Reposta a emergências sanitárias exige ação coordenada e liderança do Ministério da Saúde, diz Nísia Trindade
Ministra participou de debate promovido pelo Instituto Todos pela Saúde sobre preparação do Brasil para eventuais pandemias e desafios da atual gestão
Para a ministra da Saúde, Nísia Trindade, a pandemia de Covid-19 – que deixou mais de 700 mil pessoas mortas no Brasil - trouxe uma lição importante para as instituições de governo: não há como agir frente a emergências sanitárias sem governança, ações coordenadas e, sobretudo, lideradas pelo Ministério da Saúde.
Nísia Trindade defendeu esse posicionamento nesta segunda-feira (2/12), durante roda de conversa promovida pelo Instituto Todos pela Saúde, com objetivo de discutir preparação e resposta a emergências no Brasil. O debate também reuniu ex-titulares do Ministério da Saúde. Trindade participou virtualmente.
“Em uma situação de emergência, o papel do governo e da sociedade se faz dos mais prementes. Mais do que uma nova estrutura, defendo um programa de articulação e de preparação e resposta para futuras emergências sanitárias que envolva todo o governo, e que tenha ações de saúde coordenadas pelo Ministério da Saúde”, ressaltou.
Na roda de conversa, Trindade citou o posicionamento do Brasil à frente do Grupo dos 20 (G20), em que, segundo ela, em várias oportunidades, o país defendeu a necessidade de aumento da capacidade da autonomia frente à oferta de insumos e tecnologias em saúde. De acordo com a ministra, isso faz toda a diferença em um cenário de epidemia ou pandemia, sobretudo, nos países em desenvolvimento.
Na oportunidade, a ministra também discorreu sobre os impactos da pandemia de Covid-19 a longo e médio prazo e anunciou que, em breve, o Ministério vai publicar os resultados da Epicovid 2.0 , inquérito nacional para avaliação da real dimensão das sequelas da doença na população. Os resultados vão nortear novas ações da pasta para assistência à população.
Desafios da gestão
No debate com os ex-ministros, perguntada sobre os desafios enfrentados em sua gestão, Nísia Trindade citou como dois dos maiores a reconstrução do Sistema Único de Saúde (SUS) e a retomada das coberturas vacinais no contexto pós-pandemia.
Segundo Trindade, o êxito do trabalho de no controle dos índices de imunização com as principais vacinas vem da recuperação do papel do Ministério da Saúde como autoridade sanitária nacional. “Tivemos conquistas importantes, a exemplo da recertificação do Brasil como país livre do sarampo e da rubéola ”, destacou.
A ministra também elencou que um dos problemas que têm enfrentado é a consequência das mudanças climáticas para a saúde da população. Citou como exemplo o caso das enchentes no Rio Grande do Sul e, em outro extremo, a grave seca na Amazônia. Trindade foi além, citando a disseminação dos casos de dengue no Brasil como outro fator consequente das alterações climáticas.
Para o caso da dengue e outras arboviroses , Nísia Trindade citou aos colegas como reação o trabalho de fortalecimento da rede de vigilância epidemiológica, o investimento na atuação dos agentes comunitários de saúde e os de combate a endemias e o lançamento de um plano para enfrentamento da dengue no período 2024-2025. O recurso reservado para essa ação é de R$ 1,5 bilhão.
A ministra da Saúde também disse que sua gestão tem buscado fortalecer a importância de instituições nacionais, como Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e o Instituto Evandro Chagas, segundo ela, uma referência em pesquisa sobre doenças de transmissão viral.
A chefe do Sistema Único de Saúde ainda reservou um momento para falar da emergência sanitária no território Yanomami . “Está é uma emergência com características próprias, causada por desassistência da gestão anterior. Não podemos dizer que ela se concluiu, mas podemos dizer que estamos numa nova etapa”, disse, informando que houve avanços.
Nísia concluiu destacando que, agora, Ministério da Saúde foca na proximidade com estados e municípios na tomada das decisões, por meio da Comissão Intergestores Tripartite (CIT) , que reúne Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e Conselho Nacional de Secretarias municipais de Saúde (Conasems).
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