Nísia Trindade convoca população para Dia D de mobilização contra a dengue, neste sábado
Ministra da Saúde também falou sobre o programa Mais Acesso a Especialistas, para melhoria no atendimento à população e a redução das filas no SUS, e sobre o aumento da cobertura vacinal em crianças
Este sábado (14/12) é Dia D de mobilização nacional contra a dengue. A iniciativa do Ministério da Saúde vai unir Governo Federal, estados, municípios, agentes comunitários e de combate às endemias, profissionais da saúde e a população para reforçar as ações de prevenção e eliminação dos focos do mosquito aedes aegypti, transmissor da doença, além da zika, chikungunya e oropouche. A ação foi detalhada pela ministra da Saúde, Nísia Trindade, durante o programa Bom Dia, Ministra desta quinta-feira (12/12), transmitido pelo Canal Gov, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).
O Dia D contará com campanhas de conscientização e engajamento da população em todo o país para prevenir os focos do mosquito, fortalecendo o responsabilidade coletiva na prevenção das arboviroses.
“Neste momento é fundamental a conscientização de cada cidadã, de cada cidadão, no sentido de evitar esses focos do mosquito”
“Quero convidar todos para se somarem a esses esforços e não só nos locais onde vão se concentrar as atividades, mas cada um pode fazer o Dia D na sua comunidade, buscando sempre o reforço dos nossos profissionais, agentes comunitários, agentes de endemias, que estarão devidamente uniformizados, apoiando essa grande iniciativa. Então conto com vocês para a mobilização deste dia”, disse a ministra
Números
Em 2024, foram contabilizados mais de 6,7 milhões de casos e 5.950 mortes por causa da doença. O sistema de saúde investiga se outros 1.091 óbitos tiveram a doença como causa. Para se ter uma ideia, no ano passado, foram 1.179 mortes pelo vírus, um número cinco vezes menor.
Neste ano, Distrito Federal, Minas Gerais e Paraná foram as unidades federativas com as maiores incidências da doença. Os picos ocorreram de fevereiro a maio, quando o país contabilizou mais de um milhão de casos por mês. O pior período foi março, com mais de 1,7 milhão de registros da doença. Neste ano, o maior número de pessoas diagnosticadas com dengue foi na faixa etária dos 20 aos 29 anos de idade.
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Investimento
Em setembro, o Ministério da Saúde lançou o Plano de Ação para Redução dos Impactos das Arboviroses, com objetivo de reduzir o número de casos e óbitos por dengue, chikungunya, Zika e oropouche no próximo período sazonal. O Ministério da Saúde destinou R$ 1,5 bilhão para o controle da dengue no ciclo 2024/2025, representando um aumento de 50% em relação ao período anterior. Esses recursos estão sendo aplicados em:
- Novas tecnologias: Métodos como o Wolbachia, estações disseminadoras de larvicidas (EDLs) e mosquitos estéreis;
- Vacinação: garantia de doses para o público elegível;
- Insumos laboratoriais: aquisição de materiais para testagem de arboviroses;
- Portarias emergenciais: medidas contra surtos da doença, projetos de pesquisa e outras iniciativas.
Além disso, a pasta segue distribuindo inseticidas e biolarvicidas aos estados para potencializar as ações de vigilância e controle.
“Muitas vezes as pessoas se tocam mais com a dengue naquele momento do surto. Um eixo importante do nosso enfrentamento são novas tecnologias que já estavam em adoção em alguns municípios e estados, mas sem uma escala nacional. Todas elas com apoio do Ministério da Saúde. Então agora nós estamos trabalhando para ampliar isso. Ampliar essas tecnologias que são de controle do mosquito”, explicou Nísia Trindade.
A ministra informou que os focos do mosquito estão em 75% das casas das pessoas ou no entorno delas.
“O plano prevê prevenção, essa conscientização da população, mas também atores muito importantes são os prefeitos e prefeitas do Brasil. Porque o acúmulo de lixo urbano, focos de água em que o mosquito possa se proliferar, estão ligados à gestão das cidades. O fato de nós convivermos com dengue há 40 anos torna a doença algo já previsto. Então muitas vezes isso não dá as pessoas o senso de gravidade”, disse a ministra, ressaltando que em caso de sintomas, como dor no corpo, febre e dor atrás dos olhos, a pessoa deve procurar a unidade de saúde para as devidas recomendações e cuidados.
“Nós temos a fase que estamos agora de uma forte prevenção, controle dos focos, mas também sabemos que haverá casos de dengue. Isso é claro que haverá. E para isso nós temos que estar organizados. Então é a organização do SUS, a organização da assistência, o papel dos estados também, dos governadores, nesse processo”, afirmou Nísia
Nísia também destacou que o ministério adquiriu vacinas para públicos prioritários – mas ainda não em escala suficiente por parte do laboratório. Segundo ela, portanto, a prevenção segue sendo o caminho ideal.
A prevenção da dengue concentra-se na eliminação dos criadouros do mosquito e na proteção contra picadas. Medidas eficazes incluem:
- Eliminar recipientes que acumulam água, como pneus, garrafas e vasos de plantas;
- Manter caixas d’água e reservatórios devidamente tampados;
- Limpar calhas e lajes para evitar acúmulo de água;
- Utilizar repelentes e roupas de mangas compridas, especialmente durante o dia, quando o mosquito é mais ativo;
- Instalar telas em janelas e portas para impedir a entrada de mosquitos.
Redução de filas no SUS
Durante o bate-papo com radialistas de várias regiões, a ministra da Saúde falou sobre o programa Mais Acesso a Especialistas, que prevê a melhoria no atendimento à população e a redução das filas no Sistema Único de Saúde (SUS) para exames e consultas. Na terça-feira (10/12), a ministra anunciou a nova fase do programa, com assinatura de portarias para repasse de 30% do valor dos planos de ação aprovados para todos os estados e o Distrito Federal, equivalente a R$ 560 milhões. A meta é realizar 1 milhão de cirurgias por ano. Além disso, serão investidos R$ 2,4 bilhões em 2025 nas áreas de oncologia, cardiologia, oftalmologia, otorrinolaringologia e ortopedia. O programa teve adesão de todos os estados e 97,9% dos municípios.
“O que nós vamos promover é a redução do tempo de espera para consultas e exames de forma integrada ao trabalho na atenção primária. Então o fluxo do paciente é que muda. Ao invés de você ter que ir a uma consulta, depois ver o exame, voltar para a unidade básica de saúde, a pessoa que está em atendimento no Sistema Único de Saúde vai ter um fluxo completo desse atendimento, e foi feito a partir de planos de ação regionais, respeitando a realidade de cada estado. Nós estamos falando de tempo e de qualidade nesse atendimento”, afirmou Nísia Trindade, dando o exemplo que na área de oncologia o objetivo é reduzir para 30 dias o período entre a consulta com o especialista e o fechamento do diagnóstico do paciente.
Vacinas
No programa, perguntada sobre a oferta de vacinas Covid-19 no país, Nísia assegurou que o fornecimento está garantido. “Estamos com vacinas asseguradas para o atendimento à população. Precisamos, agora, do apoio dos profissionais de comunicação, gestores municipais e governos dos estados para intensificar o apoio ao nosso trabalho para que as pessoas se vacinem, se protejam, (principalmente) naqueles grupos já indicados. Distribuímos 1,5 milhão de doses neste mês”, disse.
Nísia Trindade aproveitou a oportunidade para celebrar os avanços no programa de imunização brasileiro como um todo. Em 2023, 13 dos 16 imunizantes do calendário nacional tiveram aumento na cobertura vacinal, incluindo a vacina tríplice viral, que protege contra o sarampo, além da caxumba e da rubéola. A cobertura da primeira dose passou de 80,7% em 2022 para 88,48% em 2023, e em 2024, até o momento, já alcançou a meta preconizada pelo Programa Nacional de Imunização (PNI) de 95%.
A ministra também destacou o aumento da cobertura em 15 das 16 vacinas recomendadas para o público infantil, sendo que 12 já ultrapassaram o percentual do ano anterior. Em três delas, o Brasil superou a meta: BCG, Poliomielite (reforço) e Tríplice Viral (sarampo, caxumba e rubéola).
"É importante esclarecer, quando nós falamos de meta de cobertura, a vacina é uma proteção coletiva. Então a nossa proteção depende da vacinação de cada um que tenha a recomendação de ser vacinado. Isso significa proteção das nossas crianças", explicou Nísia
O Brasil recebeu o certificado de eliminação do Sarampo, perdido em 2019. Este ano, deve atingir a meta de 95% de vacinados. Segundo o Unicef/OMS, o Brasil deixou a lista dos 20 países com mais crianças não vacinadas no mundo. Em 2021, ocupava o 7º lugar.
Nísia Trindade atribuiu a reversão das baixas coberturas vacinais à estratégia de microplanejamento, que leva em consideração características regionais, e ao diálogo permanente com gestoras e gestores dos estados e dos municípios.
"As vacinas estavam em queda desde 2016. A poliomielite, só para dar um exemplo, em 2022 estava com 67% de cobertura. Um índice muito preocupante. Tanto que o Brasil estava na lista dos 20 países que menos estavam vacinando. Como isso mudou? Primeiro a decisão politica da gestão do presidente Lula de combater o negacionismo em relação à ciência e às vacinas, de trabalhar firmemente nessa recuperação. Vacina é vida, como dizemos".
"Retomamos campanhas. Então é dizer que o Ministério da Saúde volta a ter o papel que tem que ter, dizer para a população 'vacina é necessária, vamos vacinar de uma forma sistemática'. Cada local no Brasil tem uma característica. Não podemos esquecer que muitos lugares você tem que ir de barco para vacinar, condições que exigem muito esforço das equipes, e muita coordenação do SUS. Então o SUS é esse sistema que nos permite isso com força também'", explicou a ministra
Para a ministra, o reforço em equipes de Saúde da Família, na atenção primária á saúde e a vacinação nas escolas auxiliaram nestes resultados.
Como consequência, Nísia Trindade informou que a vacinação contra o vírus HPV, voltada para meninas e meninos de 9 a 14 anos, aumentou 40%. O HPV é o principal causador do câncer de colo de útero.
Crescimento
No início de 2023, o Ministério da Saúde lançou o Movimento Nacional pela Vacinação, para recuperar as coberturas que estavam em queda desde 2016, e o Brasil voltar a ser referência mundial no tema. Como resultado dos avanços, em menos de dois anos, o Brasil não só reverteu a tendência de queda como registrou crescimento da cobertura.
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