição do país no acordo, destacando os riscos da poluição por plástico para a saúde humana e do ambiente, além de evidenciar a preocupação com todo o ciclo de vida dos plásticos, a necessidade de atenção à saúde dos trabalhadores envolvidos, especialmente os catadores de lixo, tão importantes na reciclagem deste material.
O plástico no meio ambiente pode levar mais de 450 anos para se decompor – e está presente em vários materiais de uso médico. Segundo o Data Bridge Market Research , o valor do Mercado Global de Plástico Médico foi de US$ 28,01 bilhões em 2022, e deve atingir US$ 48,49 bilhões até 2030. Para a diretora do DVSAT, Agnes Soares, esse é um grande desafio que a saúde enfrenta para a eliminação dos plásticos, “pois um dos maiores consumidores de plásticos é a produção de medicamentos, embalagens e dispositivos médicos. A poluição plástica tem efeito muito grave na saúde colocando pressão sobre sistemas, como o SUS”, acrescenta.
Segundo o relatório Global Plastics Outlook: Economic drivers, environmental impacts and policy options , da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), publicado em 2022, a geração global de resíduos plásticos mais que dobrou de 2000 a 2019, de 156 milhões de toneladas para 353 milhões.
Embora o risco do plástico para a saúde humana apareça brevemente na resolução histórica da Organização das Nações Unidas (Onu) para acabar com a poluição do plástico, a coordenadora-geral de Vigilância em Saúde Ambiental (CGVAM), Eliane Ignotti, destaca que “há um reconhecimento que resíduos plásticos trazem riscos à saúde humana”.
Além da SVSA, a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação e do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (Sectics) também participou apresentando o objetivo da secretaria em reduzir a produção e uso de plásticos no Complexo Econômico-Industrial da Saúde, onde tem como ação o desenvolvimento de soluções tecnológicas em saúde baseados em materiais alternativos e substitutos ao plástico e que tem como metas a redução de pressões ambientais ligadas à extração de recursos de produção, consumo e desperdício, a redução da produção e demanda por plásticos.
João Vitor Moura
Ministério da Saúde
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