Ministra da Gestão e presidente do BNDES defendem fortalecimento das parcerias com a China
“A coordenação entre Brasil e China é fundamental para garantir um caminho de desenvolvimento sustentável”, disse a ministra Esther Dweck, em evento no Rio
Em um mundo em transição, o fortalecimento das parcerias entre Brasil e China é fundamental para que o mundo caminhe para uma nova governança global, mais justa, inclusiva e verde, defenderam a ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, e o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, na abertura da conferência internacional “Governança global e cooperação China-Brasil”, realizada nesta segunda-feira, 14 de outubro, no Rio de Janeiro. Co-organizada pela Academia Chinesa de Ciências Sociais (CASS), Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI) e Colégio Brasileiro de Estudos Avançados, Universidade Federal do Rio de Janeiro (CBAE-UFRJ), a conferência marca o 50º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas entre China e Brasil.
A ministra Esther Dweck destacou os múltiplos desafios que o mundo vive, onde tensões geopolíticas, mudanças de paradigma tecnológico e ascensão da inteligência artificial convivem com profundas desigualdades, preocupações com a segurança alimentar e com a crise climática. “A coordenação entre Brasil e China é fundamental para garantir um caminho de desenvolvimento sustentável, enfrentar as crises econômicas globais e promover reformas na arquitetura financeira internacional. As dimensões econômica, social e ambiental do desenvolvimento precisam de uma abordagem integrada, em que a modernização produtiva abra caminho para a transição verde, garantindo que nenhuma pessoa seja deixada para trás nesse processo”, defendeu Esther Dweck.
Esther Dweck ressaltou que o comércio bilateral de Brasil e China ultrapassa US$ 150 bilhões, tendo crescido 21 vezes desde a primeira visita do presidente Lula à China em 2004. “No entanto, nossa relação vai muito além dos interesses comerciais; a parceria entre o Brasil e a China é estratégica e de suma importância no atual contexto global”, reforçou. Ela listou os temas prioritários estabelecidos pelo Brasil para a presidência do G20 em 2024, que têm apoio da China, e envolvem o combate à fome, à pobreza e à desigualdade, as três dimensões do desenvolvimento sustentável (econômica, social e ambiental), e a reforma da governança global.
“A atual governança global, contudo, encontrou inúmeras barreiras para fornecer respostas eficazes a esses desafios descritos acima. Precisamos de soluções inovadoras, bem como de novas vozes e lideranças na arena global. O Sul Global é uma força emergente e os BRICS são um bloco consolidado e em expansão capaz de liderar uma nova fase da governança global”, defendeu. Formado até 2023 por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, o grupo dos BRICS agora também é integrado por Egito, Irã, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Etiópia.
Como ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos do Brasil, Esther também falou da importância da troca de experiências entre a China e o Brasil na construção de capacidades institucionais estatais, na modernização de políticas públicas e no aprimoramento da governança.
O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, lembrou que a parceria entre Brasil e China se torna agora ainda mais relevante do que foi na última década, quando o país asiático se tornou o principal parceiro comercial do Brasil. Em um mundo com guerra no Oriente Médio e no Leste europeu e com crescente disputas comerciais, nas quais os países ricos voltaram a impor diferentes tipos de barreiras ao comércio e ao desenvolvimento do países emergentes, reforçar o Sul Global é fundamental, bem como adotar uma estratégia que combine defesa comercial e maior integração às cadeias globais de valor. E nesse mundo, lembrou, é preciso ainda ter claro que apenas em conjunto será possível enfrentar a emergência climática. A China, ponderou, tem feito crescentes investimentos no Brasil em energias renováveis e indústria verde.
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