Nível do Rio Negro, em Manaus, é o menor em 122 anos de monitoramento
Cota chegou, nesta sexta-feira (4), à mínima histórica de 12,66 m, segundo o Serviço Geológico do Brasil (SGB)
O Rio Negro registra a menor cota da história em Manaus (AM). Nesta sexta-feira (4), chegou à marca de 12,66 m – a menor já observada desde o início do monitoramento em 1902, ou seja, em 122 anos. Os dados foram divulgados pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB). De acordo com as projeções, os níveis podem reduzir ainda mais nos próximos dias.
“O processo de vazante do Rio Negro deve ainda continuar ao longo do mês de outubro até que a onda de cheia se estabeleça. Temos observado que a intensidade das descidas têm diminuído. Saímos de um patamar de descidas de 23 cm por dia para 14 cm diários e 11cm, nesta sexta”, explica o gerente de Hidrologia e Gestão Territorial da Superintendência Regional de Manaus, Andre Martinelli.
O pesquisador reforça que só após ser iniciado o processo de enchente no Rio Solimões é que será possível sentir os efeitos em Manaus. No dia 26 de setembro, a estação de Tabatinga (AM) registrou a mínima histórica de -2,54 m e depois retomou as elevações, mas com oscilações. Nesta sexta (4), a cota observada em Tabatinga foi de: -1,99 m. Em Manacapuru (AM), o Solimões ainda segue em processo de vazante e registrou 2,42 m nesta sexta.
O valor da cota abaixo de zero não significa a ausência de água no leito do rio. Esses níveis são definidos com base em medições históricas e considerações locais, sendo que, mesmo quando o rio registra valores negativos, em alguns casos ainda há uma profundidade significativa.
Eventos críticos extremos
A última década tem sido marcada por eventos extremos na Bacia do Rio Amazonas associados às mudanças climáticas, como detalha o coordenador nacional dos Sistemas de Alerta Hidrológico do SGB, Artur Matos: “Os anos de 2021 e 2022 foram marcados por grandes cheias, enquanto os de 2023 e 2024 por grandes secas. É um indicativo de que os extremos estão mais frequentes”.
Mínimas do Rio Negro em Manaus (AM) ao longo do monitoramento
Ordem | Ano | Cota |
1 |
2024 |
12,66 m |
2 |
2023 |
12,70 m |
3 |
2010 |
13,63 m |
4 |
1963 |
13,64 m |
5 |
1906 |
14,20 m |
6 |
1997 |
14,34 m |
7 |
1916 |
14,42 m |
8 |
1926 |
14,54 m |
9 | 1958 | 14,74 m |
10 | 2005 | 14,75 m |
Máximos do Rio Negro em Manaus (AM) ao longo do monitoramento
Ordem | Ano | Cota |
1 |
2021 |
30,02 m |
2 |
2012 |
29,97 m |
3 |
2009 |
29,77 m |
4 |
2022 |
29,75 m |
5 |
1953 |
29,69 m |
6 | 1976 | 29,61 m |
7 |
2014 |
29,50 m |
8 |
1989 |
29,42 m |
9 |
1922 |
29,35 m |
10 | 2013 | 29,33 m |
Além dos Sistemas de Alerta Hidrológico, o SGB disponibiliza aos gestores públicos o Sistema de Informações de Águas Subterrâneas (SIAGAS). Esse é o principal local para armazenamento de dados sobre poços do Brasil, que pode ser usado para identificar fontes de abastecimento. O SGB também realiza o mapeamento de áreas de risco geológico, identificando e caracterizando locais dos municípios sujeitos a perdas e danos por eventos de natureza geológica. Esse trabalho é uma importante ferramenta para a tomada de decisões sobre redução de riscos, prevenção de desastres e ordenamento territorial.
O monitoramento dos rios é realizado a partir de estações telemétricas e convencionais, que fazem parte da Rede Hidrometeorológica Nacional (RHN), coordenada pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). O SGB opera cerca de 80% das estações, gerando informações que apoiam os sistemas de prevenção de desastres, a gestão dos recursos hídricos e pesquisas. As informações coletadas por equipamentos automáticos, ou a partir da observação por réguas linimétricas e pluviômetros, são disponibilizadas na plataforma SACE.
Por Larissa Souza, do Serviço Geológico do Brasil
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